Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Mulheres Torturadas - Gilbert Keith Chesterton

Em sua casa, uma mulher pode ser decoradora, contadora-de-histórias, desenhadora de moda, expert em cozinha, professora... Mais que uma profissão, o que ela desenvolve são vinte passatempos e todos seus talentos. Por isso não se faz estagnada e estreita mentalmente, mas sim criativa e livre. Esta é a substância do que foi o papel histórico da mulher. Não nego que muitas foram maltratadas e inclusive torturadas, mas duvido que tenham sido torturadas tanto como agora, quando se pretende que levem as rédeas da família e ao mesmo tempo triunfem profissionalmente. Não nego que antes a vida era mais dura para as mulheres que para os homens. Por isso nos vemos ante elas.

É a mesma Natureza quem rodeia a mulher de filhos muito pequenos que requerem que se lhes ensine, não qualquer coisa, mas sim todas as coisas. Os bebês não necessitam aprender um ofício, mas sim que se lhes introduza a um mundo inteiro. A criança é um ser humano capaz de fazer todas as perguntas possíveis, e muitas das impossíveis. Se alguém diz que responder a essa criança insaciável é uma tarefa exaustiva, tem razão. Se diz que é uma tarefa desagradável, admito que pode ser tão desagradável como a de um cirurgião ou bombeiro. Em contrapartida, quando alguém diz que essa tarefa feminina não somente é cansativa, mas também trivial e odiosa, me é impossível entender o que querem dizer. Se odioso quer dizer insignificante, descolorido e intranscedente, confesso que não o entendo. Porque decidir e organizar quase tudo; ser ministra da economia que investe e compra roupas, livros, materiais e comidas; ser Aristóteles que ensina lógica, ética, bons costumes e higiene... Tudo isto pode deixar a uma pessoa exausta, mas o que não posso imaginar é como poderia fazê-la estreita e limitada.

A maneira mais breve de resumir minha postura é afirmar que a mulher representa a ideia de saúde mental, é o lar intelectual à que a mente regressará depois de cada excursão pela extravagância. Corrigir cada aventura e extravagância com seu antídoto de senso comum não é -como parecem pensar muitos- ter a posição de um escravo. É estar na posição de um Aristóteles ou de um Spencer, isto é, possuir uma moral universal, um sistema completo de pensamento. Uma mulher assim tem que saber equilibrar muito para consertar e resolver quase tudo, para adaptar-se ao que faz falta. E equilibrar pode ser próprio de pessoas covardes, que se aconchegam ao mais forte. Mas também define as pessoas de caráter nobre, que sempre se colocam ao lado do mais fraco, como o marinheiro que equilibra um barco sentando-se onde há necessidade de seu peso. Assim é a mulher, seu trabalho é generoso, perigoso e romântico. Sua carga é pesada, mas a humanidade pensou que valia a pena colocar esse peso nas mulheres para manter o senso comum no mundo.

“La mujer y la familia”, Editorial Styria.

Disponível em Grupo Dom Bosco e Syllabus (em espanhol).

Tradução: Ir. João da Cruz

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