Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (Blog Borboletas ao Luar)
Assim como sem o bem o mal não existe,
Sem a verdadeira Igreja a Neoigreja não subsiste.
O motivo de eu ter dito seis meses atrás que um padre não está obrigado, em todas as situações, a proibir um católico de assistir à Nova Missa (NOM) não foi obviamente afirmar que está tudo perfeitamente bem em assistir ao NOM. O rito da Nova Missa é, em si mesmo, o ato central de culto da falsa religião do Vaticano II centrada no homem, cujo despertar se deu em 1969. De fato, a obrigação de manter-se longe do NOM é proporcional ao conhecimento que uma pessoa tenha sobre quão mal ele é. O NOM tem contribuído enormemente para que um incontável número de católicos perca a fé quase sem perceber.
Mas existem dois fatores que, mesmo nos dias de hoje, têm tornado mais fácil os católicos serem enganados pelo NOM. Em primeiro lugar, ele foi imposto a toda a Igreja de rito latino, porque o Papa Paulo VI fez de tudo que pôde para parecer que o rito fora imposto pela força de sua autoridade papal, a qual em 1969 parecia imensa. Ainda hoje o NOM passa como o rito “ordinário”, enquanto a Missa de sempre é oficialmente reduzida a um rito “extraordinário’. Desse modo, mesmo 47 anos depois, um católico honesto pode sentir-se ainda obrigado pela obediência a assistir ao NOM. É claro que na realidade não pode haver tal obrigação, porque nenhuma lei da Igreja pode obrigar um católico a pôr sua fé em perigo, o que ele normalmente faria se fosse ao NOM, tamanha é a falsidade deste.
Em segundo lugar, o NOM foi introduzido paulatina e notavelmente, por uma série de mudanças habilidosamente graduadas, em 1962, 1964 e 1967, de modo que a revolução generalizada de 1969 encontrou católicos prontos para a novidade. De fato, ainda hoje o rito do NOM inclui opções para o celebrante, que torna a este possível celebrá-lo como uma cerimônia de puro sangue da nova religião humanista, ou como uma cerimônia que lembra a verdadeira Missa, semelhante o suficiente para enganar muitos católicos, fazendo-os acreditar que não há diferença significante entre o velho e o novo rito. É claro que na realidade, como Monsenhor Lefebvre sempre dizia, é melhor o velho rito numa língua moderna, que o novo rito em latim, por causa da diminuição ou clara falsificação da doutrina católica da Missa no NOM.
Além destes dois fatores, a imposição oficial das mudanças e o caráter às vezes opcional destas, intrínsecos ao NOM, são mais que suficientes para explicar porque hoje deve haver milhares de católicos que querem e pretendem ser católicos ainda que assumam que a maneira correta de agir é assistir ao NOM todo domingo. E quem ousará dizer que em meio a essa multidão não há pessoas que ainda estejam alimentando sua fé obedecendo o que lhes parece ser (subjetivamente) sua obrigação (objetiva)? Deus é seu juiz, mas por quantos anos simplesmente a maioria dos seguidores da Tradição católica não teve de ir ao NOM antes de compreender que sua fé a obrigava a não fazer isto? E se o NOM os tivesse feito perder a fé por todos estes anos, como teriam eles chegado à Tradição católica? Dependendo de como o celebrante usa as opções do NOM, nem todos os elementos que podem nutrir a fé são necessariamente eliminados, especialmente se a consagração é válida, uma possibilidade que ninguém que saiba sua teologia sacramental pode negar.
Entretanto, dados a fraqueza da natureza humana e o risco de encorajar os católicos a seguirem a nova e fácil religião por causa destas últimas palavras ditas em favor de seu rito central de culto, por que então dizer uma palavra em favor de qualquer característica da Neoigreja? Por ao menos duas razões. Em segundo lugar, para afastar o desprezo potencialmente farisaico em relação aos crentes que estão fora do movimento tradicional; e, em primeiro lugar, para afastar o que começa a ser chamado de “eclesiavacantismo”, a saber, a ideia de que na Neoigreja não restou nada de católico. Em teoria, a Neoigreja é pura podridão, mas na prática essa podridão não pode existir sem algo que ainda não apodreceu e que está ali com potência para apodrecer. Todo parasita necessita de um hospedeiro. Tendo esse particular hospedeiro: a verdadeira Igreja, desaparecido completamente, não teriam então as portas do inferno prevalecido sobre ela? Mas isto é impossível (Mt. XVI, 18).
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