Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

segunda-feira, 19 de março de 2018

Comentários Eleison DLVII (557) - Inimigos Constantes

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

17 de março de 2018


Não por muito tempo os inimigos de Deus seguirão vencendo.
Uma confiança plena n’Ele ir-nos-há fortalecendo.

      Muitos leitores destes "Comentários" – mas não todos, absolutamente – devem ficar chocados e incrédulos sempre que estes continuam referindo-se aos judeus como sendo uma das principais fontes dos problemas na Igreja e no mundo de hoje. Isto ocorre porque desde a Revolução Francesa (1789), quando os maçons emanciparam os judeus e lhes deram liberdade para ocupar todas as posições de influência na sociedade, os judeus, com seu controle progressivo da política, das universidades e dos meios de comunicação em particular, apossaram-se cada vez mais das mentes das pessoas, e usaram esse controle que lhes foi concedido por gentios incautos para persuadirem a todos de que os judeus são as vítimas e não a causa das tensões constantes entre eles e o resto do mundo.

      No entanto, na Idade Média, quando a Fé iluminou as mentes dos homens com o Caminho, a Verdade e a Vida, os Papas Católicos e os Concílios da Igreja publicaram um grande fluxo de documentos para fazer com que os cristãos se acautelassem dos truques dos judeus, e até mesmo para proibirem os cristãos, por sua eterna salvação, de associarem-se com os eles. Isso foi meramente "antissemitismo"? Em nossos dias, um professor italiano argumentou recentemente – e ele não está só – que os judeus são a força controladora dentro do Papado e da Igreja conciliar. Segue um breve resumo do argumento do professor, que pode ser encontrado na íntegra aqui.

      O neomodernismo que devasta a Igreja Católica atualmente é o modernismo condenado por São Pio X, mas com um novo elemento acrescentado: o judaísmo talmúdico. Os judeus sempre se esforçaram para neutralizar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois se Ele não é Deus, o catolicismo não é nada, e então o principal obstáculo para o domínio mundial está fora de seu caminho. Por exemplo, por que, em 2009, espalhou-se certa fúria pelo mundo por alguns comentários na televisão sueca que lançaram dúvidas sobre a existência de câmaras de gás homicidas na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial? O problema não pode ter sido apenas o Bispo que fez as observações. De fato, o alvoroço foi concebido em parte para prejudicar a tradicional Fraternidade Sacerdotal São Pio X, à qual o Bispo então pertencia, mas principalmente para forçar o Papa Bento XVI a afastar-se daquela Tradição Católica que está em consonância com a Fé da Idade Média. Assim, o Cardeal Ruini, Vicário emérito do Papa da diocese de Roma, declarou na época: "Ninguém que negue o 'Holocausto' pode ser um Bispo católico".

      O professor prossegue dizendo que um grande passo adiante para esta colocação do "Holocausto" no centro da religião católica foi dado em 1965, quando o Vaticano II declarou em seu documento Nostra Aetate que a aliança de Deus com os israelitas no Antigo Testamento ainda é válida, o que significa que a redenção por Jesus Cristo já não é mais necessária para a salvação; em outras palavras, que a Igreja Católica já não possui unicamente a Verdade completa e não é o único meio de salvação eterna. A partir disso a importância religiosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, abandonada pelo Vaticano II, foi imediatamente tomada pelos judeus e anexada ao seu "Holocausto". Por isso disse Abraham Foxman da B'nai B'rith em Nova York: "O Holocausto não é simplesmente um exemplo de genocídio, mas é um ataque quase bem sucedido contra o povo eleito de Deus; em outras palavras, contra o próprio Deus".

      Assim, para os judeus, o "Holocausto" é um evento teológico, central para a nova religião que deve ser imposta ao mundo inteiro, e ante a qual todas as outras religiões devem curvar-se, a começar pelo Catolicismo. É por isso que os Bispos católicos que questionam o "Holocausto" devem ser silenciados e banidos, e a Igreja Católica deve fazer o que seus mestres talmúdicos lhe digam para fazer. E o professor italiano conclui que os "irmãos mais velhos" conseguiram-se tornar os guardiões incontestáveis da Igreja de Cristo.

      Notem que esta tese exemplifica perfeitamente a afirmação de Tertuliano de que apenas a fraqueza dos católicos é a força dos judeus. A propaganda em favor do "Holocausto" decolou somente depois do Vaticano II. Antes do Concílio, as pessoas ainda tinham um pouco de bom senso para não acreditarem que cerca de duas vezes mais judeus do que o número de judeus que havia na Europa antes da guerra teriam sido exterminados.

      Mas "não temais, pequeno rebanho" (Lc. 12, 32). Todo católico sabe que é Deus que terá a última palavra, e não os seus inimigos. Este final catastrófico da Quinta Idade da Igreja, através do qual estamos vivendo, está preparando o maior triunfo da Igreja em toda a sua história, e pagando adiantadamente por ele, a breve Sexta Idade, ou Triunfo do Imaculado Coração de Maria. Algum tempo depois poderá vir o maior triunfo em toda a história do mundo dos inimigos de Deus, o reinado de três anos e meio do Anticristo (Jo 5, 43), ou a Sétima Idade da Igreja. Mas logo em seguida virá a última palavra para acabar com todas as últimas palavras, o Juízo Geral, que pertence a Deus, e que restabelecerá perfeitamente a Sua justiça universal.

      Kyrie eleison.

sábado, 17 de março de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 55



17 de março de 2018

      Neste número de “A Voz de Fátima” pretendendo começar uma série de artigos nos quais tecerei considerações sobre a Santa Igreja, que, se Deus quiser, terá sua continuação em números futuros indeterminados, conforme dispuser a Divina Providência.

      Feliz culpa de Adão, que nos mereceu um tal e tão grande Salvador!

      Deus só permite o mal para daí tirar um bem maior. Ele permitiu o pecado de Adão, para daí tirar o bem infinitamente maior da Encarnação e da Redenção. E, em consequência da Encarnação e da Redenção, constituiu a Santa Igreja.

      A Santa Igreja é o meio, que Deus instituiu, através do qual os homens devem participar da vida divina, primeiramente na obscuridade da Fé e depois na visão, no gozo e na posse de Deus. Essa é a finalidade para a qual foram criados todos os homens, finalidade cheia de amor (e que amor! Amor incrível! Infinito!) por cada um de nós. E não temos o direito de não querer esse dom inestimável. Seremos justamente castigados se o recusarmos.

      Poderíamos pensar que o nosso bem é o que queremos para nós. Mas nosso Pai, nosso bom Pai, nosso melhor Amigo, Aquele que se fez nosso irmão e até quer ser nosso Filho, Ele sabe que, muitíssimas vezes, o que queremos é péssimo para nós. Como alguém que tenha um filho ou um irmão ou uma mãe que não querem absolutamente vê-lo bêbado porque sabem que isso é um mal para ele. Mas ele acha que isso é bom: como ele gosta de beber até a embriaguez!… “Por que essas pessoas, que deveriam me querer bem, ficam me reprovando de fazer o que tanto gosto?” Porque sabem que isso não é bom. Assim Deus para conosco.

      Conclusão, todo homem deve pertencer à Santa Igreja para se salvar. E só se pode pertencer à Santa Igreja por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi porque Ele morreu por nós é que cada um de nós pode receber a participação de Sua vida divina, pela graça santificante.



Arsenius

terça-feira, 13 de março de 2018

Laura Raventós, jornalista tradicionalista, penetra na maldade do marxismo cultural


O marxismo é um veneno diabólico, veneno letal abrasivo e dissolvente, que aniquila as entranhas e os mesmos cimentos da Cidade de Deus. É uma antecipação do inferno, ressonância satânica do irremissível não servirei de Lúcifer, bramido desesperado que retumba nos tímpanos da eternidade.

É uma das ideologias mais perniciosas para corromper e depravar o homem. Tem semeado de escarlate e barbárie o campo da História com milhões de mortos e sacrilégios. Tem propiciado um prejuízo incalculável à cristandade, socavando de coalho suas frondosas raízes e arrastando a um número incontável de almas ao inferno. Sopro de gelo que tem murchado flores de inocência, de pureza e de virtude.
A Rússia espalhou seus erros pelo mundo, graças ao demônio que havia semeado o joio do liberalismo nos Estados outrora católicos. Hoje em dia este vírus, assentado nas democracias liberais, segue impondo sutilmente suas mefíticas ideias através do que se conhece como marxismo cultural

Entrevistamos uma especialista no tema Laura Raventós i Vilarnau, jovem andorrana especializada em Hispanismo e Tradicionalismo Católico, principalmente focado na população anglófona, como R. U. e dos EUA. Redatora no “Traditional Latin Mass Catholics” e outros meios tradicionais.


O que se entende por marxismo cultural?
A expressão clássica do marxismo tem sido a econômica, que é a colocada em marcha do aparato econômico socialista, seguindo as ideias de Marx e posteriores ideólogos criminosos como Lênin ou Mao. Ao colapsar este modelo na maioria de países em fins do século XX, o marxismo transformou-se e de forma solapada tem envenenado a cultura no mundo inteiro e com muito mais violência ao ocidente cristão. É solapado pois muitos poucos o sabem reconhecer como marxismo, mas é tanto ou mais violento e danoso que a ideologia clássica com enfoque econômico. O marxismo cultural é, pois, a colocada em marcha e vitória da ideologia liberal e judaica maçônica sobre a sociedade.

Que pessoas estão por trás e que fins perseguem?
Em primeira instância o sionismo internacional (que oficialmente se chama assim desde o século XIX), que aliado com seus títeres, em particular a maçonaria, buscam eliminar a Cristo da sociedade. Assim se propuseram desde que assassinaram vilmente a Nosso Senhor, mas de forma mais recente no século XVIII com seu primeiro e grande triunfo: a Revolução Francesa, seguido do colapso das monarquias católicas, o triunfo do liberalismo (com suas duas expressões econômicas, a capitalista e a comunista) no mundo inteiro, e por se não fosse suficiente no século XX o nefasto Concílio Vaticano II e a subsequente destruição do mundo católico. O fim é, pois, eliminar a Cristo, e com ele levar a muitas almas à sua perdição, em benefício de seu “deus”, o Demônio.

Quais são suas principais manifestações em fatos concretos?
A principal manifestação, ao menos no Ocidente, tem sido a promulgação de leis ou correntes culturais que buscam que nossa religião seja vista como algo privado que não deve pertencer à vida pública. A heresia da separação Igreja-Estado, outrora condenada pelo Papa Pio IX, é hoje uma realidade em praticamente todos os países antigamente católicos, como Espanha. De fato, hoje em dia só sobrevivem como oficialmente católicos a Argentina, Costa Rica e os microestados europeus, mas todos de forma simbólica, um arcaísmo legal, pois tem sido também consumidos pelo liberalismo e modernismo imperante em nossos tempos. Esta é a principal manifestação, o abandono da fé, pois é a porta que se abre para as outras abominações: o relativismo, a proliferação de seitas, a sodomia, o aborto o feminismo, a revolução sexual, e um sem número mais de ideias e comportamentos que buscam perverter a sociedade e fazer com que o homem esqueça seu fim primordial: servir a Deus. Curiosamente, a Virgem Santíssima advertia em Fátima que muitos se condenariam pelos pecados relacionados com a carne e são esses os pecados que mais exalta e promove o marxismo cultural, pois com mais facilidade destroem e corrompem a alma e a mente.

Por que tem tido tão boa aceitação nas sociedades liberais ocidentais?
Porque é uma ideologia relativista, onde a verdade não é universal e absoluta, mas que depende de cada um e segundo o momento. É uma verdade cômoda, onde não há pecado nem inferno, e que de fato proclamam com orgulho em seu hino “A Internacional” – é um lugar onde todos temos razão e ninguém está errado nem será julgado. Uma igualdade que não se baseia na ciência nem na lógica, senão em uma enfermidade mental, pois isso é o liberalismo uma enfermidade mental que carcome a mente pobre das massas malformadas e mal guiadas. Como ovelhas sem pastor... e é certo, pois onde estão os pastores? Apenas existem.

Como os pais podem livrar seus filhos deste veneno do marxismo cultural?
Às crianças se lhes deve ensinar fortes bases católicas, de modo que ao crescer contem com as ferramentas para detectar e aplastar a heresia. Isso só se alcançará com pais de família bem formados, e que assistam a comunidades católicas tradicionais, onde entre outras coisas se reze a Missa de sempre e se ensine a verdadeira doutrina. É a única forma. Além disso, segundo as possibilidades, deve-se afastar o máximo possível do sistema educacional liberal, usando alternativas como por exemplo a educação à distância ou em casa.

A partir de quais outras frentes se pode combatê-lo?
Já deu o maior exemplo o Papa Santo, Pio X: “Em vão construireis igrejas, pregareis missões e edificareis escolas; todas as vossas obras, todos os vossos esforços ficarão destruídos se não sabeis manejar ao mesmo tempo a arma ofensiva e defensiva de uma imprensa católica, leal e sincera” – e isso é o que falta hoje em dia, uma verdadeira imprensa católica, salvo contados meios como o de vocês. Mas faz falta mais disso e dar maior difusão e de forma mais agressiva e clara e menos politicamente correta. Os liberais têm triunfado graças ao seu aparato midiático propagandístico e o mesmo deveríamos fazer nós. Esse é o principal conselho, além claro, de nos afastarmos como da peste dos erros da igreja conciliar e nos aproximarmos mais da Roma Eterna, recuperando a Tradição Católica e a sã doutrina.

Por que há covardia em muito católicos tradicionais e não reagem ante ao que está acontecendo?
Existe covardia principalmente por duas razões. Uns temem as repercussões sociais, como o ter problemas no emprego ou em suas relações pessoais com amigos ou familiares. Outros temem o enfrentamento com as hierarquias supostamente católicas. Assim, muitos em privado criticam o mal, porém em público fazem vista grossa com o objetivo de manter seu cômodo status quo. É uma atitude muito grave, que se não for corrigida será sua própria condenação. Lembremos a Sagrada Escritura no Apocalipse. “posto que és tíbio, e não frio nem quente, te vomitarei de minha boca”. E o mais grave é que não se trata de casos isolados, se não da grande maioria, inclusive nos círculos supostamente mais tradicionalistas.

Em quais princípios sólidos se baseia para ter as ideias tão claras?
Tenho contado com o privilégio de nascer no seio de um lar católico, onde meus pais me inculcaram as bases da fé, mas quis ir mais além e instruir-me especialmente naqueles temas que concernem à salvação das almas, incluída a minha. Graças a meus bons e santos sacerdotes assim como a outros letrados de fé sólida, e apoiada em minha formação acadêmica tenho podido me aprofundar em temas de filosofia e doutrina católica, lendo e compreendendo grandes santos como Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho, e outros mais recentes como São Pio X, aos quais considero meus mestres por excelência.

Javier Navascués


Non Possumus
Adelante la Fe

Comentários Eleison DLVI (556) - Paternidade Hoje - III

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei

10 de março de 2018


O Paraíso é custoso, porém inestimável,
Ainda que meus esforços eu precise redobrar!


      O CE 553 (“Paternidade Hoje – I”, de 17 de fevereiro) atingiu um nervo. Não é de surpreender. O Diabo tem praticamente toda a sociedade em seu poder. O campo de batalha se mudou para aquelas famílias que ainda não estão em seu poder. Pais, não desesperem de Deus (que é o que o Diabo quer que vocês façam), mas meçam a medida da gravidade da situação e vejam a lógica das duas contramedidas propostas por Deus através de Sua Mãe para esta situação. Então façam o melhor que puderem e entreguem seus filhos nas mãos de Nossa Senhora.

      Muitos leitores reagiram até agora ao “Paternidade Hoje – I”, e certamente haverá mais. Um primeiro leitor lamenta que a análise do Pe. Delagneau se encaixe exatamente em sua própria família. No dia seguinte ao Natal, no ano passado, sua filha mais velha, com apenas 20 anos, virou as costas para a família, deixou o estilo de vida tradicional católico da família “de uma vez por todas”, e se entregou ao mundo com um casamento iminente, um contrato para o qual ela não está pronta. No entanto, uma centelha de esperança é que o jovem em questão não tem religião, o que significa que ele pode encontrar seu caminho para Deus com ela com mais facilidade do que se ele tivesse alguma religião! Outra centelha de esperança é sempre que a maternidade pode trazê-la de volta à realidade, como ela fez com Marya Shatova no romanece “Os Dêmonios” de Dostoievski (que viu o mundo moderno chegar).

      Uma segunda leitora, dada a precisão do retrato do Pe. Delagneau dos jovens de hoje, pergunta-se por que estes “Comentários” recomendam aos homens jovens em geral que se casem. Ela escreve que quase não há homens ou mulheres genuínos ao redor, porque “o material básico mudou”. Não seria tempo, ela pergunta, de considerar a possibilidade de que Deus deseja que mais homens e mulheres permaneçam solteiros e sofram na solidão, mas pela liberdade dos compromissos familiares terem mais tempo para a luta celibatária e para o sacrifício? No local de trabalho, ela diz que a geração crescente de trabalhadores quer dinheiro, poder e tempo livre, que eles não têm ideia, mesmo em teoria, de qualquer ethos de trabalho, e quase todos vivem em pecado, com “parceiros” ou segundos esposos ou alguma perversão ou outra coisa. “Jesus, tenha misericórdia”, conclui.

      Um terceiro leitor sugere que está certo que o Pe. Delagneau recorra aos pais, mas o que a Igreja está fazendo agora para defender as famílias? Considerando que o próprio leitor tem idade suficiente para ser capaz de olhar para trás com carinho para a década de 1960, quando sua própria mãe estava sempre em casa para cuidar dos filhos, agora ele diz que poucas famílias podem sobreviver sem que a mãe tenha que sair de casa para trabalhar, e as crianças devem ser entregues aos cuidados do estado, porque a Igreja oficial está na forca, e a Tradição Católica está distante. As condições de vida para as famílias são determinadas pelo estado, que não favorece as famílias e não tem nenhuma das habilidades da Igreja para poder ajudar com os problemas humanos de uma família. Este leitor conclui que estamos escravizados, como os judeus no Egito. Mas ele também diz que, como Deus deixou as famílias na situação de hoje, deve haver algo que elas possam fazer sobre isso.

      De fato. "Onde há vontade, há um caminho", diz o provérbio. E o Concílio de Trento cita Santo Agostinho no sentido de que Deus não pode abandonar uma alma que não o abandonou primeiro. Como disse Solzhenitsyn, a Rússia nunca teria caído no inferno comunista se não tivesse dado as costas a Deus. O Deus Todo-Poderoso permitiu o inferno para que a "Santa Rússia" voltasse para Ele. Demorou vários anos, mas esse retorno a Deus agora está acontecendo em toda a Rússia, mesmo que a conversão ainda não seja católica. Paciência. A Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria cuidará disso. "No sofrimento está o aprendizado". E agora famílias em todo o Ocidente consumista estão sofrendo intensamente. Paciência.

      Os pais precisam acima de tudo compreender a urgência da necessidade de recorrer aos dois remédios de Nossa Senhora, o Rosário e a Devoção dos Primeiros Sábados, para fazer reparação ao seu Imaculado Coração. Pois quem pode dizer que qualquer um destes remédios é absolutamente impossível? Que os pais façam um verdadeiro esforço com ambos – cinco Mistérios com os filhos, outros dez individualmente, se possível, e o que for necessário para os Primeiros Sábados; e então, como Nossa Senhora poderia abandoná-los? Não é possível!

      Kyrie eleison.

domingo, 11 de março de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 54

Mosteiro da Santa Cruz

10 de março de 2018


      Para aprofundarmo-nos cada vez mais na mensagem de Fátima, paremos para meditar algumas passagens das memórias da Irmã Lúcia como as que seguem:
      “Meus pais levavam uma vida dura e simples, mas calma e feliz” (Memória VI), “Um dia, eu vi chegar perto da porta um pobre. Eu entrei em casa e disse a meu pai: ‘Está aqui um pobre pedindo esmola’. Meu pai se levantou, foi à lareira e, com sua faca, cortou a corda de um chouriço. Pegando-o perguntou à minha mãe: ‘- Olhe! Posso dar isso a esse pobre? Isso não vai fazer falta? ’ Minha mãe respondeu: ‘ – Pode. O que damos aos pobres, nunca nos faz falta.’” (Memória V) “Cada dia, quando os sinos da igreja paroquial tocavam o Ângelus, meu pai parava o trabalho, com a cabeça descoberta, ele recitava três Ave Marias e voltava para casa.” (Memória VI).
      Que belos exemplos para serem imitados por nós!
      Referindo-se à segunda aparição do Anjo, a Irmã Lúcia diz:
      “As palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito como uma luz que nos fazia compreender quem é Deus,
quanto Ele nos ama,
quanto Ele quer ser amado por nós,
o valor do sacrifício,
quanto o sacrifício é agradável a Deus,
como Ele converte os pecadores em vista de nossos sacrifícios”( Memória IV)
      Coloquei separadamente essas frases para darmos a devida atenção a cada uma delas e, assim, procurar impregnar-nos das mesmas.
      E o Anjo indica um dos mais preciosos sacrifícios: “Sobretudo, aceitai e suportai com submissão os sofrimentos que o Senhor vos enviar”. (Memória IV).
      Nossa Senhora deseja iluminar-nos, assim, como um amor especial por Deus e pelo mistério da Santíssima Trindade: “E a luz que emana de Nossa Senhora é uma luz fortíssima, tão intensa, que, entrando em nossos corações e penetrando até o mais profundo de nossa alma, nos faz ver-nos a nós mesmos em Deus.” (cf. Memória IV)
    E para recebermos essa luz de Nossa Senhora não é necessária uma visão extraordinária como a dos pastorzinhos, mas é preciso um avanço sério na vida espiritual, que é um dever de todos nós.
E se fizermos isso, poderemos dizer com Francisco: “o que mais gostei foi ver Nosso Senhor nessa luz que Nossa Senhora nos colocou no peito. Amo tanto a Deus! Mas, Ele está tão triste, por causa de tantos pecados! Nós não devemos fazer nenhum pecado!” (Memória IV)
      Que Maria Santíssima nos ajude a alcançarmos essa graça!

Arsenius


U.I.O.G.D

quarta-feira, 7 de março de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 53

Mosteiro da Santa Cruz

03 de março de 2018


“Vox túrturis audita est in terra nostra”     
(Cant. II, 12)


      “Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará” (Nossa Senhora de Fátima, em Sua terceira aparição, em 13 de julho). E que significa esse triunfo de nossa boa Mãe do Céu, senão o triunfo do Seu Divino Filho? E que significa esse triunfo de Jesus, senão o Seu império, o Seu governo e a Sua dominação sobre todos os homens, tanto individualmente como organizados em sociedade, tanto internamente como em suas atividades externas, tanto em seus pensamentos como em suas palavras, tanto na intimidade de seus lares como em público, tanto em suas obras de arte como em suas publicações de leis civis, tanto em seu modo de estimar as coisas como de julgá-las?

      E se a Santa Igreja nada mais é que o Corpo Místico de Jesus, todos os homens, governantes e governados, desde o sumo governante que é o Papa até ao mais insignificante dos cidadãos, e todas as suas obras, realizadas em seu interior como as que realizam externamente, devem submeter-se aos ensinamentos e governo da Santa Igreja, que é a fiel transmissora da Revelação Divina e depositária da autoridade do seu Divino Fundador. E esse é o chamado Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo.

      Quando isso se realizará? Não o sabemos. O que cabe a nós, na situação em que se encontra hoje o mundo, é de, no âmbito de nossa ação e no qual tivermos alguma influência, realizarmos esse ideal em nossas próprias pessoas e nas do próximo. E isso implica necessariamente uma oposição a quase tudo que se nos oferece ao nosso redor, pois a sociedade atual está impregnada até a medula de uma multidão de coisas que se opõem a Cristo Rei. Essa atitude certamente é constrangedora e nos faz sofrer, mas nos assimila, ainda que indignamente, às santas personagens que ficaram ao pé do Calvário, as quais, sós, deram mostra de fidelidade ao nosso Divino Salvador diante da turba que vociferava com ódio contra o seu grande, maior e verdadeiramente único Benfeitor.

      O que essa atitude nos valerá? Muitos incômodos e talvez até a vida presente, mas nos premiará com a eterna. E isso excede a todo preço.

      Que Nossa Senhora de Fátima nos alcance de Seu Divino Filho a graça de ficarmos ao lado Dela no Gólgota, de pé, como Ela.



Arsenius



U.I.O.G.D

terça-feira, 6 de março de 2018

Comentários Eleison DLV (555) - Defendendo Menzingen - II

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Leticia Fantin


03 de março de 2018


      Por que alguns bons homens não conseguem ver onde o mal reside?
      Quanto mais eles falham, mais a “Resistência” progride!

      Não há dúvida de que alguns leitores destes “Comentários” não estão tão interessados em ler sobre o que lhes parecem meras disputas internas entre alguns poucos sacerdotes católicos. Que tais leitores não subestimem a importância dessas “disputas”. A religião dirige o mundo porque Deus existe, e o modo como os homens se posicionam em relação a ela (a religião) governa o modo como eles se posicionam em relação aos seus semelhantes (política). A Igreja Católica dirige a religião porque desde a Encarnação de Cristo o Catolicismo é a única religião fundada pelo único Deus verdadeiro. E a Tradição Católica dirige a Igreja Católica porque esta Igreja é tão essencialmente imutável como o próprio Nosso Senhor. E por quarenta e dois anos (1970-2012) a Fraternidade Sacerdotal São Pio X esteve na linha de frente da defesa da Tradição Católica porque era a única organização católica no mundo inteiro que efetivamente resistia à modernização infiel da Igreja pelo Concílio Vaticano II. Assim, todos os homens vivos, ateus, protestantes ou conciliaristas, especialmente sacerdotes e seguidores da FSSPX, estão preocupados com o problema de infidelidade à Tradição Católica dentro da FSSPX. Leiam, minha gente!

      Outro defensor de Menzingen, o Pe. B., alistou-se nas fileiras para defender sua política de reintegração à Roma conciliar – chamá-lo-emos reconciliaristas – com um artigo na revista oficial mensal da FSSPX dos EUA. Desde que o Vaticano II separou da Verdade Católica a Autoridade Católica, que só existe para defendê-la e mantê-la, todos os católicos têm estado necessariamente mais ou menos esquizofrênicos – ou eles seguem a Autoridade e abandonam a Verdade, ou seguem a Verdade e abandonam a Autoridade, ou eles escolhem qualquer uma de uma variedade de combinações entre elas.

      O fundador da FSSPX, o Arcebispo Lefebvre, escolheu a Verdade, mas manteve tanto respeito pelos detentores da Autoridade Católica quanto era compatível com a fidelidade à Verdade, e como resultado sofreu séria perseguição e condenação da parte de todos os católicos que mais ou menos preferiram a Autoridade. Ao contrário, seus sucessores na liderança da Fraternidade estão querendo devolvê-la à autoridade conciliar, daí que a partir de 2012 a Fraternidade tem sido oficialmente reconciliarista. Por essa mudança da FSSPX, da Verdade de seu fundador para a Autoridade conciliar, eles preencheram a Fraternidade de esquizofrenia, causando um movimento de “Resistência” contra seu “reconciliarismo”.

      Durante a maior parte de seu artigo, o Pe. B. é católico em seus princípios, mas no fim é reconciliarista na aplicação destes. Assim, talvez para ajudar na reeleição do atual reconciliarista Superior Geral da Fraternidade, em julho, ele ataca a “Resistência”, não por sua adesão à Verdade, que é um ponto forte, mas por seu desprendimento da Autoridade Católica, em Roma e em Menzingen. Desta maneira, o Pe. B. diz, em relação a Roma, a “Resistência” existe em função de sua própria “facilidade e conveniência”, sob risco de ignorar o Papa e não reconhecer sua autoridade; em relação a Menzingen, está recusando o respeito e a obediência devidos; e ao criticar cada palavra pronunciada pelo Superior Geral, está semeando suspeitas e bloqueando os canais da graça.

      Mas, Reverendo Padre, entre seus princípios católicos, o senhor mesmo reconhece a primazia da Fé. Mas, ora, o Vaticano II foi um desastre para a Fé ao tentar colocar o homem moderno no lugar de Deus. Assim, conciliarismo e reconciliarismo são ambos desastrosos, e ambos – os oficiais de Roma e o atual Superior Geral da Fraternidade – serão devidamente julgados. O problema não é a “Resistência”, que não “ignora” o Papa e certamente não está procurando sua própria facilidade e conveniência, porque é altamente desconfortável para os católicos serem privados de todo o apoio reconhecido da parte dos oficiais católicos supracitados. Assim, a “Resistência” não está nem caindo em “uma atitude cismática por si só” nem bloqueando os canais da graça. O problema é que o Concílio causa cisma, o Concílio envenena os Papas, e o Concílio sufoca a graça de Jesus Cristo. Se algo da verdadeira Fraternidade quiser sobreviver, o atual Superior Geral não deve ser reeleito, nem substituído por outro reconciliarista.

Kyrie eleison.

Sermões: 2º Domingo depois da Epifania (2018)



Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX
II Domingo depois da Epifania (2018)

      O Evangelho de hoje nos fala do casamento, o qual é a união entre Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja. Que imenso mistério, Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja, unidos para a eternidade. Que o homem não separe o que Deus uniu. Ninguém poderá separar Nosso Senhor Jesus Cristo de sua Igreja, nem o Anticristo, nem os modernistas.

      Ora, um fato ocorrido em nossa paróquia servirá para aprofundarmos o conhecimento na contemplação deste mistério, se Deus nos fizer esta grande graça. Toda crise, toda heresia, todo erro é ocasião, para a Santa Igreja, de aprofundar o dogma, e aprofundando o dogma, aprofundar o conhecimento e o amor de Deus, ou seja, aprofundar-se na fé e na caridade, bem como na esperança dos bens que Deus nos prometeu.

      Mas qual foi o fato ocorrido em nossa paróquia que nos leva a falar da Igreja?

      O fato foram as missas que meu sobrinho, o Pe. Tarcísio, rezou na capela São Miguel. Estas missas foram para mim motivo de alegria e de tristeza.

      Alegria por ver o Tarcísio subir ao altar depois de uma longa preparação iniciada, em parte, aqui em nossa paróquia, aqui em nosso mosteiro. Contente pelo Pe. Tarcísio, que mereceu sua ordenação pelos anos de estudo realizado no seminário Nossa Senhora Corredentora, em La Reja, na Argentina, seminário da Fraternidade São Pio X.

      E a tristeza, qual é ela? É a de ver os superiores do Pe. Tarcísio, ou seja, os superiores da Fraternidade São Pio X, tomarem uma direção diferente da indicada por Dom Lefebvre no combate da fé. Como a acusação é grave, vejamos, pois, qual foi a orientação dada por Dom Lefebvre e depois comparemos esta orientação com o que faz a Fraternidade, arrastando os novos sacerdotes nesta mesma nova orientação.

      O que disse, e mesmo escreveu, Dom Lefebvre? “É um dever estrito para todo sacerdote que queira permanecer católico, o de separar-se desta Igreja conciliar enquanto ela não regressar à Tradição da Igreja e da fé católica”. Alguém pode se perguntar: “Mas que Igreja conciliar é essa? Só existe uma Igreja, não existem duas Igrejas!”. É aí que começam nossas reflexões.

      A reflexão sofrida dos combatentes, dos confessores da fé a respeito de nossa Mãe, a Santa Igreja. E quem são os mestres que seguiremos nessas reflexões? Eles são Dom Lefebvre, Dom Antônio de Castro Mayer, Père Calmel, Gustavo Corção e toda a Tradição da Igreja, com seu Magistério infalível e também, entre os vivos, Dom Williamson e Dom Faure.

      A crise atual obriga a aprofundar as verdades reveladas, obriga a aprofundar as palavras mesmas pelas quais a Santa Igreja exprime o dogma revelado.

      O que nós desejamos é conhecer, amar e defender esta união entre Jesus Cristo e a Igreja, para discernir onde está nosso dever para com Deus, para com nós mesmos e para com o próximo.

      Duas Igrejas? Num certo sentido, sim. Duas Igrejas, e como dizia Santo Agostinho, duas cidades.

      Dois amores constituíram duas cidades. O amor de Deus levados até o desprezo de si mesmo constituiu a cidade de Deus. E o amor de si mesmo levado até o desprezo de Deus constituiu a cidade do homem.

      Que a Igreja conciliar seja a religião do homem levada até o desprezo de Deus é evidente. Todo mundo pode constatá-lo.

      Paulo VI declarou a simpatia da Igreja (que Igreja?) pela religião do homem que se faz Deus. Isto está no discurso do encerramento do Concílio Vaticano II. Todos que desejarem podem encontrá-lo sem dificuldades. Este escândalo sem precedentes foi comentado por Dom Lefebvre e todos os grandes autores da Tradição.

      Mas não é só isso. O desprezo por Deus se manifesta primeiramente na liturgia. Comunhão de pé e na mão. Supressão de inúmeras genuflexões. Desprezo pela lei de Deus e seus mandamentos. Não é preciso enumerar o que todo mundo já está cansado de saber. Mas que significa isto?

      Isto significa que estamos diante de uma outra Igreja com sua nova liturgia, sua nova moral, seu novo Direito Canônico, sua nova espiritualidade.

      Esta nova Igreja é completamente outra? Na sua orientação, sim. Ela é totalmente outra. Ela está a serviço da cidade do homem que leva o falso amor de si mesmo até o desprezo de Deus.

      Mas e o Papa? É ele Papa de qual Igreja? Ele, por mais estranho que isto seja, ele é Papa das duas Igrejas. Ele é Papa da Igreja católica e ele é o chefe da Igreja conciliar. Logo, estas duas Igrejas estão ligadas? Pelo espírito que as anima, não. Pela ocupação efetiva dos cargos que pertencem à Igreja, sim. Elas estão entremeadas uma na outra.

      Mas se assim é, por que não assumir essa realidade e conviver com essa dificuldade? Porque não convém estar debaixo da autoridade daqueles que não professam a integridade da fé católica. Não são os inferiores que fazem os superiores, mas sim o contrário. São os superiores que influenciam os inferiores.

      Se o Papa Francisco, se Bento XVI, se o Cardeal Burke, ou qualquer outro membro da Igreja conciliar viesse aqui para pregar, isto seria um desastre.

      Mesmo se os fiéis já impregnados de modernismo, se eles viessem em multidão em nossas missas, isto não seria bom. Aos poucos o liberalismo destes progressistas se comunicaria a nossos fiéis.

      Mas isto não é um espírito de seita?

      Não. Isto é espírito de separação.

      O católico é um homem separado do mundo. Ele está no mundo, mas ele não é do mundo. Ora, se nós podemos estar com todos no ônibus, no mercado, no dentista, nós não podemos estar com todos na hora de oferecer a Deus o Santo Sacrifício da Missa.

      Na Igreja primitiva, os catecúmenos deviam sair da igreja antes do ofertório, antes do cânon, antes do sacrifício. Os que receberam a ordem menor de porteiro devem impedir a entrada na Igreja dos indignos.

      Há, pois, sim, um espírito de separação em relação ao mundo. O progressismo, o modernismo é aberto ao mundo, ao demônio e à carne. A Tradição é fechada ao mundo, ao demônio, à carne e ao modernismo. Isso é espírito de seita? Não, isto é espírito católico. Quem não entende é talvez por que já começou a não ser católico.

      “Mas recusando estar unidos ao Papa, os senhores não estão recusando o canal pelo qual passam todas as graças que vem de Nosso Senhor?”. Recusando estar unido aos papas conciliares, nós não estamos recusando a união com a hierarquia que Nosso Senhor instituiu. Nós estamos apenas dizendo: Anátema seja quem ensinar outro Evangelho, como nos ensinou a dizer São Paulo.

      “Mas então os senhores não querem e não procuram uma normalização da situação em relação a Roma?”. Quem está em situação anormal não somos nós, mas a Roma modernista.

      Quando Roma voltar à Tradição do Magistério da Igreja e da fé católica, serão eles que virão a nós e não nós que iremos a eles.

      “Isso não é orgulho?”. Não, isso é a verdade.

      “Mas a questão canônica tem de ser resolvida?”. Quando Roma voltar à Tradição do Magistério da Igreja e da fé católica, não haverá questão canônica. Nós poremos nosso episcopado nas mãos do Santo Padre, como nos ensinou Dom Lefebvre.

      “Mas os senhores esperarão de braços cruzados o fim da crise?”. Muito pelo contrário. A Resistência reza, estuda, prega, batiza, crisma, confessa, administra a Extrema-unção, realiza matrimônios e ordena sacerdotes e oferece o Santo Sacrifício do altar e dá a Santa Comunhão. Eis aí a Igreja. Igreja perseguida pelos modernistas que excomungaram Dom Lefebvre e canonizaram João Paulo II.

      “Mas a Fraternidade, no fundo, pensa como os senhores”, dirão talvez alguns. Queira Deus que sim, mas temo que isto seja uma doce ilusão.

      Todos os fatos ocorridos desde os anos 90 até hoje indicam que há duas correntes na Tradição: a corrente dos que querem uma aproximação diplomática com Roma e a corrente dos que não querem aproximação com Roma, a não ser se Roma regressar à Tradição do Magistério da Igreja e da fé católica.

      A corrente diplomática, que podemos chamar de liberal, é uma corrente que minimiza a crise atual. A quem perguntava a Corção se ele esperava ver ainda o fim da crise, ele respondia: “Não. Não tenho esperança senão de ver a Igreja triunfante”. Corção era então um pessimista? Não. Corção era realista. Dom Lefebvre também não esperava uma rápida mudança. Ele dizia: ‘Preparai-vos para um combate de longa duração”. Mas então, esta crise durará ainda quanto tempo? Só Deus sabe o quanto durará esta crise. Não nos foi dado saber o futuro e isso não deve nos preocupar. Nosso dever é agir corretamente e deixar o resto nas mãos de Deus.

      Penso que agimos corretamente com o Pe. Tarcísio. Penso que estamos agindo corretamente expondo as razões de nossas vivas apreensões. O resto está nas mãos de Deus. Se alguém se perturba com a ideia de que nós não somos católicos ou que nossa posição é cismática, eu diria: Onde está Nosso Senhor e Nossa Senhora aí está a Igreja. Onde está a Pascendi e o Syllabus, aí está a Igreja. Onde está o desejo de se submeter a Roma quando ela regressar à Tradição do Magistério e da fé católica, aí está a Igreja. Onde está o amor de Deus até o desprezo de si mesmo, aí está a cidade de Deus.

      Apesar de nossa indignidade, esperamos obter a graça de aí viver e morrer. Assim seja.

Dom Tomás de Aquino O.S.B.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Comentários Eleison DLIV (554) - Paternidade Hoje - II

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

03 de março de 2017



      Não é pouco o que vocês podem fazer, pais:
      O natural, o físico e o humano, não os percam de vista jamais.

      Esperamos que os pais que leram aqui na semana passada sobre a questão de se sabem o que exige a paternidade atualmente, não tenham se sentido como se estivessem sob acusações. Eles estão sob forte pressão de todo o ambiente que circunda seus filhos, e quando as almas estão sob pressão, Deus não exige que elas façam o impossível, mas apenas o que quer que lhes seja possível fazer. Assim, na Carta à segunda das sete Igrejas da Ásia, correspondente à Idade dos Mártires da Igreja (Ap 2, 8-11), o Venerável Holzhauser explica que se os católicos de Esmirna não recebem do Espírito Santo nenhuma repreensão ou censura, como ocorre com cinco das outras sete Igrejas, é porque os católicos sob perseguição precisam de encorajamento, e não de críticas.

      E Deus sabe que os pais que se esforçam para salvar as almas de seus filhos estão sob perseguição, ainda não sangrenta, mas muito poderosa. Pois, quando os homens estão, por exemplo, voltando-se para a IA (Inteligência Artificial) para fazer de um robô o seu deus, então estão perdendo não só o Deus verdadeiro, mas toda noção da diferença entre uma máquina e um ser humano, sem falar da diferença entre homem e mulher ou entre pais e filhos. Como um ambiente em que há confiança na IA para garantir o seu futuro poderá propiciar alguma compreensão ou simpatia pela família tal como Deus a projetou?

      Como um leitor me escreveu, o comunismo oriental tratava brutalmente qualquer um que não estivesse andando na linha, mas pelo menos o inimigo da salvação era reconhecível, enquanto o que se poderia chamar consumismo no Oriente ou no Ocidente é bastante mais sutil – em vez de brutalizar, simplesmente marginaliza, fazendo com que enquanto os verdadeiros católicos sejam "anormais", as crianças desejem ser "normais", com smartphones, como todas as outras crianças, etc. O consumismo brilha com suas luzes coloridas, e, assim, as crianças estão sendo transformadas em robôs descerebrados, inteligentes o suficiente para manipularem a tecnologia e as máquinas, mas sem nenhuma ideia das questões humanas essenciais, porque não são ensinadas a ler, nem a ler nas entrelinhas, como se fez sob o comunismo, e são privadas de todas as ferramentas do pensamento. Uma geração de marionetes androides está crescendo ao nosso redor.

      Então, em contraposição ao que os pais não podem fazer, o que eles podem fazer para colocar seus filhos no caminho do Céu (será a livre escolha das crianças mais tarde se elas permanecerem ali)? Em primeiro lugar, algumas noções básicas. Deus existe, e Ele quer salvar todas as crianças, e para todos nós Ele dá a ajuda de Sua Mãe e a dos invisíveis mas poderosos Anjos da Guarda que estão do lado de todos os pais verdadeiros. Em casa, que essas realidades sobrenaturais façam parte da vida cotidiana, e que a vida cotidiana seja sobrenatural, mesmo que o senso comum dos pais impeça que as crianças sejam afastadas por um excesso artificial de religião.

      Então, no plano natural, deem a seus filhos tanto tempo quanto vocês achem que eles precisam. Que o amor seja expresso e soletrado assim: T-E-M-P-O. Para que as crianças se tornem humanas elas precisam ser formadas por seres humanos, não por máquinas. E os formadores naturais das crianças são seus pais, que têm uma enorme influência natural sobre seus filhos, caso eles apenas a usem, em vez de abdicarem dela. Estabeleçam refeições familiares regulares ao redor da mesa, e nas refeições, falem. Provérbio chinês: "Instrua seus filhos na mesa, sua esposa no travesseiro". Falem sobre política, especialmente a diferença entre a realidade e o que os meios de comunicação apresentam como realidade. Advirtam as crianças para terem cuidado fora de casa, mas digam-lhes a verdade sobre o “onze de setembro” e sobre a grande farsa (entre cinco e sete milhões). Sim, contem-lhes sobre isto assim que eles forem capazes de entender (não antes), para que possam perceber o mundo de mentira no qual Deus nos colocou para viver, como um justo castigo por nossa apostasia. Adicionem sempre a dimensão religiosa, porque está sempre lá, e os filhos precisam entender que o que importa é Deus. Mas não apenas por piedade – Nossa Senhora de Fátima promove tanto o Rosário como a Consagração da Rússia.

      Então, de modo mais prático, tirem o que puderem de aparelho eletrônico de dentro de casa. Ensinem aos filhos por que vocês não estão permitindo a televisão ou smartphones sob o seus tetos, e se vocês não podem ficar sem a Internet, ensinem-nos porque estão sob o bloqueio e a chave físicos (não apenas eletrônicos). E coloquem as mãos deles para trabalharem: os meninos no desmonte de uma motocicleta, ou na carpintaria; as meninas na costura e na cozinha; e todas as mãos no Rosário. E em vez de televisão, experimentem todas as noites uma leitura familiar do "Poema do Homem-Deus" de Maria Valtorta (título antigo). Ridículo? Tentem. Vocês podem simplesmente passar a achar que o "Poema" é a própria resposta de Deus à televisão!

      Kyrie eleison.