Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sábado, 23 de julho de 2016

Comentários Eleison CDLXXI (471) - Academia Diagnosticada


Por Dom Richard Nelson Williamson
Tradução: Cristoph Klug
23 de julho de 2016


Se a Academia hoje carece de rima e razão
É porque os homens da Igreja cometeram traição.



Quando sua Excelência perguntou como estudante de História, se estava de acordo com o senhor em que a fenomenologia agnóstica condenada na Pascendi é a maior e única chave para entender a cena moderna, concordei brevemente. Logo me perguntei como os homens, especialmente os eruditos, puderam tomar seriamente a insensatez de que a mente não pode conhecer nada mais além dos fenômenos, ou aparências. E lembrei como, pelo fato de estar sentado em classes da Universidade pelos últimos três anos e meio e escutando cuidadosamente a alguns brilhantes professores que parecer ter senso da realidade, e a outros muitos que não, comecei e me perguntar por que alguns têm um grande senso de razão e outros com os mesmos ou semelhantes Títulos de Doutorado, têm adotado essas ideias selvagens e irracionais. Permita-me que lhe dê a resposta deste observador da cena acadêmica desde há muito tempo...

Depois de haver refletido um pouco, ocorreu-me que os professores mais lógicos eram católicos, porque eles podem ser conservadores no melhor dos casos, mas têm uma visão realista do mundo. As ideias e conceitos que ensinam são, em sua maioria, sensatas. Por outro lado, os ensinamentos da maioria dos professores são dúbios, confusos e insensatos. Eles professam ideias estranhas e bizarras e as respaldam com meias verdades. Adotam quase qualquer noção que esteja em moda como o Aquecimento Global ou Mudança Climática (a nova “Evolução”) e a mostram como verdade. Seu raciocínio por trás destas noções é insensatez pura e não resiste à menor análise. Comecei a me perguntar como podem estes homens eruditos serem tão ignorantes? Após muito pensar, cheguei à conclusão do que estou seguro de que seja a verdadeira resposta.

Dado que os professores que são mais sensatos são homens que ao menos se esforçam por ser católicos, parece razoável pensar que eles possuam algo que os pagãos não têm. Antes da revolta de Martim Lutero, a maioria dos acadêmicos ou homens eruditos eram católicos que usavam sua razão e possuíam senso comum, e por isso a maioria ensinou e creu na mesma verdade. Quando Lutero fez estragos na Igreja também fez estragos nos clérigos eruditos e professores universitários. Em particular, sua nova religião eliminou o Sacramento da Confirmação pelo qual sabemos que os católicos recebem os sete Dons do Espírito Santo, quatro dos quais são para a mente: Ciência, Sabedoria, Entendimento e Conselho. Todos os quatro agora estão ausentes nos agnósticos professores de hoje. Estes bem podem ser pessoas bem educadas, eruditas, mas não podem fazer uso de seu conhecimento de uma maneira razoável ou aplicá-lo à realidade. Como Pio X disse, eles desenvolvem fantasias e as mostram como verdadeiras e, mais ainda, convencem-se a si mesmos que eles são brilhantes quando de fato estão chafurdando em ignorância. Eles são o culto do 2+2=5! E orgulhosos dele.

Nesta teoria, a destruição atual da academia proviria do abandono por parte de Lutero do Sacramento da Confirmação e às universidades da Europa tornando-se cada vez menos católicas. Eventualmente foram desatados milhares de professores no mundo da academia, que foram educados além de sua habilidade para raciocinar. Carecendo de Sabedoria, Entendimento, Ciência e Conselho em seu sentido mais elevado como Dons de Deus, eles desenvolvem nas universidades a panóplia de erros de hoje ou “-ismos”. Por exemplo, afirmar que o Aquecimento Global destruirá o homem e o mundo é pura insensatez; mesmo assim é ensinado e crido nas universidades modernas como se fosse 2+2=4. E estas ideias venenosas são engolidas pela juventude ingênua nas Universidades como se fossem pão fresco, especialmente a ideia de que a Verdade é meramente o que cada um de nós acredita que é, e que se dane a Razão.

Então, acontece que quando o Vaticano II escolheu seguir os passos de Lutero ao abandonar a Tradição e ao “renovar” o sacramento da Confirmação de uma maneira tal para ameaçar sua validade, os Católicos também fizeram perigar os Dons do Espírito Santo e perderam correspondentemente a habilidade para raciocinar, porque a Confirmação da Neo-Igreja tem agora simplesmente por propósito torná-los “melhores Cristãos”.

Kyrie eleison.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Da Murmuração e da Calúnia

Via Devotae Animae - Ipatinga/MG
 

Murmurar é descobrir sem necessidade as faltas ou vícios do próximo.

Sem necessidade, dizemos, nem para bem público, nem para bem particular, porquanto se torna as vezes preciso divulgar certos males, ainda com prejuízos e desonra de quem o fez, v.g. declarando-os aos pais, mestres ou mais superiores, para que ponham cobro aos desmandos do seus inferiores, e preservem os mais do contágio e outros prejuízos eminentes. Fora esses casos excepcionais, lembremo-nos que nem todas as verdades se dizem.

Caluniar é imputar ao próximo defeitos ou culpas que não tem.
Inventa, pois, o caluniador perverso, e propala falsidade contra a honra do próximo, a quem rouba cruelmente a fama, que é dos bens o mais precisos: crime, pois, mais odioso que o precedente, já que fere a um tempo a verdade, a caridade e a própria justiça.

Tanto este como aquele pecado da língua designa-se com o nome de Detração. A Detração, em geral, é a difamação injusta do próximo ausente, por palavras ou sinais.

Arranca ou rasga o detrator a honra alheia, tira-lhe a seu irmão a fama ou reputação, difama-o. 

Para bem avaliar a gravidade deste pecado, é preciso levar em conta várias circunstâncias:
 
1º A qualidade do detrator, a posição social, o conceito de que goza de inteligente e criterioso, agravam notavelmente a ferida e o prejuízo. 
 
2º A qualidade do ofendido; se for pessoa de consideração, um sacerdote, um prelado, um magistrado, que será feito da sua autoridade e do respeito que merece? Se for um negociante, não focará desacreditado e seu negócio arruinado? Como achará emprego o criado, o operário assim difamado? Como achará arranjo uma pobre moça com o nome já mareado? 
 
3º O objeto ou matéria da detração pode ser de maior ou menor importância, mais ou menos secreto e oculto o mal que a vítima se assaca. 
 
O número e qualidade dos ouvintes. 
 
5º Os inconvenientes, as consequências, ora mais, ora menos funestas. 6º A paixão e a maldade com que se perpetra o atentado.

Muitos são os modos por que os detratores ofendem a fama do próximo.
1º Uns inventam e atribuem a outro, mal que não fez; são estes propriamente os caluniadores, execrados de Deus e dos homens, Imponens.

2º Outros exageram o mal, Augens.

3º Outros, é este o caso mais frequente, revelam misérias secretas do particulares ou das famílias, as vezes até em público raso, muitas vezes segredando ao ouvido duma ou outra pessoa: Sabe, v.m., o que dizem de fulano, de fulana...?
Fulana não é feliz com o marido, triste casal;... a moça fulana, dizem que é bastante leviana com fulano; - e que tal a ladroeira de fulano?... a fulano andam-lhe mal os negócios... Olhe, v.m., que é segredo, a mais ninguém o digo!
Ah! Segredo, e por que o não guarda? Assim o entregaria se de si se tratasse?
Que comichão de falar...oh! faísca bastante para incendiar uma vasta floresta! Malditos mexericos, malditos mexeriqueiros que acendem as inimizades e as ateiam, referindo a uns e outros o que pode provocar desuniões e rancores quase irremediáveis! Manifestans.

4º Difama-se o próximo deitando-lhe as ações a mal, atribuindo-lhes más intenções em seus atos, ora indiferentes, ora até louváveis. – Ah! Coração perverso, mede aos mais pela sua vara; seus olhos maus veem mal em tudo. 

Guarde-as para si suas interpretações malignas, que, voltando-se feitiço contra feiticeiro, perde a própria fama, e ninguém lhe acreditará nas boas intenções, já que aos mais, as nega. In mala vertens.

5º Tira-se a honra do próximo negando o bem que outros dizem dele. Ainda que não seja verdade o que se diz em louvor duma pessoa, que tem com isto o detrator? Qui negat.

6º Com a mesma injustiça diminui-se o elogio do próximo, ou se torna duvidoso o bem que lhe é atribuído. A quem louva uma bela ação, o bom procedimento, a generosidade, o zelo, o trabalho, a caridade, a fortuna, o comércio, os sucessos de um ausente, responde o murmurador: “Ora, que não há tanto assim... Nem tudo que luz é ouro!”... Não há como medir o alcance destruidor dessas e quejandas restrições. Qui minuit.

7º Os mesmo danados fins conseguem outros só com o calar-se; que há silêncio calculado e maldoso mais eloquente que as palavras. Estão a dizer mal de alguém, vós poderíeis defende-lo; em o não fazendo, cooperais a degolação desta inocente vítima. Qui tacet!

8º O louvar frouxamente pode ser, às vezes, venenosa maledicência. Ao louvar-se alguém a vista de outro, acode este com um sim tão seco, em tom de frieza, de indiferença e de constrangimento como de quem o solta contra sua opinião; tanto faz, como dizer que coisas sabe que desabonam o mérito da pessoa louvada, e é quanto basta para tudo eclipsar.
Outra manha do detrator: começa ele próprio com os encômios do ausente e, de repente: Mas! Muito homem de bem... muito boa mulher... moça muito trabalhadeira... etc.,... mas! Funesto mas! Murmuração tremenda! Disse muito uma palavra, uma palavra, um monossílabo, disse demais! Ai! Que foi isto enfeitar a vítima para degolar! Laudatque remisse.

Importa notar que para o crime de detração coopera também que assiste e escuta, que não houvera murmuradores, se não encontrassem ouvidos para atende-los.

Assim verifica-se o dizer dos Doutores que é de três pontas a língua do murmurador, e fere três vítimas a um tempo: quem fala, com quem e de quem se fala.

Entenda-se porém esta doutrina da participação voluntária, que não incorre em tão funesta cumplicidade quem, em não podendo tapar a boca maldizente ou tomar formalmente as dores do paciente, encerra-se em significativo silêncio de tristeza, de contrariedade, de distração, que basta quase sempre o rosto triste para deter a língua do maldizente, como dissipa o vento do aquilão as chuvas (Pv., 25,23).

Pior se torna e muito mais funesta e mais irremediável a detração quando perpetrada por escrito, e que será pela imprensa! Multiplica-se então os cúmplices no infinito: escritores, impressores, vendedores e leitores sem conta possível, cercam a pobre vítima como vespas peçonhentas, ou antes como assassinos implacáveis, de quem não pode escapar.

Urge-lhes os detratores de qualquer denominação a obrigação irreclinável de ressarcir o prejuízo que causaram ao próximo, obrigação de justiça qual a de restituir o que se roubou: Redde quod debes. Repõe o que me tirastes, pode clamar a vítima do detrator; roubaste-me a honra, a reputação, o crédito, o negócio, a posição; repõe-me isso tudo, que o reclamo em nome da razão, da religião, da justiça e da caridade. “O seu a seu dono!” Assim quiseras para ti, assim faze para os outros, senão, ouve a sentença de santo Agostinho que é da justiça divina: Non remittitur peccatum nisi restituatur ablatum.


Fonte: Manual do Cristão - 1930

A Igreja Católica e a abolição da escravidão no Brasil

Via Estudos Tomistas
 

     Sobretudo pela ação do arcebispo Dom José Pereira da Silva Barros, capelão-mor de Dom Pedro II, e que viria a ser conhecido como o “Bispo Abolicionista”, a Igreja Católica foi um dos principais atores da abolição da escravatura no Brasil. Com efeito, em 1887 Dom José, desde sempre abolicionista e muito ligado tanto ao Papa Pio IX como ao Papa Leão XIII, anunciou que a abolição da escravidão no Brasil seria “um bom presente ao Papa”. A Dom José Pereira, seguiram-se na defesa da causa abolicionista o arcebispo da Bahia e o de São Paulo; e Dom José Pereira, por sua luta a favor da abolição da escravatura, foi das poucas pessoas homenageadas publicamente por Dom Pedro II e por Dona Isabel. Recebeu destes o título de Conde de Santo Agostinho, o qual ele não teve dinheiro para retirar, por ser, como disse ele mesmo, um homem pobre. Com efeito, Dom José tornara-se célebre em sua cidade natal por ter doado para obras de caridade toda a fortuna herdada de sua família.
     Rodrigo Augusto da Silva, em sua defesa da Lei Áurea na Câmara Geral, citou a Igreja Católica como um dos motores da abolição da escravatura.

sábado, 16 de julho de 2016

Comentários Eleison CDLXX (470) - Brexit - Spexit?


Por Dom Richard Williamson
Tradução: Cristoph Klug

16 de julho de 2016


Enquanto Menzingen pelas sirenes de Roma é encantado,
Para manter a Fé, guerra avisada não mata soldado.


Existe algo chamado “Zeitgeist” ou espírito da época. Uma prova seria o paralelo que pode ser estabelecido entre o voto da Grã-Bretanha de 23 de junho para renunciar ao abraço da quase-comunista União Europeia e a reunião de Superiores da FSSPX em 28 de junho com o Comunicado de Monsenhor Fellay de 29 de junho declarando que a Fraternidade agora renuncia ao abraço da Roma neo-modernista – “Spexit”, para abreviar. Mas assim como o “Comentário” da semana passada sugeriu que o Brexit era admirável mas duvidosamente eficaz, poderia-se temer que o São-Pio-Exit poderia ter tranquilizado muitos bons católicos pensando que a Fraternidade recuperou o rumo, mesmo que em poucos dias a Roma oficial e Mons. Fellay já dissessem que os contatos continuavam...

A base do paralelo é a apostasia que caracteriza a Quinta Época da Igreja, desde 1517 até 2017 (ou mais além), pela qual os povos do mundo, lenta porém progressivamente tem dado suas costas a Deus para substituí-lo pelo Homem. Mas sua consciência não está tranquila no processo. Consequentemente exteriormente eles anelam a liberação de Deus e os benefícios materiais da Nova Ordem Mundial. Assim, um bom instinto antigo levou aos britânicos a votar para tornarem-se independentes do Comunismo, mas sendo quase todos materialistas ateus, eles são Comunistas sem o nome e então agora dificilmente sabem o que fazer com o seu Brexit. Pois alguém pode temer que haja mais no “Spexit” do que parece.

Por exemplo, o excelente site hispânico “Non Possumus” assinalou que quando o Comunicado de 29 de junho espera um Papa “que favoreça concretamente o retorno à Santa Tradição” (2+2=4 ou 5), isto não é a mesma coisa que um Papa “que tenha voltado à Tradição” (2+2=4, e exclusivamente 4). Muito menos é tranquilizador que em 2 de julho Monsenhor Fellay convocou para uma quinta Cruzada de Rosários, já prevista em 24 de junho como uma possibilidade pelo padre Girouard, no oeste do Canadá, Recorcando como Monsenhor Fellay mostrou como presentes da Mãe de Deus, tanto a duvidosa liberação do verdadeiro rito da Missa no Summorum Pontificum em 2007, como no “levantamento” das “excomunhões” inexistentes em 2009, o padre Girouard teme que um reconhecimento unilateral da Fraternidade por parte da Roma oficial possa ser mesmo assim apresentado como uma resposta d’Ela a esta nova Cruzada de Rosários. Eis aqui como o padre Girouard imagina o reconhecimento sendo apresentado por Monsenhor Fellay: —

“Na Cruzada pedimos pela proteção da Fraternidade. Graças aos 12 milhões de Rosários, a BVN obteve para nós, do Coração de Seu Filho, esta especial proteção! Sim, o Santo Padre firmou este documento onde ele nos reconhece a nós e nos promete dar-nos sua proteção pessoal para que possamos continuar “como somos”. Este novo presente de Deus e a BVM é verdadeiramente um novo meio dado a nós pela Divina Providência para continuar melhor nosso trabalho para a extensão do Reinado Social de Cristo! Isto é também a reparação de uma grave injustiça! Isto é verdadeiramente um sinal de que Roma mudou para melhor! Nosso venerável fundador, Monsenhor Lefebvre, teria aceitado este presente providencia. Certamente, podemos estar seguros de que ele uniu suas orações às da BVM para obtê-lo de Nosso Senhor, e que ele está agora regozijando-se com Ela no Céu! Em ação de graças por este maravilhoso presente da Providência, renovemos oficialmente a consagração da Fraternidade aos Corações de Jesus e Maria, e tenhamos um Te Deum cantado em todas as nossas capelas!”

Neste panorama, acrescenta o padre Girouard, qualquer pessoa que rejeite a reunião da Fraternidade com Roma o farão parecer como se estivessem resistindo a Deus e desprezando a Sua Mãe.

Estes temores são no momento apenas imaginários. O que é certo é que o “Spexit” de 25 a 28 de junho não terá de forma alguma retirado a resolução de Monsenhor Fellay de conduzir a Fraternidade de Monsenhor Lefebvre entre os braços de Roma neo-modernista. Para ele, esse é o único caminho a seguir, em contraposição a “desprezar aos bons Romanos” e “estancar-se” em uma resistência que está fora de moda e já não é relevante para a evolução da situação.


Kyrie eleison.

sábado, 9 de julho de 2016

Comentários Eleison CDLXIX (469) – Brexit – Sério?


Por Dom Richard Nelson Williamson
Tradução: Cristoph Klug

09 de julho de 2016

Brexit nos lembra mais uma vez ­–
Edificar sem Deus é insensatez.


Muitos leitores destes “Comentários” devem estar supondo que, como um inglês que em nada lhe agrada da Nova Ordem Mundial, devo estar em regozijos sobre o voto recente do povo britânico, ainda que por uma margem relativamente pequena, para deixar a União Europeia quase-comunista. Desgraçadamente, devo admitir que tudo o que aprendi durante as últimas décadas sobre o NOM, me faz duvidar que a aparente saída da Grã-Bretanha finalmente culminará em uma reafirmação do que alguma vez foi o melhor na Grã-Bretanha. Através do Atlântico, da mesma forma, poderia gostar de Trump e odiar Hillary, mas seguramente os dois foram colocados juntos para teatralizar para nós um show de marionetes Colombina e Arlequim.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

CONFERÊNCIA DADA EM 19/12/02 POR MONS. WILLIAMSON - Extratos Significativos


Buenos Aires, 19 de dezembro de 2002.
Stat Veritas
S.E.R. Richard Williamson

Em outubro [2002] houve em Paris um congresso [organizado por Sim Sim Não Não] com vistas ao 40º aniversário do início do Concílio, em outubro de 1962. Para preparar este congresso, estudei e li novamente os documentos para tratar de ter uma vista de conjunto, do todo, das ideias-chave que estão por detrás de todos esses documentos. O primeiro que pensei foi na deificação; a divinização do homem. “O homem é deus” – rejeição do sobrenatural – e este é o princípio supremo do Concílio. Em sequência vem este outro: “todo homem é bom” – rejeição do pecado original – . Mas os revolucionários tinham de enganar os católicos, os bispos católicos que todavia estavam no Concílio. Monsenhor Lefebvre sempre dizia: de 2000 bispos, 200 eram católicos, 200 eram liberais e 1600 seguiam o Papa.

Os liberais que haviam preparado sua revolução teriam de enganar os católicos e aos que estavam no centro – digamos – e para realizar isto, teriam que ocultar suas ideias-chave. Por isso, todo documento do Vaticano II é ambíguo. O caráter essencial deste Concílio é a ambiguidade. Nosso Senhor disse “sim, sim; não, não”, o Concílio disse “sim, não” ou “não, sim” ao mesmo tempo. Tudo mesclado constantemente de maneira muito hábil. É necessário ser hábil para encontrar palavras que dizem coisas opostas ao mesmo tempo. Modernidade e catolicidade são inconciliáveis, porque o catolicismo é Deus em primeiro lugar, com Dez Mandamentos e toda a Igreja Católica.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Comentários Eleison CDLXVIII (468) - Vantagens do Campo

Por Dom Richard Nelson Williamson
Tradução: Andrea Patricia (blog Borboletas ao Luar)
Disponível também na Capela São José - Santo André-SP

02 de julho de 2016

Cidades e subúrbios, danos ao homem estão a causar,
Mas este, a Deus Todo-Poderoso, sempre pode rezar.


Dado que nenhum ser humano jamais foi criado por Deus nesta terra por outra razão que não seja ir para o Céu (I Tm. II,4), então a bondade de Deus está sempre trabalhando, de uma forma ou de outra, mais ou menos fortemente, para atrair todas as almas para o Céu. E se um homem começa a responder a essa atração, ele está obrigado a compreender, mais cedo ou mais tarde, que a massa de almas que o rodeiam hoje em dia ou estão inconscientes dessa atração ou estão positivamente resistindo a ela. E quanto mais o homem vê com seriedade a sua própria ida ao Céu, tanto mais seriamente ele deve perguntar-se quais são os fatores no mundo ao seu redor que fazem com que tantas almas pouco se importem com o Céu, ou ao menos em chegar lá.
Alguns desses fatores podem aparecer imediatamente para ele, como o recente avanço do vício antinatural e seu triunfo na legislação mundial, do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Há outros fatores que ele talvez precise de mais tempo para perceber, porque não são tão obviamente opostos à virtude e porque empaparam o ambiente faz muito tempo, como viver em cidades ou subcidades, isto é, subúrbios. É claro que somente um tolo reclamaria que todo habitante do campo está cheio de virtudes enquanto todo habitante da cidade está cheio de vícios. Por outro lado, viver no campo é obviamente algo mais próximo à natureza que viver na cidade, de modo que se a natureza foi criada por Deus para ser a portadora indispensável dessa supernatureza sem a qual nenhuma alma pode entrar no céu, então os habitantes do campo estarão, como tais, mais próximos de Deus que os da cidade, e um habitante da cidade, desejando chegar ao céu, deve ao menos fazer um balanço do tecido de sua vida na cidade.