Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

domingo, 5 de julho de 2015

Comentários Eleison CDCVI (416) - Papas Conciliares III

Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)


As mentes dos oficiais da Igreja não estão mais a funcionar?
Pode ser que medidas extremas Deus tenha de tomar.  


            Os leitores destes “Comentários”, após a leitura de “Papas Conciliares - I” e “Papas Conciliares - II”, de seis e quatro semanas atrás, respectivamente, talvez tenham ficado com a impressão de que eles sustentam que o Papa Francisco “pode ser inculpável por sua ignorância em relação às suas próprias blasfêmias e heresias”, tal como expôs um leitor. Esta impressão é equivocada. O liberalismo universal de hoje pode escusar os Papas “parcialmente” e “relativamente” por destruírem a Igreja Católica, mas é certo que ele não os escusa completamente. A prova de sua culpabilidade ao menos parcial não é difícil de obter.

            A Igreja Católica pertence a Deus. Ele fundou-a e desenhou-a para funcionar com seres humanos como Seus instrumentos. Ele nunca permitirá que esses oficiais humanos de Sua Igreja destruam-na completamente, mas também jamais tirará o livre-arbítrio deles. Como resultado, cada um deles pode adquirir grande mérito ou demérito, de acordo com o modo com que usa ou abusa de seu ofício. Contudo, desse uso ou abuso depende a salvação de muitas outras almas além das deles mesmos. Como, então, alguém pode imaginar que Deus não ofereça a esses oficiais toda a graça que eles precisam para cumprir com seus deveres oficiais para o bem das almas? Se, então, os Papas conciliares, Cardeais e Bispos são todos verdadeiramente oficiais da Igreja designados, como parecem ser e como poucos que não sejam sedevacantistas negam, então, eles estão recebendo de Deus graças suficientes para conduzir bem a Igreja. Se, então, em âmbito geral, eles a estão derrubando por terra, devem estar recusando graças de estado, graças de seus ofícios. E se eles estão recusando a graça de Deus para o cumprimento de seu dever, não podem ser completamente inculpáveis. Eles podem não ter culpa pelo mundo sentimental em torno deles, mas a graça de Deus, em última instância, poderia livrar suas mentes do sentimentalismo, se eles quisessem. Eles não querem, porque então teriam de confrontar o mundo sentimental.

            Imaginemos um exemplo concreto que pode ter acontecido muitas vezes na vida real durante a década de setenta. Uma avozinha consegue aproximar-se do Santo Padre. Em um meio a um mar de lágrimas ela explica que seu neto era um bom menino quando entrou no seminário (conciliar), mas que ele perdeu ali não apenas sua vocação, mas também sua fé e mesmo sua virtude. Se, como é mais provável, o Papa conciliar confia aos oficiais em torno que a retirem dali, ele não é inocente, porque avozinhas tendem a ser inequivocamente sinceras. Mas esses Papas preferem seu sonho conciliar, que está em harmonia com o mundo.

E aqui está um exemplo real ocorrido no Brasil, provavelmente nos anos oitenta. João Paulo II esteve em uma reunião de bispos diocesanos para discutir o apostolado em suas dioceses. Em um dado momento, um jovem bispo levantou-se para dizer que o rebanho em sua diocese estava sendo devastado pela invasão de seitas protestantes oriundas dos EUA promovida pelo ecumenismo; um desastre já conhecido, há muitos anos espalhado pela América Latina. O Papa ouviu o testemunho do bispo, mas poucos minutos depois já estava de volta a promover exatamente aquele ecumenismo que o bispo tinha acabado de denunciar. Quando confrontado com a realidade católica, o Papa preferiu seu sonho conciliar. Como ele poderia ser completamente inocente?

            Disso se segue que esses Papas não são totalmente inocentes nem totalmente culpados da presente devastação da Igreja. Quanto de um eles são, e quanto do outro? Só Deus sabe. Mas se um bom Papa fosse designado, (e protegido por Deus!), para peneirar os oficiais da Igreja, limpar os maus e promover os bons, ele designaria um tribunal ou inquisição – sim, inquisição – para forçar cada oficial a escolher abertamente entre a Verdade ou o sentimentalismo. Seria uma tarefa fácil? Não, porque os mercadores de sentimentalismo não têm dificuldade em fazer parecer que eles amam a verdade, e podem facilmente acreditar, eles mesmos, que estão a lidar somente com a verdade. Eles podem ajustar suas mentes para qualquer coisa, e para opor-se a qualquer coisa. Então, o que se pode fazer? Um Castigo, para limpar os estábulos de Aúgias.


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