Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sábado, 21 de maio de 2016

Comentários Eleison CDLXII (462) - Sentimentos Doutrinais

Por Dom Richard Williamson
Traduzido por Cristoph Klug

21 de maio de 2016

Pelas mulheres dispostas por Cristo a sofrer, graças a Deus.
Para resguardarmo-nos de Sua ira, são elas escudo próprio Seu.

O "Comentário" da semana passada (CE 461) não terá sido do gosto de todos. Os leitores deverão ter adivinhado que a autora não nomeada da longa citação era do mesmo sexo que as também citadas Santa Teresa d'Ávila ("sofrer ou morrer") e Santa Maria Madalena de Pazzi ("sofrer e não morrer"), e a citação anônima pode ter parecido excessivamente emocional. Mas o contraste com os sentimentos do Papa Bento citados na semana anterior (CE 460) foi deliberado. Enquanto o texto do varão mostrou os sentimentos governando a doutrina, o texto da mulher mostrou a doutrina governando aos sentimentos. É melhor, obviamente, a mulher colocando a Deus primeiro, como Cristo no Horto de Getsêmani ("Meu Pai, se é possível, passe este cálice longe de Mim; mas não como Eu quero..."), que o varão colocando os sentimentos primeiro e alterando a doutrina e religião católicas para a religião Conciliar.

O surpreendente contraste destaca que a primazia de Deus significa que a doutrina vem primeiro, enquanto que a primazia dos sentimentos significa que o homem vem primeiro. Mas a vida não se trata de evitar o sofrimento, trata-se de alcançar o Céu. Se então eu deixo de crer em Deus e adoro a Mamon em seu lugar (Mt VI, 24), eu não crerei na vida além e pagarei por drogas mais e mais caras para evitar o sofrimento nesta vida, porque não há outra vida. E assim, as "democracias" ocidentais criam, um após outro, ruinosos Estados de bem-estar porque a maneira mais segura para um político "democrático" de ser eleito ou não é a de tomar uma posição a favor ou contra a medicina pública. O cuidado do corpo é tudo o que resta na vida de muitos homens que não têm Deus. Assim o secularismo arruína o Estado: "Se Javé não edifica a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Sl CXXVI, 1), enquanto que "Ditoso é o povo cujo Deus é Javé" (Sl CXLIII, 15). A Religião governa a política e a economia por igual, a falsa religião para seu mal, a religião verdadeira para seu verdadeiro bem.



Com base em sua entrevista de outubro (CE 460), Bento poderia responder: "Sim, mas que utilidade tem uma religião na qual creem cada vez menos pessoas? No homem moderno a religião católica de todos os tempos tem perdido sua garantia. A doutrina de ontem pode ser tão verdadeira como possa ser, mas que utilidade tem se já não fala ao homem como ele é hoje, onde ele está hoje? A doutrina é para as almas mas, como posso falar ao homem contemporâneo sobre o sofrimento redentor ou sobre a Redenção quando o sofrimento não tem sentido para ele? O Concílio foi absolutamente necessário para refundir a doutrina em uma forma inteligível para os homens tal como eles são hoje".

E para esta posição implícita na entrevista de Bento, aqui poderia haver uma resposta: "Sua Santidade, a doutrina é para as almas, sim, mas o é para salvá-las do castigo eterno e não para prepará-las para este. A doutrina consiste em palavras, as palavras expressam conceitos, os conceitos vêm em última instância de coisas reais sendo concebidas. Sua Santidade, Deus, a alma imortal do homem, a morte, o Juízo, e a inevitabilidade da salvação ou condenação eterna, são realidades externas à minha mente? Se são realidades independentes de mim, houve alguma mudança delas desde os tempos modernos? E, se estas realidades não mudaram de forma alguma, então as doutrinas que as expressam não expressam também, junto com a doutrina do pecado original, um perigo real para todo homem vivente de cair no Inferno? Em cujo caso, por mais desagradável que possa ser sentir estas realidades, que possível serviço faço eu pelo meu próximo ao fazer com que as doutrinas sejam mais agradavelmente sentidas de forma que ocultem o perigo eterno no lugar de adverti-lo sobre ele? Que tanta importância têm seus sentimentos comparado com a importância de que compreenda, e assimile, as verdadeiras doutrinas para ser plenamente feliz e não completamente atormentado por toda a eternidade - por toda a eternidade?

Mas em nosso mundo apóstata a massa de homens só quer que se lhe contem fábulas (II Tm IV, 4) para mitigar seus pecados. O resultado é que para manter o universo moral em equilíbrio deve haver um certo número de almas místicas, conhecidas somente por Deus, que tomem sobre si mesmas intensos sofrimentos por Cristo e pelo seu próximo, e é muito provável que a maioria delas sejam mulheres.

Kyrie eleison.


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