Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Comentários Eleison DXLV (545) - Narrativa de Natal

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar


23 de dezembro de 2017


O modo como Deus desceu aos homens faz com que nos maravilhemos.
Elevai-nos ao Céu, ó Deus, para que seus louvores entoemos!

O seguinte momento culminante de uma narrativa decerto apropriada para a época de Natal é colocado na boca da Mãe de Deus quando ela entra novamente na gruta sagrada em Belém para descrever aos amigos que a acompanham o nascimento humano de Deus, no lugar mesmo onde aconteceu. A pessoa que escreve é corajosa, e procura descrever a cena como sendo narrada pela Mãe. Nem todos os leitores destes "Comentários" concordarão que essa tentativa tenha sido bem sucedida. Não importa. Outros leitores poderão deleitar-se com a cena, que realmente aconteceu, e deve ter acontecido de maneira parecida; e para esses leitores apresentamo-la aqui:

"Maria põe-se de pé novamente e entra na gruta: "Tudo está como estava então... Só que na ocasião era noite... José acendeu uma luz quando entrei. Então, e só então ao descer do burro percebi o quão cansada e com frio estava. Um boi recebeu-nos. Eu aproximei-me dele para sentir um pouco de calor, para descansar sobre o feno... onde estou agora, José estendeu o feno para fazer-me uma cama, e ele a secou para nós dois, Jesus e eu, na pequena fogueira feita naquele canto... porque meu esposo angélico tinha por nós o amor de um verdadeiro pai... e ele e eu, segurando-nos um ao outro pelas mãos, como dois irmãos perdidos no escuro da noite, comemos nosso pão e queijo, e então ele foi lá alimentar o fogo, tirando antes seu manto para bloquear a entrada da caverna... Na verdade ele estava velando pela glória de Deus que estava por descer do Céu. Com Jesus, permaneci no feno entre o calor de dois animais, envolta no meu manto e com a manta de lã. Meu amado esposo!... Naquele momento de ânsia para mim, em que enfrentava só o mistério de dar à luz pela primeira vez, algo sempre uma vez desconhecido para qualquer mulher, mas ampliado para mim em razão da singularidade da minha maternidade, e ainda mais pela perspectiva de ver o Filho de Deus emergir da carne mortal, ele, José, foi como uma mãe para mim, como um anjo... meu consolo... ali e sempre...

"E então o silêncio e o sono vieram envolver o Homem Justo... para que ele não visse o que era para mim o abraço diário de Deus... E começaram para mim as ondas ilimitadas de êxtase, rolando de um mar paradisíaco, elevando-me novamente às cristas luminosas, cada vez mais alto, levando-me com elas para cima, mais ainda, num oceano de luz, de mais luz, paz e amor, até encontrar-me perdida no mar de Deus, do seio de Deus... Ouvi ainda uma voz vinda da terra; "Estás dormindo, Maria?" Oh, quão longe! ... Um eco simples, chamando da terra!... tão fraco que quase não toca a alma. Eu não tenho ideia de qual resposta eu lhe dou enquanto subo, e ainda estou subindo nessa imensidade de fogo, de beatitude infinita, da presciência de Deus... até Deus, o próprio Deus... Oh, foi Jesus que nasceu de mim, ou fui eu que nasci dos esplendores da Santíssima Trindade naquela noite? Eu que dei à luz Jesus, ou foi Jesus que me aspirou para a luz? Eu não faço ideia...

"E então a descida, de Coro de anjos em Coro de anjos, de camada de astros em camada de astros; uma descida tão suave e lenta, bem-aventurada e pacífica, como a de uma flor sendo carregada no alto por uma águia que depois a deixa cair, descendo lentamente nas asas do ar, embelezada por uma gema de chuva, por um fragmento de arco-íris arrebatado do céu, e que aterrissa em seu solo nativo... E minha coroa de joias: Jesus, Jesus sobre meu coração...

"Sentada aqui, depois de adorá-Lo de joelhos, eu O amava. Por fim, pude amá-Lo sem as barreiras da carne entre nós, e daqui eu me levantei para levar-lhe ao amor do Justo, que merecia como eu estar entre os primeiros a amá-Lo. E aqui, entre estes dois pilares rústicos, ofereci-O ao Pai. E aqui Ele descansou pela primeira vez sobre o coração de José... Eu balancei-O enquanto José secava o feno ao fogo e mantinha-o quente para colocá-lo no berço do bebê; e depois, ali, adoramo-Lo, curvados diante d’Ele, assim como me curvo agora, bebendo Sua respiração, contemplando até que ponto o amor de Deus pode descer para amar os homens, chorando as lágrimas que são certamente choradas no Céu pelo gozo inesgotável de ver a Deus ".


Kyrie eleison.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Comentários Eleison DXLIV (544) - A Importância da Cultura I

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei

16 de dezembro de 2017


A cultura está morta quando Deus está “morto”.
A única esperança dela reside em Seu “renascimento”.


“Quando eu ouço a palavra ‘cultura’, vou buscar minha arma”, é uma famosa citação (muitas vezes atribuída a Reichsmarchall Göring, mas que vem na verdade de uma peça apresentada em Berlim no ano de 1933) que pode ser interpretada no sentido de que a cultura não é a fonte última dos valores que frequentemente se lhe atribuem. A palavra serve muitas vezes como uma folha de figueira que cubra a profunda apostasia do Ocidente com uma hipocrisia vergonhosa, mas de longa data, que pode tentar instintivamente alguns portadores de armas a dar-lhe fim violentamente. Um americano de nosso próprio tempo que percebe que a cultura depende da religião ou de sua ausência é Ron Austin, quem escreveu na edição de dezembro da Revista First Things um artigo sobre a cultura pop, argumentando que esta não é pop nem cultura.

Austin é um escritor e produtor veterano de Hollywood que passou quase meio século produzindo cultura pop, principalmente para a televisão. Ele é membro da Academia Americana de Artes e Ciências Cinematográficas, mas também membro da Escola Dominicana de Filosofia e Teologia em Berkeley, Califórnia, o que lhe dá pelo menos uma ideia da verdadeira dimensão da “cultura”. Por exemplo, no início de seu artigo, ele escreve: A chave para a compreensão da modernidade e de seu fracasso reside nos muitos esforços em vão para encontrar substitutos para a fé religiosa... Foi a mídia de massa que promoveu uma “cultura pop” que era a mais influente e poderosa substituta para uma visão de mundo significativa... A cultura pop, diz Austin, é um ídolo... como tal é um embuste... não é nem pop nem cultura.

Austin define o “pop” como sendo pertencente antes ao povo do que a uma elite qualquer. Admite que a cultura pop tem considerável apelo popular atualmente, mas diz que é de natureza sintética e industrial, que não deriva de um modo de vida natural ou orgânico, e por isso não é realmente popular. A “cultura” é difícil de definir, mas ela significa um modo de vida com valores compartilhados que tem os meios para expressá-la. A cultura, neste sentido, só pode crescer organicamente como uma árvore, com a velocidade natural que não pode ser forçada, e requer uma memória compartilhada com um sentido do passado, uma continuidade de significado, metas e padrões. Mas a “cultura pop” apaga o passado. Portanto, não é uma cultura verdadeira. A partir desta perspectiva, Austin recorda então as décadas de sua própria vida.

Nas de 50 e 60, ele lembra uma crescente alienação do passado pela qual a mídia de massa passou a desempenhar um papel crucial. Na década de 70 desabrochou uma contracultura de fragmentação e narcisismo, com mais entretenimento do que nunca, e com isso um crescente desapego da realidade. O meio em si estava tornando-se a mensagem, e a moralidade baseava-se na emoção subjetiva, que a mídia embalava como um produto com fins lucrativos. O entretenimento substituiu o pensamento e a análise. Na década de 80, a tentativa de restaurar valores passados falhou nos EUA, na Europa e na Rússia. Na década de 90, algumas falsas esperanças tiveram fim, mas a massa de consumidores estava mais fragmentada do que nunca. No entanto, na década de 2010 a Fé Católica dá a Austin alguma esperança. A verdadeira cultura depende de que os seres humanos sejam humanos, diz, e os humanos têm para si verdadeiros modelos: Nosso Senhor e Nossa Senhora. A verdadeira cultura será replantada, e a Luz retornará.

Austin está na pista do verdadeiro problema, mesmo que seu tratamento do problema e de sua solução seja relativamente raso, pois todo o ambiente atual, ou cultura, é perigosíssimo para as almas e sua salvação. Tornou-se totalmente normal crer ou não crer em Deus, ou se alguém crê n’Ele, não levá-Lo a sério. O passado tem pouco a dizer-nos (exceto com relação aos “seis milhões”). A imoralidade não tem importância. Não há algo como o respeito à ordem e à natureza. A tecnologia salva. A liberdade é tudo. E esta doença é altamente contagiosa, porque é muito “libertadora” para nós. Que o Céu nos ajude!


Kyrie eleison.


P.S.: Como um recurso menor para a cultura de elite do passado, no sentido verdadeiro da palavra, realizar-se-á em Broadstairs, da sexta-feira 23 de fevereiro ao domingo dia 25 do próximo ano, uma sessão de Mozart paralela à “Explosão de Beethoven” de dois anos atrás. Fornecer-se-ão os detalhes em breve.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Comentários Eleison DXLIII (543) - Milagres no NOM?

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

09 de dezembro de 2017


Os pastores humanos podem abandonar as ovelhas,
Mas Deus não o faz – a menos que elas mesmas queiram dormir.


Quando estes "Comentários" afirmaram no ano passado que em Sokulka, na Polônia, houve em 2008 um milagre eucarístico numa hóstia consagrada em uma Missa Nova (NOM), alguns católicos no mundo de língua inglesa negaram que tal coisa fosse possível. Quando se fez mesma afirmação recentemente em Paris (https://youtu.be/IgQnQhxmhH4), foi a vez de alguns tradicionalistas franceses questionarem a evidência científica aparente do milagre fornecida de forma independente naquele momento por dois laboratórios poloneses, os quais afirmaram que a amostra da hóstia em questão que lhes foi entregue veio do músculo do coração de um ser humano padecente de agudo sofrimento.

Em face de tais evidências, são possíveis duas linhas opostas de argumento. Tanto se pode argumentar sobre o veneno modernista do NOM que há impossibilidade intrínseca de Deus operar tal "milagre" no âmbito do NOM, como se pode argumentar desde a seriedade da evidência pela necessidade da possibilidade de a Nova Missa, as novas ordenações sacerdotais e as novas consagrações episcopais serem válidas (já que o Padre e o Bispo envolvidos foram ordenado e consagrado em 2005 e 1980, respectivamente). Alguns valentes tradicionalistas disputam de modo veemente as três possibilidades dentro da Neoigreja modernista.

O que é certo, pelo menos dentro da Igreja Católica, é que tais questões devem ser decididas pela doutrina e não pela emoção. A razão deve prevalecer – um exemplo: pilotar por instinto pode ser fatal para os aviadores. O que a doutrina da Igreja diz sobre a validade de um sacramento é que esta requer quatro coisas: um Ministro válido, Forma, Matéria e Intenção sacramental. O NOM pode excluir um destes requisitos ou todos eles, mas não exclui automaticamente nenhum deles. Onde todos os quatro estão presentes, a Nova Missa é válida. É por isso que Dom Lefebvre, que conhecia sua teologia, nunca afirmou que o NOM era automaticamente inválido. É por isso que o NOM celebrado em Sokulka não foi necessariamente inválido. É por isso que parece mais razoável argumentar desde a evidência do milagre do que desde a impossibilidade do "milagre" pela falsidade da evidência. Caso contrário, é necessária uma razão precisa para questionar o testemunho preciso dos patologistas.

A grande objeção permanece: como o Deus Todo Poderoso pode fazer milagres no âmbito do NOM, claramente projetado por seus criadores para envenenar gradualmente a fé dos católicos e assim destruir a Igreja Católica? A resposta deve ser que Deus não está em princípio autenticando o NOM, mas mantendo sua possível validez para não abandonar tantas ovelhas católicas que ainda assistem a ele com relativa ignorância e inocência em relação ao veneno; e, portanto, Ele está basicamente alertando as ovelhas e os pastores, para que se lembrem de que Ele mesmo está presente sob as aparências do pão e do vinho.

Quando se tem em mente a doutrina católica pela qual o NOM pode ser válido; quando se traz à memória os dizeres de São Paulo dizer segundo os quais qualquer um que participe indignamente da Sagrada Eucaristia é "réu do Corpo e do Sangue do Senhor" (I Cor. XI, 27-39); e quando se vê quão generalizada na Neoigreja é a falta de respeito pela Presença Real, então, vemos imediatamente o quão necessária para a salvação de muitas almas pode ser uma advertência como o milagre em Sokulka. O pároco mesmo dá testemunho de como aumentou o nível de fé e da prática católica em toda o entorno daquela região.

Mas o objetor insiste: como poderia Deus permitir que um tal rito envenenado da Missa seja válido?


Resposta: Ele não tira o livre arbítrio dos homens, mas permite-nos em larga escala fazermos o que queremos. Neste caso, os neomodernistas queriam (e ainda querem) um Rito da Missa que seja envenenado o suficiente para matar a verdadeira Igreja em longo prazo, mas ainda católico o suficiente para enganar, no curto prazo, católicos ignorantes e inocentes que ainda confiam no que seus pastores dizem, como, por exemplo, que o NOM é o "rito Ordinário” da Igreja. O NOM nunca teria obtido aceitação na Igreja Universal se tivesse sido óbvio desde o início que era automaticamente inválido.


Kyrie eleison.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Sermões: 24º Domingo depois de Pentecostes (2013)


Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.


PAX
XXIV Domingo depois de Pentecostes (2013)


Ao terminar o ano litúrgico, pois com este domingo se termina o ano litúrgico, a Santa Igreja põe diante de nossos olhos os acontecimentos que marcarão o final não só de um ano, mas o final de todos eles, o final de todos os tempos, ou seja, o juízo final e o começo da eternidade, eternidade que será bem diferente para uns e outros conforme as ações de uns e de outros. Os bons terão o Céu e os maus irão para o Inferno. Tanto o Céu como o Inferno são eternos. Quem entrar no Céu jamais sairá de lá. Quem entrar no Inferno também jamais sairá de lá.
Ora, tanto a epístola como o Evangelho de hoje insistem na necessidade de conhecermos a vontade de Deus sobre nós. Por esta razão, nós vamos iniciar no próximo domingo os dias de formação para todos os nossos fiéis. Todos são convidados a almoçar aqui e teremos conferências de formação no 1º domingo de cada mês.
Mas por que temos necessidade desta formação se no domingo já temos o sermão e o catecismo? A resposta está no Evangelho de hoje. Vejamos, pois, o que diz o Evangelho:

“Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando virdes no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, quem ler entenda. Então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; e o que se achar no terraço não desça para buscar coisa alguma de sua casa; e o que estiver no campo, não volte para tomar sua túnica”. Façamos uma pausa.

Nosso Senhor fala aqui de dois acontecimentos ao mesmo tempo. Dois acontecimentos que têm uma mesma causa. Quais são estes dois acontecimentos e qual é esta causa comum? A causa é a recusa de crer em Nosso Senhor. Mas comecemos pelos acontecimentos e depois examinaremos melhor esta causa que é comum aos dois, razão dos domingos de formação que queremos fazer.
Nosso Senhor fala aqui da destruição do templo de Jerusalém e, ao mesmo tempo, da destruição, se possível fosse, da Santa Igreja.
O primeiro acontecimento marca o fim do reino de Israel e dos antigos sacrifícios prescritos por Moisés e que eram realizados no templo de Jerusalém. Este templo foi destruído no ano 70 quando Tito, general romano, cercou Jerusalém e venceu os judeus, matando cerca de um milhão de judeus. Pouco tempo depois o imperador Adriano acabou de destruir o que restara do templo e expulsou os judeus da região da Palestina, os dispersando pelo mundo.
Nosso Senhor prediz estes acontecimentos e aconselha aos fiéis partirem dali antes que estes acontecimentos se realizem, dando-lhes os sinais necessários para partirem antes da destruição de Jerusalém.
Entre estes sinais, Nosso Senhor fala da “abominação da desolação posta no lugar santo”. Lugar santo era o templo de Jerusalém. A abominação da desolação são os símbolos do paganismo dentro do templo, como fez Pilatos pondo os símbolos dos romanos dentro do templo de Jerusalém e como fizeram os imperadores romanos em sinal de desprezo pelo templo. Estes símbolos eram os estandartes e as estátuas dos romanos que simbolizam as doutrinas dos pagãos que consideravam os imperadores romanos como deuses. Eis aí o primeiro acontecimento predito por Nosso Senhor.
Nosso Senhor prediz não só o acontecimento, mas explica o que acontecerá antes dele para alertar os fiéis, para que eles fujam de Jerusalém antes de sua destruição, como Ló foi avisado para sair de Sodoma antes da destruição desta cidade.

Passemos agora ao segundo acontecimento predito por Nosso Senhor. Nosso Senhor prediz aqui o que acontecerá no fim do mundo. Ele nos diz as mesmas palavras: “Quando virdes no lugar santo a abominação da desolação… então fujam para os montes…” Que lugar santo é este senão a Santa Igreja Católica Apostólica Romana? Que abominação da desolação é esta?
Santo Hilário nos diz que a abominação da desolação é o Anticristo. Por que tem ele este nome? Por que ele ensinará o contrário do que Nosso Senhor ensinou. Assim como Nosso Senhor Jesus Cristo veio nos ensinar a verdade, o Anticristo virá ensinar a mentira.
Mas quem é o Anticristo? É ele uma pessoa, ou um grupo de pessoas ou uma situação geral de desorientação diabólica devido à perda geral da Fé? Três possibilidades:

Ou o Anticristo é uma pessoa, um homem, o homem de pecado, um homem que se entregará totalmente ao demônio;
Ou então é um grupo de homens que dominarão o mundo, levando-o a repudiar totalmente o Cristianismo;
Ou então é uma situação geral em que todas as nações se voltarão contra Nosso Senhor Jesus Cristo e contra a Sua Santa Igreja.

Qual destas possibilidades é a verdadeira? Provavelmente as três.
Assim como Nosso Senhor teve profetas que anunciaram e preparam sua vinda, assim o Anticristo terá e já tem os seus profetas que preparam a sua vinda.
Um grupo de homens preparará a vinda do Anticristo criando uma situação favorável para o seu domínio sobre as nações e finalmente ele virá. Logo, as três possibilidades se completam:

O Anticristo é
1 – a apostasia geral
2 – um grupo de homens e
3 – um homem.

Escutemos São Paulo nos descrever estes acontecimentos que a Santa Igreja propõe hoje à nossa consideração.
“Ninguém de modo algum vos engane, porque isto não será [ele fala aqui do fim do mundo e do Juízo Final] sem que venha antes a apostasia [apostasia consiste no abandono da fé católica] e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se oporá e se elevara sobre tudo o que se chama Deus ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus.
Não vos lembrais que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E vós agora sabeis o que é que o retém, a fim de que seja manifestado a seu tempo. Com efeito, o mistério da iniquidade já se espera, somente falta que aquele que agora o retém, desapareça”.
Antes de continuar, digamos uma palavra sobre este impedimento do qual fala São Paulo. Algo impede o Anticristo de aparecer e de reinar. Algo o retém. O que é este algo?

Muitas hipóteses já foram levantadas. Eis duas delas que me parecem muito prováveis.
Esta barreira, este impedimento, eram as nações católicas, eram os estados pontifícios, onde o Papa era protegido pelos reis e pelo seu próprio reino pontifício. Era o poder político protegendo o papado.
Hoje o poder político é contra a Igreja. Já não existem nações oficialmente católicas. O obstáculo, a muralha protetora foi derrubada, o Anticristo pode aparecer. Ele não encontrará um exército para defender a Igreja conta seus ataques.
A segunda hipótese é a doutrina. A doutrina da Fé, a doutrina revelada, a Tradição. Enquanto Roma mantiver a Tradição, o Anticristo não pode reinar, porque os católicos unidos ao Papa como no tempo de São Pio X são um impedimento à sua aparição e ao seu domínio sobre o mundo. São Pio X e os papas até Pio XII retiveram o Anticristo, pois a Verdade é um obstáculo ao Anticristo, que só pode reinar através da mentira.

Podemos pensar que Dom Lefebvre e Dom Antônio fizeram o mesmo e retiveram o Anticristo porque mantiveram a Tradição.
A Fé católica é o impedimento. A Fé católica professada pelos bispos e pelos papas. Mas se os papas e os bispos abandonam a Fé católica, o caminho fica livre para o Anticristo. Mas como seria possível os papas e os bispos abandonarem a Fé católica? Isto é obra do liberalismo.
O liberalismo é a mais perigosa de todas as heresias. Liberalismo e modernismo são duas heresias gêmeas. Elas são como um monstro de diversas cabeças. Elas penetram na vida e na alma dos católicos de mil maneiras diferentes que vão desde a televisão e a calça comprida para as mulheres até à revolução litúrgica que destrói a missa e as fontes da graça na Igreja, passando por todas as heresias ensinadas hoje nos meios modernistas.

Mas continuemos a escutar São Paulo: “E então se manifestará esse iníquo (a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá com o resplendor da sua vinda); a vinda dele (isto é, do Anticristo) é por obra de Satanás, com todo o poder, com sinais e prodígios mentirosos e com todas as seduções da iniquidade para aqueles que se perdem, porque não abraçaram o amor da verdade para serem salvos”.
“Por isso Deus lhes enviará o artifício do erro, de tal modo que creiam na mentira, para serem condenados todos os que não deram crédito à verdade, mas se comprazeram na iniquidade.”

Logo, caríssimos irmãos, nós vemos muito claramente que tanto a destruição do templo de Jerusalém como a vinda do Anticristo têm a mesma causa: o desprezo da verdade, o desprezo e abandono d’Aquele que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se nós quisermos salvar nossas almas, nós temos que amar e viver na Verdade. “Porque”, diz Nosso Senhor, “haverá grande aflição, qual nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem haverá jamais. E se esses dias não fossem abreviador, ninguém se salvaria: mas por causa dos eleitos, estes dias serão abreviados”.
Que aflição é esta da qual fala Nosso Senhor? É o desprezo da Verdade, é o abandono da Fé católica, é o abandono dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, é o abandono da Tradição, é o modo de pensar e o modo de viver dos quais Nosso Senhor está ausente. É o liberalismo difundido pela maçonaria como preparação da vinda do Anticristo, que será o pai da mentira como o é o demônio, do qual o Anticristo será o filho espiritual por excelência, o discípulo.

Amemos, pois, a Verdade. Amemos nossa Mãe Santíssima, ela que venceu e sempre vencerá o demônio em todas as batalhas, ela da qual está dito: “Feliz és tu que venceste todas as heresias em todo o mundo”.
Quem ama a Virgem Maria jamais será enganado e se cair em algum erro não será por muito tempo, pois ela o retirará rapidamente, pois um filho de Nossa Senhora jamais se perderá.

Que cada um de nós examine sua vida, que cada um de nós se pergunte se não está pactuando com os precursores do Anticristo pelo seu procedimento, pela sua vida, suas conversas, suas diversões e se ver que deve se corrigir, que o faça, pois o tempo é breve e o machado já está para cair sobre a raiz, e nossa vida para ser cortada, e o dia do Juízo para chegar para nós em particular e para o mundo inteiro no Juízo Final.

Que Nossa Senhora nos obtenha a salvação, eis a graça que desejo a todos nós. Assim seja.


Dom Tomás de Aquino O.S.B.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Comentários Eleison DXXXIX (539) - Comandos de Menzingen

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

11 de novembro de 2017


A Providência manteve a Fraternidade em segurança?
Ao bloquear muitas tentativas de se juntar a Roma!


      Os leitores desses "Comentários" não são de modo nenhum favoráveis à crítica das palavras e ações do QG de Menzingen da Neofraternidade Sacerdotal São Pio X. No entanto, há muitos que veem que assim como o Arcebispo Lefebvre estava, para o bem da Igreja Católica, plenamente justificado ao tomar sua frutuosa posição contra o naufrágio do Concílio Vaticano II, assim está-se hoje plenamente justificado, pela mesma salvação das almas, a criticar em público o deslize dessa Neofraternidade para os braços do clero da Roma conciliar. A edição de junho do jornal interno de Menzingen para os sacerdotes da Fraternidade, "Cor Unum", publicou outra dura justificativa para esse deslize. Menzingen é obstinado. Menzingen deve ser corrigido, em público.

      Segue em itálico um resumo fiel de alguns dos principais argumentos, que podem ser verificados (em francês) na internet, no site Résistance catholique francofone :: Cor Unum juin 2017.

      Dom Lefebvre fez com que as relações da Fraternidade com Roma estejam reservadas somente ao Superior Geral(SG).

      Isto se deu porque ele sabia que não poderia confiar que os sacerdotes sob sua autoridade entendessem a extrema necessidade de prudência para lidar com os oficiais romanos. O presente SG prova o quão certo ele estava.

      O Capítulo Geral de 2006 autorizou as autoridades da Fraternidade a expulsarem qualquer sacerdote que discordasse de suas políticas em público – "Este aviso deve ser levado a sério".

      Foi assim que Paulo VI "expulsou" Dom Lefebvre. Será que Menzingen percebe a quem está imitando? E quanto aos sacerdotes que votaram em 2006, será que previram aonde levaria essa autorização para tais expulsões?

      Não importa quão bons sejam os argumentos discordantes, a desacordo público sempre prejudica o bem comum.

      Dom Lefebvre prejudicou o (verdadeiro) bem comum da Igreja por discordar durante duas décadas das autoridades? A verdade é a suprema medida de autoridade, especialmente na Igreja Católica, e não o contrário!

      Dom Lefebvre salvou a Igreja ao formar sacerdotes de acordo com a Tradição Católica.

      Não exatamente. Formar bons sacerdotes foi sua maneira de salvar a Fé Católica. Mas os sacerdotes que agora estão sendo formados por Menzingen para acompanhar os Romanos conciliares correm o risco de não salvar nem a Fé nem a Igreja.

      O Arcebispo sempre reconheceu, e queria que os sacerdotes da Fraternidade reconhecessem, as autoridades da Igreja, tanto antes como depois de consagrar os quatro bispos em 1988.

      Sim, mas em 1988, depois que os romanos demonstraram de uma vez por todas que não guardariam da Fé, sua atitude em relação a eles mudou radicalmente: "Até agora, a diplomacia; mas, a partir de agora, a doutrina", disse ele, como Menzingen bem sabe; mas Menzingen simplesmente não vê a importância da doutrina como o via o Arcebispo.

      Exatamente. Os dissidentes de Menzingen estão fazendo de questões de prudência, assuntos de Fé.

      Não. Submeter católicos crentes aos Romanos Conciliares – ou seja, descrentes –, é diretamente uma questão de Fé.

      Mas como esses romanos poderão converter-se se os católicos crentes da Fraternidade recusarem-se qualquer contato com eles?

      Como os católicos podem conservar a Fé se estiverem submetidos a modernistas contagiosos, ainda mais se são inconscientemente perigosos?

      Mas nem tudo na Igreja oficial de hoje é Conciliar. Isto inclui os conservadores, que gostam de nós.

      Mas os conservadores não têm poder. Todo o poder em Roma está nas mãos dos maçons, que são inimigos amargos e resolutos da Tradição Católica, da Igreja de Nosso Senhor, de Nosso Senhor e de Deus. E tudo na Igreja oficial está sendo levado finalmente na direção Conciliar, especialmente pelo Papa Francisco.


      Kyrie eleison.


Comentários Eleison DXXXVIII (538) - Islã Real

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei

04 de novembro de 2017


“A realidade está lá fora – ESCUTEM-ME!”
“Sem chance! O Islã é doce, e mais doce não poderia ser.”


      Quando a Grã-Bretanha tinha um Império, seus administradores estavam em contado direto com povos, raças e religiões em todo o mundo, e eles podiam falar destes por experiência própria. Hoje, em geral, os governantes da Grã-Bretanha têm apenas o seu liberalismo e a sua ideologia irreal, e é por isso que poucos deles sabem do que estão falando. O Pe. Henry Boulad, pelo contrário, é um padre jesuíta da velha escola nascido há 86 anos em Alexandria, no Egito, de uma antiga família cristã síria do Rito Melquita, antigo professor de Teologia no Cairo, Superior dos Jesuítas em Alexandria e dos Jesuítas no Egito, com, obviamente, uma experiência direta ao longo da vida sobre o Islã e os muçulmanos. Os ataques terroristas na primavera passada em duas igrejas cristãs no Egito levaram-no a dar uma entrevista na França e a escrever um livro a partir do qual adapta-se as seguintes observações. Ele seguramente sabe do que está falando!

      “Acuso o Islã, mas não os muçulmanos individualmente, que são as primeiras vítimas do Islã. Decidi denunciar a fonte do terrorismo: a principal fonte do radicalismo islâmico no mundo é a Universidade de Al-Azhar” no Cairo, Egito, onde a ideologia mortal é ensinada como a doutrina oficial do Islã. Acuso a Universidade de Al-Azhar no Cairo, supostamente a encarnação do islamismo moderado, de criar um espírito de fanatismo, intolerância e ódio em milhões de estudantes e clérigos muçulmanos que vêm de toda parte para receber uma formação em seus institutos. Por este meio, Al-Azhar torna-se uma das principais fontes de terrorismo em todo o mundo.

      Acuso o próprio Islã e não apenas o “extremismo islâmico”, porque o Islamismo é, por natureza, tanto político como radical. Há 25 anos, escrevi que o Islamismo é meramente o Islamismo despojado, em toda a sua lógica e rigor. Planeja uma sociedade visando a um califado mundial baseado na lei da Sharia, que é a única lei que considera legítima, como vinda de Deus. É um plano que toma todo o globo, que inclui tudo e é completamente totalitário. Acuso de mentirosos deliberados todos aqueles que fingem que os crimes cometidos pelos muçulmanos “não têm nada que ver com o Islã”. Estes crimes são cometidos em nome do Corão e seguindo suas claras instruções. O simples fato de que o chamado muçulmano para a oração e o chamado para matar os que não são muçulmanos são precedidos pelo mesmo grito “Allah-ou Akhbar” (Deus é grande), é altamente significativo.

      Acuso os eruditos muçulmanos do século X pela promulgação dos decretos, agora irreversíveis, que levaram o Islã ao seu atual estado petrificado. O primeiro desses decretos cancelou todo tipo de precedência para os versos do Corão de Meca, que chamam por paz e harmonia, e deu prioridade aos versos de Medina, que exigem intolerância e violência. Promulgaram-se dois decretos adicionais para tornar irreversível este primeiro decreto: o Corão foi decretado como palavra incriada de Allah, e portanto é imutável; e qualquer outro esforço de interpretação está proibido, pois foi declarado que “a porta de ijtihad (reflexão) está fechada de uma vez por todas”. A sacralização destes três decretos fossilizou o pensamento muçulmano e contribuiu para a manutenção dos países islâmicos em um atraso e estagnação crônicos.

      Acuso o Decreto “Nostra Aetate” do Vaticano II por lançar um diálogo inter-religioso destinado a ser aberto, acolhedor e compreensivo com os muçulmanos, porque durante 50 anos não demos um passo à frente, e agora estamos estagnados. O diálogo com um xeque de Al-Azhar terminou com a sua proclamação de que “todos os cristãos vão para o Inferno”. Nada se move, assim como nada se moveu nos últimos 11 séculos. Diálogo sim, mas quero um diálogo baseado na verdade. A caridade sem verdade não vai a lugar nenhum.”

      Acuso a Igreja Católica de perseguir um diálogo com o Islã com base na complacência, na realização de compromissos e na duplicidade. Depois de 50 anos de iniciativas unilaterais, os monólogos da Igreja não levaram a lugar nenhum. Ao dar lugar ao “politicamente correto”, fingindo que o diálogo não deve ofender os muçulmanos porque devemos “viver juntos”, todas as questões espinhosas, mas vitais, são cuidadosamente evitadas. Mas o diálogo verdadeiro começa com a Verdade. Solicitei um encontro com o Papa Francisco. Sem resposta.



      Kyrie eleison.

Comentários Eleison DXXXVII (537) - Controle de Feiticeiros?

Por Dom Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

28 de outubro de 2017


Que valor as máquinas boas ou más somam?
São as coisas que ajudam ou prejudicam a alma que contam.


      Em uma entrevista recente, o diretor-gerente da Mercedes Benz, uma empresa alemã de última geração em produção de automóveis de alta qualidade, pintou uma imagem do futuro próximo da humanidade em que o software informático prejudicará as indústrias mais tradicionais, e em que seus próprios concorrentes principais não serão mais outras empresas de automóveis, mas o Google, a Apple e a Amazon! Direito, diz ele, enfermagem, automóveis, seguros, imóveis, todos serão substancialmente afetados pelos computadores. Em 2027, 10% de tudo produzido será impresso em 3D. Em 2037, 70 a 80% dos trabalhos desaparecerão. Os smartphones baratos tornarão a educação disponível em todo o mundo, e assim por diante. Mas tais previsões dramáticas precisam ser colocadas em seu lugar, que é secundário. As máquinas são apenas máquinas, e os computadores são apenas máquinas.

      Foi desde que a Revolução Industrial estourou sobre a humanidade nos séculos XVIII e XIX que os homens começaram a perguntar-se o que as máquinas desumanas significavam para o futuro dos seres humanos. Desde então, muitos observadores sábios levantaram sérias dúvidas sobre o impacto final das invenções materialmente mais e mais maravilhosas; mas a humanidade como um todo apenas avançou, confiando que a invasão de máquinas, composta por eletrônicos e computadores, só poderia ser cada vez mais benéfica. No entanto, é um homem sábio ou feliz aquele cujo nariz está sempre enterrado em seu smartphone?

      O problema básico é que as máquinas são puramente materiais, enquanto os seres humanos são principalmente espirituais. Portanto, as máquinas mais úteis podem apenas subservir o que é primário ou mais importante na vida dos seres humanos. O homem é, de fato, composto de corpo material e alma espiritual, de modo que as máquinas materiais podem certamente servir seu corpo, mas esse corpo é meramente o portador de sua alma espiritual durante a duração da sua breve vida na Terra, e, em seguida, a alma sem graça sobrenatural arrasta o corpo até os eternos tormentos do inferno, ou a alma com a graça de Cristo levanta o corpo, normalmente através dos tormentos temporários do Purgatório, até a felicidade permanente do Céu. De qualquer maneira, seja lá o que for que o corpo tenha feito ou não para a alma durante a vida, após a morte é o estado da alma que determina o destino do corpo e não o contrário.

      No entanto, em nossos tempos terríveis, até mesmo os católicos podem perder o controle dessas realidades elementares sobre o corpo e a alma, a vida e a morte; então, passemos à música para ilustrar as limitações da matéria e das máquinas. Em um estúdio de gravação moderno pode haver dezenas de máquinas de alto desempenho e milhares de botões brilhantes, botões e mostradores que compõem máquinas sempre mais perfeitas para a gravação do quê? Para a reprodução cada vez mais fiel do som? Que som? O som de um ser humano cantando ou tocando um instrumento. E por que gravá-lo? Porque a gravação irá vender e fazer dinheiro. E por que fará dinheiro? Como a música é uma linguagem única para expressar emoções na alma humana, e seja Furtwaengler conduzindo uma orquestra clássica, ou os Beatles tocando guitarras, os músicos humanos estão por seus dons musicais expressando, através dos meios materiais de orquestra ou guitarra na linguagem material-espiritual da música, aquelas emoções espirituais que um público inteiro quer que os músicos expressem. E se os músicos não têm alma, os mais brilhantes engenheiros de gravação nunca ganharão a vida. Em toda arte humana, a mecânica é necessariamente subordinada aos artistas.

      Portanto, quanto mais espirituais são as vidas e as atividades dos homens, menos a sério eles tomarão apenas transtornos materiais em assuntos humanos, como o diretor executivo da Mercedes Benz evoca. Por outro lado, quanto mais os homens se afastarem de Deus, maiores serão os tumultos em suas vidas. Leitores, levem um Rosário espiritual em suas mãos materiais e deixem bem atrás de vocês os desastres que se aproximam de nossa "civilização" materialista.

      Kyrie eleison.


Comentários Eleison DXXXVI (536) - La Salette Aplicada

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar

21 de outubro de 2017


Nós tendemos a desejar restaurar o passado,
Mas o que cada um de nós precisa fazer hoje é manter-se abaixado.

      Todas as profecias são misteriosas, incluindo o famoso Segredo de La Salette revelado a uma menina camponesa francesa nos Alpes do leste da França em 1846. No entanto, esse Segredo segue sem dúvida os contornos gerais da Quinta, Sexta e Sétima Idades da Igreja do Venerável Holzhauser, de modo que uma grande parte do Segredo se aplica ao nosso próprio final da Quinta Idade. Aqui está um extrato substancial dessa parte do Segredo, em itálico, seguido da apresentação, de autoria de um sacerdote da Resistência, de como esse fim de Idade se parece com nosso próprio tempo. Em primeiro lugar, Nossa Senhora de La Salette:

      Haverá em toda parte prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé foi extinta, e uma luz falsa ilumina o mundo... O Vigário de Meu Filho terá muito que sofrer, porque por algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições: será o tempo das trevas; a Igreja passará por uma crise espantosa. Com a Santa Fé de Deus esquecida, cada indivíduo quererá dirigir-se por si mesmo e ser superior a seus semelhantes. Os poderes civis e eclesiásticos serão abolidos, toda ordem e justiça serão pisoteadas. Somente assassinatos, ódio, inveja, mentiras e discórdias serão vistos, não amor pelo país ou pela família... Os governos civis terão todos o mesmo objetivo, que será o de abolir e fazer desaparecer todos os princípios religiosos para darem dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a todos os tipos de vícios...

      E, em segundo lugar, um sacerdote de hoje: "A Revolução teve um enorme impacto, e em 2017 é uma tempestade que está atingindo seu clímax. Agora é hora de mantermo-nos abaixados, e ajudar-nos uns aos outros a sobrevivermos à tempestade. Isso requer um abandono total à Providência de Deus, e requer mais e mais oração e estudo para navegarmos e sobrevivermos na tempestade. De nada adianta ansiar por esse estilo de vida "católico dominical" que os tradicionalistas fizeram um grande esforço para restaurar após o terremoto do Vaticano II. Tanto a década de 1950 como a década de 1970 se foram para sempre. Por esta crise Deus está purificando Sua Igreja, que pode ser reduzida em número e em estilo de vida a algo próximo da Igreja primitiva. Os belos edifícios, relíquias, obras de arte e museus foram perdidos primeiro para os modernistas, e eles serão perdidos novamente para os muçulmanos, por causas naturais, por guerras. Vamos preparar-nos para ver toda a herança cristã desaparecer, e assim como Lot fugiu de Sodoma, vamos fugir da Roma neomodernista sem olhar para trás!

      "Há quem sonhe que, no próximo Conclave em Roma, por uma intervenção direta de Deus, seja eleito Papa aquele que é o verdadeiramente melhor dos Cardeais. Mas o que ele poderia fazer para restaurar a Igreja? Praticamente nada, a não ser oferecer a Deus todas as perseguições que lhe aconteceriam no dia seguinte às eleições. Por quê? Porque, certamente, como no caso do presidente Trump nos Estados Unidos, todo o mecanismo administrativo da Igreja ainda estaria nas mãos dos inimigos do Papa, e ele não teria bons homens para substituí-los. E mesmo que por uma série de milagres toda Roma fosse verdadeiramente católica novamente, o resto do mundo no curso atual ainda não seria praticamente inconvertível? O que agora pode impedir a humanidade de tornar-se quase totalmente desumana, antinatural, irreal? Como poderia até uma Roma convertida evangelizar os zumbis de amanhã?

      "Estamos passando por um Novo Dilúvio, o da Revolução, onde a Arca salvadora que havia sido Roma foi sequestrada pelos inimigos de Deus, e eles estão em processo de afundá-la. A Fraternidade Sacerdotal São Pio X era um bote salva-vidas, mas desde 2012 jogou uma corda em direção à arca que naufraga, e agora está unida a ela. Nós, pobres almas da "Resistência", estamos balançando para cima e para baixo nas águas, agarrando pedaços de madeira para salvar a vida. E é assim que as coisas são, e devemos encarar a realidade que nos rodeia".


      Kyrie eleison.


Comentários Eleison DXXXV (535) - Putin Fala

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar 


14 de outubro de 2017

É quando as pessoas sofrem que aprendem.
Eis por que o Ocidente terá de quebrar e queimar!

   
   Quando tudo no mundo ao nosso redor está sendo virado de cabeça para baixo, não deve surpreender-nos encontrar o Papa falando como um político comunista e o líder da Rússia falando como um Papa católico. Assim, um leitor destes "Comentários" ficou surpreso ao vê-los (5 de agosto) referindo-se à "Santa Rússia", quando, desde 1917, é a Rússia que vem espalhando seus erros em todo o mundo. Mas a "Santa Rússia" é uma expressão que se refere a um tempo muito anterior ao século XX. Refere-se à inclinação natural do povo russo para a religião. Se de 1917 a 1989 foi o leito do comunismo internacional, isto se deu apenas porque ele o serviu com um fervor religioso, porque este era – e ainda é – o messianismo do materialismo, a principal religião substituta judaica para os pós-cristãos (que só podem primariamente culpar a si mesmos).

   Mas 72 anos de comunismo causaram tanto sofrimento aos russos que eles aprenderam a lição e estão agora encontrando o caminho de volta para Deus, e por sua nação se voltar para Ele, tem merecido um verdadeiro estadista como seu líder, que é a esperança de muitas almas decentes em todo o mundo. Alguns especialistas na perfídia da Nova Ordem Mundial ainda desconfiam de Vladimir Putin, o que é compreensível, mas, como dizem os americanos, se ele fala, caminha e age como um seguidor de Cristo, então o senso comum diz que ele é um seguidor de Cristo. Leia aqui uma versão (tirada de uma legenda de vídeo) de um discurso seu há quatro anos na Rússia, e julguem vocês mesmos se sua visão de mundo não é cristã:




Outro desafio para a identidade nacional russa está ligado aos acontecimentos que observamos fora da Rússia. Eles incluem política externa, moral e outros aspectos. Vemos que muitos Estados do Euroatlântico tomaram o caminho de negar ou rejeitar suas raízes cristãs que constituem a base da civilização ocidental. Nesses países, a base da moral e de qualquer identidade tradicional está sendo negada  as identidades nacionais, religiosas, culturais e até mesmo sexuais estão sendo negadas ou relativizadas. Lá, a política trata uma família com muitas crianças como juridicamente igual a uma parceria homossexual  a fé em Deus é igualada à crença em Satanás. Os excessos e os exageros do "politicamente correto" nesses países levam as pessoas a considerarem seriamente a legitimação de partidos políticos que promovam propaganda da pedofilia.

   As pessoas em muitos Estados europeus estão realmente envergonhadas de suas afiliações religiosas e estão até com medo de falar sobre elas. Feriados e celebrações cristãs são abolidos ou recebem nomes neutros, como se houvesse vergonha dessas festas cristãs. Assim, o valor moral mais profundo dessas celebrações está sendo escondido. E esses países tentam forçar esse modelo para outros países. Estou profundamente convencido de que viver dessa maneira levará diretamente a cultura a ser degradada e levada de volta a uma condição primitiva. E isso torna a crise demográfica e moral do Ocidente ainda mais profunda. Hoje, quase todos os países desenvolvidos do Ocidente não podem sobreviver reprodutivamente, nem mesmo com o aumento de população pela imigração. Que prova mais clara da crise moral no Ocidente poderia haver que essa incapacidade de reproduzir-se?

   Sem os valores morais que estão enraizados no Cristianismo e outras religiões do mundo, sem as regras e os valores morais que foram formados e desenvolvidos ao longo de milhares de anos, as pessoas inevitavelmente perdem a dignidade humana. Quanto a nós mesmos, pensamos que é correto e natural defender esses valores morais provenientes do Cristianismo. Devemos respeitar o direito à autodeterminação de cada minoria, mas ao mesmo tempo não pode e não deve haver qualquer dúvida sobre os direitos da maioria.

   Ao mesmo tempo em que observamos essa decadência em nível nacional no Ocidente, em nível internacional observamos a tentativa de unificar o mundo de acordo com um modelo unipolar, relativizar e remover instituições de direito internacional e soberania nacional. Em um mundo assim tão unipolar unificado, não há lugar para os Estados soberanos, porque tal mundo exige apenas vassalos. Da perspectiva histórica, tal mundo unipolar significaria a rendição da própria identidade e da diversidade criada por Deus.


   Kyrie eleison.

domingo, 8 de outubro de 2017

Comentários Eleison DXXXIV (534) - A Fé é Crucial

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei
07 de outubro de 2017

Deus quer que somente na Verdade eu creia,
Quando Ela é subvertida as almas podem perder-se.


      A grande lição ensinada pelo Arcebispo Lefebvre (1905-1991) aos católicos que tiveram ouvidos para ouvir é que a Fé é superior à obediência. A triste lição que aprendemos desde então é que a obediência continua sendo mais enaltecida do que a Fé. Estes “Comentários”, que a confusão de hoje faz com que continuamente tenham de voltar ao básico, vêm tentando muitas vezes explicar por que a Fé deve vir em primeiro lugar. Uma nova tentativa de um ângulo ligeiramente diferente não será demais.

      Todo ser humano vivo na Terra – e não apenas os católicos! – tem uma alma imortal sem a qual não estaria vivo. Essa alma não foi produzida em massa, mas foi criada individualmente por Deus, do nada, para que seja feliz com Ele no Céu para sempre. Ela é a parte mais importante da natureza humana; por isso pertence à ordem natural, não sendo em si mesma sobrenatural, mas chegará ao Céu sobrenatural de Deus se fizer reto uso de sua faculdade natural de livre-arbítrio para cooperar com a graça sobrenatural de Deus. Sua graça não faltará, seja qual for a forma em que Ele opte por oferecê-la, porque quer que todas as pessoas vão para o Céu (I Tm II, 4). A questão passa a ser, então, a seguinte: que cooperação humana é necessária – e não apenas dos católicos – para chegar ao Céu?

      A Fé é, sem dúvida, a base dessa cooperação. O Concílio de Trento chama Fé “o princípio da salvação”, e a Palavra de Deus diz que “sem a fé é impossível agradar a Deus” (Hb XI, 6). Muitas vezes nos Evangelhos, quando Nosso Senhor realiza um milagre, Ele diz que é a recompensa da “fé” dos interessados, por exemplo Mt XV, 28 (cura da mulher cananeia), Mc X, 52 (visão para um cego), Lc VII, 50 (conversão de Maria Madalena), e assim por diante. No que então consiste essa “fé”, e por que ela é tão preciosa para Deus e, portanto, para as almas?

      Distingamos imediatamente duas realidades, diferentes, mas conectadas: a qualidade subjetiva da fé na alma, pela qual alguém sobrenaturalmente crê, e o corpo objetivo de realidades sobrenaturais, objetos da Fé Católica, em que o católico crê. Para distingui-las, devemos empregar na primeira um “f” minúsculo, e na segunda um “F” maiúsculo. Que elas são distintas é óbvio: um homem pode perder sua fé (subjetiva) sem que se produza a menor mudança na Fé (objetiva).

      Duas coisas tornam-se claras então. Em primeiro lugar, a fé que salva uma alma é essa qualidade subjetiva da pessoa que Nosso Senhor elogia e recompensa nos Evangelhos. Ele não elogia ou recompensa um corpo objetivo de verdades. Por outro lado, em segundo lugar, a qualidade subjetiva da fé é determinada ou especificada pela Fé objetiva. Não estou salvo, não mereço ser elogiado ou recompensado por crer em qualquer absurdidade tola. A mulher cananeia não creu em nenhuma tolice, ela certamente creu na vontade e em algum poder divino de Nosso Senhor. Aquilo em que ela creu era não só sobrenatural, ou algo que estava acima dos poderes meramente naturais do sua mente para entender e acreditar, como verdadeiro. E, provavelmente, assim que os Apóstolos começaram a estabelecer, logo após a ascensão do Senhor ao Céu, as verdades básicas em que um seguidor de Nosso Senhor deve crer, ela ficou feliz por ter sua fé subjetiva focada e especificada, ou determinada, pela então emergente Fé objetiva.

      Em outras palavras, a Fé objetiva focaliza essa fé subjetiva sem a qual nenhuma alma é salva. Portanto, os clérigos que manipulam a Fé objetiva estão colocando em perigo a salvação eterna das almas. Se, então, a fé subjetiva é de valor inestimável, assim o é a Fé objetiva. Esta deve vir primeiro.

      Kyrie eleison.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Comentários Eleison DXX (520) - Antecedentes do Matrimônio



Por Dom Richard N. Williamson
1º de julho de 2017

Elias obrigou os Israelitas a escolher.
O Concílio ou o Deus verdadeiro – qual recusarei?


      Em razão do pecado original, não é fácil manter um homem e uma mulher unidos no casamento até que a morte os separe, mas este foi o projeto original de Deus para os seres humanos desde o início da Criação, o qual permanece. No entanto, no momento em que Ele instituiu a Lei do Antigo Testamento através de Moisés, teve de fazer certa reserva para o divórcio, "por causa da dureza dos corações dos homens" (Mt. XIX, 7-8). Mas não era assim que Deus queria que o casamento fosse, e, então, quando Nosso Divino Senhor instituiu o Novo Testamento, por um lado aboliu todo o divórcio, enquanto, por outro lado, fez do casamento um dos sete canais especiais da graça santificadora, um dos sacramentos sobrenaturais, para que todas as almas que entram em Sua Igreja tenham acesso a uma ajuda sobrenatural especial na união de seus casamentos.

      Também não estão simplesmente o homem e a mulher envolvidos em seu casamento. A educação adequada das crianças exige tanto o pai (biológico) quanto a mãe (biológica), e normalmente exige que os dois permaneçam juntos para fornecer um lar completo e estável. Além disso, a saúde da sociedade como um todo exige que as crianças saudáveis possam crescer como adultos saudáveis. Assim, se a cristandade já alcançou alturas sem precedentes de civilização, foi em muito devido, se pensarmos nisso, à força do casamento católico. Seguir-se-ia que o Diabo está constantemente atacando o casamento natural e católico como um meio importante para ele de quebrar a cristandade e de enviar todas as almas para o inferno.

      Em nosso próprio tempo, o fracasso da cristandade pelo enfraquecimento da Igreja deu um grande passo adiante com o Vaticano II (1962-1965). Antes desse Concílio, as anulações católicas do casamento eram estritamente regulamentadas. Elas não eram divórcios, porque tinha de ser provado na frente de juizes eclesiásticos que por algum motivo sério o contrato de casamento tinha sido inválido desde o início, de modo que um casamento válido nunca tivesse ocorrido. Mas desde o Concílio, esse rigor tem vindo a abrir caminho para o laxismo, de modo que, a partir de exceções, anulações se tornaram em alguns países a regra, isto é, trata-se de "divórcio católico". Portanto, quando o Arcebispo Lefebvre fundou sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X para resistir à decadência conduzida pelo Vaticano II, naturalmente sua Fraternidade evitou anulações fáceis e fez tudo o que pôde para ajudar os casais católicos na sociedade dissolvente de hoje a estabelecer um casamento no qual se mantivessem unidos.

      Infelizmente, os sucessores do Arcebispo à frente de sua Fraternidade vêm trabalhando há 20 anos de maneira disfarçada, mas tenaz, para se juntarem à Igreja Conciliar, abandonando sua resistência ao Vaticano II. Isto significa que quando há três meses o Papa conciliar autorizou os bispos conciliares a delegar seus sacerdotes conciliares a participar ativamente dos casamentos celebrados dentro da Fraternidade, por um lado, a sede da Neo-Fraternidade saudou a decisão como um excelente presente de Roma, anunciando que esta decisão papal alteraria a prática matrimonial da Fraternidade, enquanto, por outro lado, sete sacerdotes seniores no Distrito Francês da Fraternidade protestaram publicamente contra a interferência conciliar de Roma na prática católica. A sede rebaixou prontamente todos os sete contestadores e também demitiu o autor do protesto.

      Assim, a guerra entre liberalismo e catolicismo aumenta. Três dos sete contestadores mantêm sua posição. Em resumo, como um deles escreveu, qualquer bispo conciliar pode agora enviar um sacerdote a um casamento da Fraternidade – e como um tal sacerdote será enviado de volta, depois de ter sido tão bem recebido pela sede? Ou o bispo pode recusar um padre – mas isso é apenas um afortunado acidente, deixando intacto o perigoso princípio da interferência conciliar. Ou o bispo tem permissão para delegar um sacerdote da Fraternidade – mas isso é susceptível de dar origem a qualquer Priorado da Fraternidade aos casamentos tanto conciliares como não conciliares, com relações falsas, para não dizer, em guerra, entre os dois. O conciliarismo e o catolicismo não podem ser misturados nem reconciliados um com o outro.

      Kyrie eleison.