31 de maio de 2014
por Dom Williamson
por Dom Williamson
Tradução: Andrea Patricia (blogue Borboletas ao Luar)
O liberalismo é a guerra contra Deus, e é a dissolução da verdade. Dentro da Igreja de hoje por ele aleijada, o sedevacantismo é uma reação compreensível, mas que, porém, atribui à autoridade poder em demasia sobre a verdade. O mundo moderno perdeu a verdade natural, e ainda mais: perdeu também a verdade sobrenatural, e eis o coração do problema.
Para nossos propósitos, poderíamos dividir todo o ensinamento papal em três partes. Em primeiro lugar, se o Papa ensina como Papa, sobre Fé ou moral, definitivamente e obrigando a todos os católicos, então temos seu Magistério Extraordinário (ME, para abreviar), necessariamente infalível. Em segundo lugar, se ele não emprega todas as quatro condições, mas ensina em conformidade com o que a Igreja tem ensinado sempre e em todo lugar, e imposto aos católicos para que creiam, então ele está participando do que é chamado o Magistério Ordinário Universal (MOU, para abreviar) da Igreja, também infalível. E em terceiro lugar, nós temos o restante de seu ensinamento, que, se não estiver em conformidade com a Tradição, não só é falível, como também falso.
A essa altura deveria estar claro que o ME está para o MOU como a cobertura de neve está para a montanha. A cobertura de neve não constitui o topo da montanha, mas simplesmente o torna mais visível. O ME está para o MOU como o servo está para o mestre. Ele existe para servir ao MOU, para tornar claro de uma vez por todas o que pertence e o que não pertence ao MOU. Mas o que faz com que o resto da montanha se torne visível, por assim dizer, é sua possibilidade de ser rastreado de volta até Nosso Senhor e Seus Apóstolos; em outras palavras, é a Tradição. Eis a razão pela qual toda definição do ME é um esforço para mostrar que o que está sendo definido sempre foi parte da Tradição. Era a montanha antes de ser coberta pela neve.
A essa altura também deveria estar claro que a Tradição diz aos Papas o que ensinar, e não o contrário. Essa é a base sobre a qual Monsenhor Lefebvre fundou o movimento Tradicional, mas é essa mesma base que, com todo o devido respeito, os liberais e os sedevacantistas não conseguem compreender. Basta ver no Evangelho de São João como frequentemente Nosso Senhor mesmo, como homem, declara que o que Ele está ensinando vem não Dele mesmo, mas de Seu Pai. Por exemplo: “Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (7, 16), ou, “Eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar” (12, 49). É claro que ninguém na Terra está mais autorizado que o Papa para dizer à Igreja e ao mundo o que está na Tradição, mas ele não pode dizer à Igreja ou ao mundo que há na Tradição o que em verdade não há. O que há na Tradição é objetivo, agora com 2.000 anos de idade, está acima do Papa e estabelece limites ao que um Papa possa ensinar, tal como os mandamentos do Pai define os limites para o que Cristo como homem, ensinaria.
Então, como podem os liberais e os sedevacantistas alegarem de modo semelhante, com efeito, que o Papa é infalível mesmo fora do ME e do MOU? Pois ambos superestimam a autoridade em relação à verdade, e assim eles vêem a autoridade da Igreja não mais como a serva, mas como a dona da verdade. E por que isso? Porque ambos são filhos do mundo moderno, onde o Protestantismo desafiou a Verdade e o liberalismo desde a Revolução Francesa tem dissolvido a verdade objetiva. E se não há mais qualquer verdade objetiva, então é claro que a autoridade pode dizer qualquer coisa que possa fugir a ela, que é o que temos observado em torno de nós, e não há nada que possa impedir um Paulo VI ou um Dom Fellay de se tornar mais e mais arbitrário e tirano no processo.
Mãe de Deus, fazei com que eu possa amar, discernir e defender essa Verdade e essa ordem que vêm do Pai, ambas sobrenaturais e naturais, às quais Seu próprio Filho estava sujeito como homem, “até a morte, e morte de cruz”.
Kyrie eleison.
A profunda perda da verdade objetiva explica, ora veja,
As dificuldades sedevacantistas e liberais da Igreja.
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