Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

quinta-feira, 7 de julho de 2016

CONFERÊNCIA DADA EM 19/12/02 POR MONS. WILLIAMSON - Extratos Significativos


Buenos Aires, 19 de dezembro de 2002.
Stat Veritas
S.E.R. Richard Williamson

Em outubro [2002] houve em Paris um congresso [organizado por Sim Sim Não Não] com vistas ao 40º aniversário do início do Concílio, em outubro de 1962. Para preparar este congresso, estudei e li novamente os documentos para tratar de ter uma vista de conjunto, do todo, das ideias-chave que estão por detrás de todos esses documentos. O primeiro que pensei foi na deificação; a divinização do homem. “O homem é deus” – rejeição do sobrenatural – e este é o princípio supremo do Concílio. Em sequência vem este outro: “todo homem é bom” – rejeição do pecado original – . Mas os revolucionários tinham de enganar os católicos, os bispos católicos que todavia estavam no Concílio. Monsenhor Lefebvre sempre dizia: de 2000 bispos, 200 eram católicos, 200 eram liberais e 1600 seguiam o Papa.

Os liberais que haviam preparado sua revolução teriam de enganar os católicos e aos que estavam no centro – digamos – e para realizar isto, teriam que ocultar suas ideias-chave. Por isso, todo documento do Vaticano II é ambíguo. O caráter essencial deste Concílio é a ambiguidade. Nosso Senhor disse “sim, sim; não, não”, o Concílio disse “sim, não” ou “não, sim” ao mesmo tempo. Tudo mesclado constantemente de maneira muito hábil. É necessário ser hábil para encontrar palavras que dizem coisas opostas ao mesmo tempo. Modernidade e catolicidade são inconciliáveis, porque o catolicismo é Deus em primeiro lugar, com Dez Mandamentos e toda a Igreja Católica.


O mundo moderno é a rejeição de Deus e a democracia. Então, são inconciliáveis e, para conciliá-los, deve-se ter a alma ambígua. O Concílio tem as duas significações; cada documento pode ser interpretado de maneira católica e, ao mesmo tempo, em sentido moderno.

Pus-me a ler faz um ano (os documentos do Concílio) e não consegui captar uma visão de conjunto até que me recordei destas palavras de Monsenhor Lefebvre: a correspondência entre “liberdade, igualdade e fraternidade”, três palavras da Revolução Francesa, e “liberdade religiosa, colegialidade e ecumenismo”, três conceitos-chave do Concílio.

Donoso Cortés, grande pensador espanhol do século XIX, disse que quase todas as heresias modernas se fundamentam na negação do sobrenatural e do pecado original. Eis aqui a chave do mundo moderno e do Vaticano II. O Vaticano II é a Igreja que se junta, que segue ao mundo moderno, no lugar de lhe resistir como fez durante quase quatro séculos. Os maçons estiveram por trás da Revolução Francesa com o princípio maçônico “solve et coagula” (dissolver para voltar a unir) fazer em pedaços a cristandade e pô-los juntos novamente, mas não já na unidade cristã, mas sim na unidade maçônica.

Vejamos um exemplo clássico que permite compreender o bom e o mau do nacionalismo. O nacionalismo não está de todo mau, mas tampouco está de todo bom. Houve um “internacionalismo” católico, a união de todas as nações na Igreja, era a cristandade do medievo. Chegam os tempos modernos e os maçons conseguem excitar o sentimento nacional e se põe por trás das guerras entre as nações. A I Guerra Mundial, por exemplo: Inglaterra, França e Rússia, contra Alemanha e Áustria. Ingleses, franceses e russos são o castigo da Alemanha e Áustria, e alemães e austríacos são o castigo da Grã-Bretanha, França e Rússia. Deus permite tudo isto, mas os maçons buscavam despedaçar a unidade cristã, causar guerras entre as nações, e quando as nações se cansaram das guerras, propor a Liga das Nações. Não teve êxito. Então, a II Guerra Mundial e depois, as Nações Unidas. Estamos sempre avançando com as Nações Unidas: a reunião dos pedaços da cristandade em uma nova unidade maçônica. Então, o nacionalismo é bom e mau. Bom enquanto traz algo da cristandade, o sentimento da Pátria e para a Pátria; mas algo mau, que é “minha pátria contra a sua”. A grande fraqueza dos nacionalistas é que querem resolver o problema de ter deixado a nação sem Deus. Querem resolver sem Deus o problema de estar sem Deus. Mas Deus não permitirá nunca que a rejeição d’Ele se resolva com mais rejeição d’Ele. Deve-se voltar a Deus, deve-se voltar ao internacionalismo católico.

Dissolvidas as nações, dissolvida a cristandade, põe-nas em uma nova unidade: Dissolve: liberdade, igualdade; coagula: fraternidade. Liberdade e liberação do antigo, igualdade para destruir a autoridade, liberação do espírito da verdade objetiva. Assim se pode analisar o Concílio. O mundo moderno é “amor, amor, amor”. Mas é interessante, este amor sentimental corresponde exatamente a um conhecimento sentimental. Este amor falso, porque é sentimental, corresponde a um conhecimento falso da realidade e conduz a dizer a todos “irmãos, irmãos”. Há um conhecimento vago dos demais homens e um amor vago.

Hoje em dia se pensa que a vontade é determinante. Não. Sim e não, é a vontade que aplica ou se recusa a aplicar o intelecto a este ou aquele objeto, mas em primeiro lugar está o conhecimento do intelecto. Por isso os maçons tinham que dissolver a verdade católica e está muito habilmente realizado em particular na Dei Verbum. A chave deste documento é o subjetivismo moderno, do mundo moderno, da filosofia moderna; ou seja, a deificação do sujeito. “Eu homem, eu sou deus e Tu, Deus, deve se afastar do que desde agora é minha criação”. Então, o sujeito é agora rei. A verdade se encontra no homem e não fora dele. Eis aqui o princípio do subjetivismo desde Inmanuel Kant. São Pio X dizia que o kantismo é a heresia moderna e o kantismo é a revolução copernicana na filosofia. Antes a terra girava ao redor do sol, desde agora, o sol gira ao redor da terra. Kant diz: o sujeito não gira mais ao redor do objeto, senão que o objeto ao redor do sujeito; este está no centro, é dono do objeto. É uma loucura, mas é o homem moderno: “Eu sou deus, eu sou desde agora o criador, eu sou dono e senhor dos objetos e da verdade objetiva”. Não resta nas cabeças uma verdade objetiva. É o mais grave de tudo. Muitas pessoas ao redor de nós está, senão clinicamente louca, está ao menos ideologicamente louca. Loucos. Mas não se dão conta, porque é normal o rechaço da verdade objetiva; chegou a ser normal. Por isso, o que é são não é normal e o que é normal não é são. Não nos entendem se falamos de uma verdade objetiva dada fora de nós e que se impõe ao nosso pensamento. Por quê? Porque se adora a liberdade. E a última liberação, acima da liberação é a liberação da verdade. Libertar o espírito da verdade que está fora dele. E assim eu sou rei e criador de tudo e posso pensar o que quero. Então posso desejar o que quero; estou completamente livre quando me libertei da verdade objetiva. A verdade se encontra dentro do homem.

Mas a verdade evolui. Eu, homem, mudo constantemente, estou em evolução. Então a verdade está em evolução. Mais ainda: “todas as verdades são válidas”, ou seja, eu não posso condenar uma verdade como mentira porque pode ser que amanhã eu pense o mesmo. Logo, não há mais verdade e mentira ou, verdade e o que não é verdade. A única coisa que existe é o que sinto neste momento. Quiçá amanhã teremos mudado nossos sentimentos, quiçá os dois teremos sentimentos completamente diferentes. De todas as formas, não há mais uma verdade fixa. Kant ensina que “das Ding an sich” (a coisa em si mesma, a essência) é inalcançável. Meu espírito não pode chegar à verdade objetiva. Assim pensam os modernos.

Tudo isso conduz ao “imanentismo”, palavra latina que significa que a verdade permanece em mim (inmanet = permanece em). Nada pode viver assim. Mas deve-se observar que os que pensam assim não vivem assim. Ou seja, que quando o filósofo moderno chega ao café da manhã, tem um líquido negro quente diante dele. Nem um só momento põe em dúvida que seja café, porque se o fizesse não poderia beber, e se não bebe, teria sede. Não quer ter sede porque seu sentimento é não ter sede. Então – se diz – eu vou permitir ao café que seja café. Eu beberei e honra ao café! Graças a mim o café é café! A filosofia moderna é muito seletiva. Quando se trata de negar a Deus, todos os meus sentimentos estão de acordo, mas para negar o café, meus sentimentos se submeterão ao café.

O documento “Gaudium et Spes” concebe o princípio da evolução. Em certo sentido é verdade, mas é impossível que tudo evolua. Basta refletir uns momentos para ver que para que algo evolua é necessário que haja algo que não evolua. É o erro de Heráclito e é também o erro de “Gaudium et Spes” e do Vaticano II.

Outro problema do mundo moderno é a “desintelecção”, palavra que quer dizer desintegração do intelecto. É algo gravíssimo. Os homens da Igreja de hoje se conduzem da seguinte maneira: por um lado creem na Igreja Católica, ao menos sentimentalmente, creem até em “Credo in unum Deum Patrem Omnipotentem”; porém ao mesmo tempo creem no mundo moderno e o Concílio é exatamente isto: pôr juntos, conciliar estes dois inconciliáveis. Isto é a destruição do intelecto, é a destruição do princípio da não contradição que subjaz a todo pensamento. É impossível pensar ou captar um pensamento sem o princípio de não contradição. Mas eles fingem que rejeitam o princípio de não contradição. Os filósofos podem dizer asneiras mas que que não creem de verdade. Atuam segundo outro princípio, mas com a boca podem negar qualquer verdade porque o ar é muito paciente e sofre todas as mentiras. Se o ar reagisse quando nós mentimos... Os filósofos e os homens da Igreja podem realmente não pensar tudo o que dizem mas, de qualquer forma, convencem-se de que pensam duas coisas opostas ao mesmo tempo e por isso quebrantam seu intelecto. É como se eu tratasse fazer andar meu carro com gasolina e água. A água é mais barata, então uma mistura de água com gasolina é uma boa ideia, mas o carro não anda. Pôr modernismo e catolicismo, uma mistura de catolicismo e modernismo na Igreja não pode andar. A Igreja se para, como o carro para em seguida. E basta um pouco de água para parar o carro, basta um pouco de liberalismo para parar o catolicismo.

A desintegração do intelecto, o suicídio do intelecto pela vontade: eu quero que a Igreja se modernize, eu o quero, eu afirmo que é possível, eu o quero assim, eu o mando assim, e antes de minha razão está minha vontade para afirmá-lo. O que pode restar no intelecto quebrantado? Pequenas asneiras e então, em toda a Igreja moderna, um amor às pequenas asneiras. É lógico.

A desintelecção é muito grave; é um castigo, estamos vivendo hoje a morte do intelecto. Quando se fala de uma verdade objetiva é como se nós falássemos em outro idioma. As pessoas não compreendem mais o idioma da verdade objetiva. Isso não é mais um problema sobrenatural, é um problema da natureza. O sobrenatural tem sido destruído faz um certo tempo; agora as paixões estão atacando a natureza e é gravíssimo. Para onde chegará?

O imanentismo nos conduz a considerar o papel da “Palavra” no documento conciliar Dei Verbum (= a palavra de Deus). O documento é perigoso porque nada em ambiguidades. “A Palavra” é algo católico: “In principio erat Verbum et verbum erat apud deum” [“No princípio era a Palavra, e a Palavra era em Deus”.] Nosso Senhor, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é a Palavra: o Verbo. Mas em Dei Verbum se trata da palavra interior do homem. Cada expressão pode significar duas coisas. De que palavra se trata? Da palavra de Deus objetiva ou a palavra do homem dentro de si? Ambas. Como é possível escrever assim? “A Palavra” dá lugar à tradição viva, em lugar da tradição fixada e objetiva que não muda durante vinte séculos e que não pode mudar. Agora se nos fala da tradição viva, ou seja, uma tradição que evolui. A tradição agora pode mudar porque está dentro do homem; o homem muda, a tradição muda. É a tradição viva em oposição à tradição nossa que é, aparentemente, “morta”. Estas ideias voltam a ser encontradas no documento “Ecclesia Dei”, de 1988: que nós não compreendemos o verdadeiro sentido da Tradição porque é uma tradição “morta”. Evidentemente, deve se preferir uma tradição viva que aceite o Concílio, que aceite o mundo moderno, que aceite a Missa Nova, mas que condene a Monsenhor Lefebvre e aos “dinossauros do passado”. Assim, a Palavra, algo católico, tem um novo sentido. O modernismo se aproveita das palavras católicas para lhes dar um sentido completamente diferente. Todas as verdades são válidas, o intelecto está destruído, todas as religiões são válidas. Como a tradição é viva e pode mudar, e todas as religiões são válidas, temos liberado o espírito e temos preparado o caminho do ecumenismo. Pode se pensar que o ecumenismo é o início da destruição da Igreja: serve para destruir. Mas antes, era necessário que se destruísse a inteligência católica e sua conexão com uma verdade fora dela.

Passemos agora a considerar a dissolução da autoridade, da autoridade católica. Assim como a verdade se encontra no homem e não fora dele, a partir de agora o direito se encontra no homem e não acima dele. Assim, pode mudar de um dia para o outro. Se não há uma verdade fora do homem, tampouco há uma lei, não há um Deus, não há um Deus “legislador que nos dá leis porque estas seriam verdadeiras. Não há verdade nem há lei.

Assim como a verdade evolui, assim o direito deve se adaptar às circunstâncias atuais. É necessário adaptar as leis do matrimônio. É certo quem na Gaudium et Spes há algo sobre a contracepção artificial, mas é ambíguo. Na Inglaterra, entre as duas guerras houve um dominicano irlandês, o Padre Vicent McNabb, que afirmou que a cidade moderna é ocasião próxima de pecado pela pressão contra as leis divinas e sobre o direito natural do matrimônio. Pressão para que alguém mude seu pensamento sobre o direito natural. Muitíssimos esperavam do Concílio tais coisas. Se Deus castigou à Igreja depois do Concílio com tudo o que tem seguido ao Concílio, é porque os católicos queriam enganar-se sobre este assunto, porque queriam uma mudança do direito natural. Queriam que o Concílio fizesse o que fez, que mudasse o direito natural.

Temos dito que segundo o pensamento moderno, o direito se encontra no homem e não acima dele. Prega-se uma autonomia do homem: do grego autos=a si mesmo, e nomos=lei: o homem é independente de Deus; a partir de agora é autônomo. Abrem-se as portas da anarquia. A autonomia do homem conduz à destruição de toda autoridade. Se o homem é autônomo, não pode haver autoridade. Cada homem é rei e não apenas rei, cada homem é, a partir de agora, deus. É ele mesmo a autoridade suprema. É a divinização do homem.

Depois que destruiu-se a verdade e a autoridade, o que os revolucionários fazem com a anarquia que criam? Criam uma nova autoridade que deverá ser imposta tiranicamente. Então cada liberação deste tipo conduz necessariamente e logicamente à tirania. Então, a imposição da cega “obediência” conciliar. Não parece lógico que as autoridades liberais da Igreja tratem sempre de quebrantar a Tradição, mas é lógico, porque deve ser imposta uma nova autoridade, deve haver o vazio de autoridade, mas não com uma verdadeira autoridade senão com uma cega obediência sob a aparência da democracia. Tal é a democracia moderna: todo homem é rei e não há autoridade de Deus acima dele. Isso explica a colegialidade, princípio segundo o qual o Papa não é mais o único rei da Igreja, senão o papa com os bispos. No próximo nível, o bispo deve governar sua diocese com os sacerdotes, e o sacerdote deve governar sua paróquia com os leigos. O problema é que quando o papa faz parte deste sistema, não se pode resistir porque toda a hierarquia católica serve para impor a cega obediência conciliar. E mesmo o Cardeal Castrillón não pode esconder que exige da Fraternidade que se submeta ao Concílio. E isto é inaceitável. E o Concílio é o mal; é a conciliação dos inconciliáveis. É a aceitação, ao menos, da metade do mundo moderno. É colocar água com gasolina no carro: meio a meio, três quartos e um quarto, sete oitavos e um oitavo, não funciona; o catolicismo deve ser puro. Um pouco de água com gasolina e o carro não funciona.

Não obstante: o tema da colegialidade está na Lumen Gentium. Houve uma grande discussão sobre este assunto. Os liberais haviam preparado um texto que, depois do Concílio, poderiam interpretar no sentido de destruir o papado. E assim estava em um documento, em uma maletinha de um dos revolucionários. Não sei como, mas um bom sacerdote o encontrou, viu-o e o levou ao Papa, ao Papa Paulo VI: “Santo Padre: há Padres do Concílio que querem destruir o papado!” Que fez Paulo VI? Pôs-se a chorar! Que deveria ter feito? Queimar este documento!

Como o solucionou? Propôs que se agregasse uma nota prévia, uma explicação que, em princípio, está adiante do texto, mas que em todos os documentos do Vaticano vem sempre depois do texto. Deste modo, sempre se pode ler o mesmo texto que estava na maletinha do revolucionário, lê-lo como se fosse palavra do Concílio. E se se quer, depois, a nota prévia. Que ação dos liberais! Mas vejamos aqui a ação do Espírito Santo. Pergunta-se onde esteve o Espírito Santo no Concílio A resposta é: estava neste bom Padre que encontrou a dinamite dos revolucionários e que a levou ao Papa e a nota prévia que salva o essencial. É a ação do Espírito Santo. Ou seja, Deus permitiu este concílio malíssimo, mas não permitiu a última destruição da Igreja. Ainda hoje não está permitindo a última destruição da Igreja. Quando João Paulo II aplica a plenitude de sua autoridade, é para condenar às sacerdotisas e isso é justo. Trata-se, por uma parte, de impor a cega obediência conciliar, mas o Espírito Santo impede que estes liberais destruam completamente a Igreja

Vejamos, por fim, o terceiro postulado revolucionário: a fraternidade... Diz-se que todas as culturas são válidas. Se todas as verdades e direitos são válidos, todas as culturas são válidas. Todas as culturas devem ser escutadas. Se todas as verdades são válidas, também são iguais. Se são iguais, a tua vale como a minha e tenho que escutar; é lógico. Então, todas as culturas devem ser escutadas; deve-se se adaptar a todas as culturas, porque aquela cultura tem algo que eu não tenho, não sei... a adoração da vaca, por exemplo. É algo que nós não temos. Quiçá há algo válido na adoração da vaca... Não sei... o princípio feminino... a cava, ou não sei, a fertilidade, a riqueza do leite, na Argentina, o doce de leite. Adorar a vaca por causa do doce de leite... Claro, é algo que nós não temos em nossa religião de dinossauros! Tão dura e tão difícil! Então vamos escutar os adoradores de vacas e vamos nos adaptar a todas essas culturas. Na Índia, atualmente, os sacerdotes estão adaptando o que resta da religião católica ao hinduísmo. Há uma hinduização do catolicismo. Estes princípios dão finalmente no pluralismo. Já não existe uma única verdade, não há uma única Igreja, todos devem ser escutados, é o princípio do diálogo; deve-se se adaptar a todas as culturas, é o princípio da inculturação. É necessário inculturar a Igreja em todos os países e todos os climas. É necessário reconhecer a todas as religiões, respeitá-las, porque diz o Concílio que contém “sementes de verdade”, sementes do Verbo Divino; ou seja, há algo de salvação nestas falsas religiões. Isto é a morte das missões católicas, é o desalento dos missionários católicos. Deve-se dialogar com todas as religiões, unir-se à todas as religiões. “Ecumenismo” antes queria dizer que deveria se converter a todos os homens de outras religiões. Hoje quer dizer unir-se mas não converter ao outro. É colocar a unidade acima da verdade. Liberdade religiosa, colegialidade e ecumenismo equivalem à liberdade, igualdade e fraternidade, os lemas da Revolução.

Em conclusão, para onde vamos? Só Deus sabe. Nós conhecemos a verdade objetiva, o direito e nossos deveres objetivos e não podemos mentir, pecar – somos pecadores – mas não podemos mentir e devemos na verdade, custe o que custar e ter uma grandíssima confiança em Deus. Nos salmos de David, do Antigo Testamento, há muitíssimos salmos em que este Rei expressa sua confiança em Deus. Seus inimigos são poderosos, são fortes. Ele está como pisoteado, mas grita, grita com o coração a Deus e nunca perde a confiança de que Deus o irá ajudar. Nós também. Certamente Deus irá ajudar. Tenhamos uma completa confiança n’Ele.


† Richard Williamson

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