Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sábado, 23 de maio de 2015

Comentários Eleison CDX (410): Papas Conciliares - I

Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)


Papas maus o mundo sempre produziu,
Jamais, porém, como no mundo atual, corrupto como nunca se viu.


Quando alguém alega que os Papas conciliares podem estar ao menos parcialmente de boa fé, há normalmente católicos que protestam. Eles dirão que os Papas são homens da Igreja inteligentes e educados, e então é impossível que eles não percebam totalmente o que estão fazendo. A teoria “mentevacantista”, segundo a qual esses Papas têm a mente vacante, a ignorar parcialmente as consequências de suas próprias ações, é absurda para esses críticos. Pode-se entender o protesto, mas deixem-me citar um amigo que compreende o “mentevacantismo” tal como deve ser compreendido:


A ideia de que os Papas podem estar enganados de boa fé porque sustentam que certos erros não se opõem à Fé, requer atenção, porque as pessoas têm um conceito de papado muito destacado do mundo, enquanto que toda a história dos Papas é uma história de homens de seu tempo sujeitos à compartilhar todos os bons e maus hábitos e vícios daquele período. A diferença reside no poder do erro, que nunca foi tão forte como é atualmente; a humanidade nunca foi, não se deve esquecer, tão degenerada como hoje.


Pois de fato o liberalismo está agora em todo lugar, e a dominar; não é mais um mero pensamento ou maneira de pensar, mas um verdadeiro modo de ser que permeia todo homem vivo, seja ele um liberal absoluto em si mesmo, ou um agente do liberalismo e de sua subversão, ou meramente uma de suas ferramentas. Tal é o caso dos Papas conciliares. Eles acham que estão a se aproximar do mundo para curá-lo, sem se dar conta de que é o mundo que se aproxima deles para infectá-los e controlá-los.

Em uma situação como essa, pode-se certamente falar de Papas liberais, mas não de Papas não católicos, já que está faltando o primeiro requisito para tal condenação, a saber, a vontade pessoal deles de ser liberais e não católicos. Ninguém pode fazer outra coisa que reconhecer que nesses Papas há uma vontade pessoal de ser católicos e não liberais anticatólicos, já que para eles não há contradição entre os dois, longe disso. Segundo seu teólogo e pensador, Joseph Ratzinger, o liberalismo é um dos bons produtos derivados do catolicismo, que precisa apenas ser purificado de certas distorções estranhas trazidas para dentro dele. Assim, quanto à destruição da Igreja, torna-se lógico que os Papas, por acreditarem em tal catolicismo comprometido, não podem evitar que uma das consequências de suas ações seja essa destruição.

Em relação a Dom Lefebvre, dado que ele cresceu em uma Igreja muito diferente da Igreja de hoje, eu posso apenas concluir que para ele era impossível que um católico agisse como instrumento de subversão sem se dar conta do que está fazendo. Menos ainda poderia um Papa não percebê-lo. Por ler nas entrelinhas de certos escritos do Arcebispo, eu acredito que enquanto sua visão do mundo certamente incluía o processo de degeneração chegando ao fim dos tempos, ela não incluía esse processo a envolver de alguma maneira clara também a Igreja.


Eu posso imaginar leitores objetando a esse tipo de análise: “Oh, Excelência, por favor, pare de defender os Papas conciliares. É preto ou branco. Se eles são pretos, serei um sedevacantista feliz. Se são brancos, serei um liberal feliz. Seus cinzas só estão me confundindo!”.

Caro leitor, preto é preto, branco é branco, mas raramente na vida real nós encontramos o branco puro, e nunca o preto puro (tudo o que é, por pior que seja, tem a bondade de ser). Se vocês querem entender essa escusa relativa dos Papas conciliares, a chave é compreender que o mundo nunca foi tão profundamente mal como é hoje. A partir dessa degeneração sem precedente, é óbvio que os Papas conciliares são a esse respeito mais escusáveis por deslizar na Fé que qualquer um de seus predecessores.


Nenhum comentário:

Postar um comentário