Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Conferência de Mons. Fellay em Michigan, EUA, em 3 de fevereiro: citações inéditas

Por Non Possumus      

      Esta entrada é a continuação desta outra.

      Demo-nos ao trabalho de escutar a conferência completa em inglês, e em seguida lhes damos a conhecer alguns extratos – não publicados no artigo da FSSPX.NEWS – da conferência de Mons. Fellay em 3 de fevereiro de este ano no Priorado St. Joseph, de Michigan, USA:

      Após repassar a história da Fraternidade e suas idas e vindas de Roma desde o ano 2000, torna a falar do demolidor Bergoglio, a quem chama “nosso querido papa Francisco”:

      O Papa Francisco me disse que foi provavelmente o Espírito Santo quem inspirou o papa Bento a não seguir adiante (com a excomunhão) e deixar o assunto ao próximo papa. O papa Francisco se negou a firmar nossa excomunhão. Ele me disse: Eu não os condenarei. Ao Cardeal Castrillón, o papa lhe disse: “Eu nunca condenarei a Fraternidade”. O Papa nos disse: “Vocês são católicos”. Eu sei, todo mundo sabe todos os problemas que temos na Igreja por causa de nosso querido Papa Francisco, e ao mesmo tempo, o mesmo papa nos diz: Eu não condenarei a Fraternidade. Ele nos disse: “Causam-me problemas em Roma porque sou gentil convosco. E eu lhes digo: Escutem, eu tenho os anglicanos, tenho aos protestantes, porque não posso ter estes católicos?” Isso é o que me disse! [Parece que Mons. Fellay não se deu por insultado ao ser posto num mesmo nível com os anglicanos e os protestantes] Está claro que o papa tem tido gestos a nosso favor e os têm multiplicado, em diferentes níveis, a maioria são desconhecidos, são pequenos, são práticos, e posso dizer que o papa está pronto para nos ajudar. Por exemplo houve uma peregrinação. Queríamos entrar nas igrejas e dizer ali as missas, em Toma. Os argentinos fizeram saber ao papa e dito e feito. [Com razão os sacerdotes da Fraternidade não disseram nada contra Francisco nesta ocasião! É descortesia criticar dos púlpitos a um papa benfeitor! Que acontecerá, então, quando Francisco outorgar finalmente a prelatura à FSSPX, “fazendo um grande ato de justiça”, “saldando uma dívida de longas décadas”, “fechando uma ferida que sangra há mais de 40 anos”, “restituindo seus direitos à Tradição”, e “abrindo um imenso campo de apostolado à Tradição”?] Teríamos problemas na Argentina com o governo: era um verdadeiro problema para nós resistir no país, os vistos, etc. O papa interveio pessoalmente, de maneira absolutamente pessoal em todos os níveis. Conseguiu que fôssemos reconhecidos como uma entidade católica na Argentina. Chamou-os a todos, incluindo o nosso priorado. Imagine-se quando o irmão contestou o telefone... [imaginem-se quando o Papa “regularizar” à Fraternidade...] Ele faz isso.

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 52

Mosteiro da Santa Cruz

24 de fevereiro de 2018


“Vox túrturis audita est in terra nostra”     

(Cant. II, 12)



      Que questão atual poderá comparar-se em gravidade à questão da gnose, que é a doutrina da Anti-Igreja? E o que é a Anti-Igreja senão este corpo do qual o demônio é a cabeça e o maus, os membros? Estes membros, outrora dispersos, unir-se-ão progressivamente até a vinda do Anticristo, cuja oposição a Nosso Senhor e à sua Igreja será completa e aparentemente triunfante, mas seu triunfo, de curta duração. Na verdade, o verdadeiro triunfo caberá à Igreja Católica, cujos membros santificar-se-ão pela paciência e obterão a vida eterna, enquanto que o Anticristo e os que obstinadamente perseverarem em segui-lo irão para o fogo eterno em punição de seus crimes, juntamente com Lúcifer e os anjos rebeldes.

      Esta oposição entre a Igreja e a Anti-Igreja é a essência do drama que vivemos e que durante o Concílio Vaticano II opôs os bispos fiéis à Igreja aos bispos liberais imbuídos, em maior ou menor grau, das doutrinas maçônicas.

      Todo o drama entre Dom Lefebvre e a Igreja Conciliar, todo o drama que divide a Tradição a respeito dos acordos com Roma, todo o drama que caracteriza o mundo atual encontra sua explicação na irredutível oposição entre a doutrina católica e a gnose, entre a Igreja Católica e a Anti-Igreja.

      Alguns poderão achar simplista esta afirmação, mas leiam os documentos pontifícios, leiam o que os Papas ensinaram a esse respeito, e verão como o combate entre a Igreja militante e seus cruéis inimigos (o demônio, o mundo e carne) se resume nesse combate entre a Igreja e a Anti-Igreja. Que foi o Concílio Vaticano II senão o triunfo das ideias maçônicas do Estado neutro e do relativismo doutrinal? Por que Roma quis os acordos com Dom Lefebvre (que os recusou) e os quer com os superiores da Fraternidade, senão para integrá-los como integrou Campos? E integrar para quê? Para que triunfe a Anti-Igreja. Mesmo o que parece não ter conexão com este combate está ligado a ele. Que mais deseja a Anti-Igreja senão a destruição da Igreja?

      A doutrina da Igreja está consignada nos documentos do seu Magistério infalível, enquanto que a doutrina da Anti-Igreja está na gnose, a qual, carecendo de um magistério, procura uma sistematização através de autores como René Guénon, que preparam as bases doutrinais para o advento do Anticristo. Isto explica a imprecisão, mais aparente do que real, de sua doutrina, que, de fato, está ainda em vias de finalização e que não chegará nunca a uma perfeita definição, pois o erro é por natureza obscuro.

      Que Nossa Senhora, que esmagou a cabeça da serpente, nos assista e proteja contra os inimigos do reino de seu divino Filho.

+ Tomás de Aquino OSB



U.I.O.G.D

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Comentários Eleison DLLIII (553) - Paternidade Hoje - I

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei

17 de fevereiro de 2018


Pobres pais! Será que não há nada que possamos fazer?
Fiquem atentos, na próxima semana uma ou duas ideias iremos trazer.


      Há quase 20 anos um sacerdote da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, mestre de uma casa de retiros inacianos na França e, portanto, em contato direto com os problemas das famílias católicas tradicionalistas, escreveu um excelente editorial sobre Como os nossos jovens estão evoluindo. Ele pinta uma imagem sombria, e infelizmente, desde então, ela só se tornou mais obscura. Não devemos desesperar, mas, por outro lado, os pais devem ver as coisas como são. Não é como se os jovens de hoje não tivessem culpa, mas os pais devem fazer todo o possível para colocá-los no caminho para o Céu, porque ainda hoje essa é a responsabilidade dos pais. Aqui está a imagem obscura, adaptada e abreviada de Revue Marchons Droit, nº 90, avril-mai-juin, 2000:

      Vemos nos retiros jovens crescendo incapazes de reconstruir a Cristandade. Os sacrifícios feitos por pais e professores parecem não ter dado frutos proporcionais. Algo não está funcionando, claramente, e se não reagirmos, então dentro de duas gerações seremos engolidos pelo espírito do mundo.

      Os jovens entre 18 e 30 anos de idade que observamos são profundamente ignorantes sobre a crise na Igreja e no mundo, não porque não tenham sido ensinados, mas por falta de interesse. Em termos gerais, eles seguem a linha de seus pais, mas eles não podem explicar por conta própria o que está errado com a Nova Missa, com o Vaticano II, com a Nova Ordem Mundial. Nunca tendo tido de lutar, defender suas crenças ou resistir, e nunca tendo estudado por si mesmos, quando eles conhecem o mundo, cedem facilmente. Eles querem ser como todos os outros, não querem ser diferentes, não têm a convicção pessoal de defender a Tradição Católica, e, ao invés de serem apóstolos de Cristo, pouco a pouco vão com a corrente.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 51


17 de fevereiro de 2018


“Vox túrturis audita est in terra nostra”     

(Cant. II, 12)

      O Evangelho do primeiro domingo da Quaresma nos mostra Nosso Senhor em combate singular com o demônio. Isto se dá logo após o batismo de Nosso Senhor, no Jordão, para nos lembrar de que todo aquele que é batizado terá de enfrentar o demônio, que inveja os que vivem na graça divina, que é, segundo a palavra de São Pedro, uma participação da natureza divina. “Meu filho, quando entrares no serviço de Deus, persevera firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a tentação.”, diz o Eclesiástico (2,1).

      Santo Tomás indica cinco razões pelas quais a alma em estado de graça é tentada. A primeira é para ter conhecimento desta mesma graça: “Quem não é tentado, que sabe ele?” (Eclesiástico 39,9). A segunda é para reprimir a soberba, conforme as palavras de São Paulo: “E, para que a grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi-me dado o estímulo da minha carne, um anjo de Satanás, que me esbofeteia.” (II Cor. 12,7). A terceira é para confusão do demônio, para que ele saiba quão grande é a virtude do Cristo que ele não pode superar. Assim foi com Jó, do qual Deus disse ao demônio: “Não consideraste meu servo Jó?” (Jó 1,8). A quarta é para tornar mais fortes os que são tentados, como está dito no livro dos Juízes que Deus deixou inimigos no meio dos hebreus para que estes, combatendo-os, se fortalecessem. A quinta é para que o católico conheça a sua dignidade, da qual o demônio tenta privá-lo, tentando fazê-lo cair no pecado.

      Resistamos, pois, fortes na fé, como nos exorta São Pedro (I Pd. 5,9), e nesta Quaresma armemo-nos com as armas da oração e da penitência, lembrando-nos de que aqueles que combaterem segundo as leis da Igreja terão os seus nomes inscritos no livro da vida.

      Que a Virgem Santíssima, que esmagou a cabeça da serpente infernal, obtenha-nos a vitória, pelos méritos infinitos de seu divino Filho, que disse ao tentador: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: O Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás” (Mt. 4,10).  “Então, diz o Evangelho de São Mateus, os anjos se aproximaram e o serviram.” (Mt 4,11). Assim também ocorre com todos os que confiam em Deus Nosso Senhor e em sua Mãe, Maria Santíssima.



+ Tomás de Aquino OSB

  

U.I.O.G.D

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Comentários Eleison DLII (552) - Defendendo Menzingen

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Leticia Fantin
Blog Borboletas ao Luar

10 de fevereiro de 2018



Desde cima reina a confusão,
Rezem pelo Papa e pelos Bispos, antes que venham a falecer!

      Graças às palavras e aos atos diretamente anticatólicos dos últimos cinco anos manifestados pelo presente ocupante da Sé de Pedro, delinquências estas cujo caminho fora inaugurado pelo Vaticano II, é menos compreensível que nunca que os sucessores de Dom Lefebvre ainda queiram colocar a Fraternidade sob o controle romano; mas, de fato, eles querem. Um chapéu cardinalício ser-lhes-ia atraente? Teriam cansado da batalha? Estariam desesperados para serem “reconhecidos” pelos conciliaristas? E a pensar realmente que o Arcebispo aprovaria o que estão fazendo? Só Deus o sabe. Independentemente do que seja, os servidores de Menzingen ainda estão tentando defender seus vinte anos de desvio da posição do Arcebispo. Eis dois exemplos recentes:

      Em primeiro lugar, para defender a política de Dom Fellay de aceitar de Roma uma prelazia pessoal, um padre da Fraternidade (http://fsspx.news/en/content/34797) parece pensar que tal prelazia garantirá a ela proteção contra os modernistas em Roma. Mas Roma controlará ou não a prelazia? Se ela estiver no controle, demorará o tempo que for necessário, como aconteceu com a Fraternidade São Pedro, mas usará seu controle lentamente para estrangular a Tradição dentro da prelazia. Pensar o contrário é simplesmente não ter compreendido o que esses romanos são.  “Somente santos acreditam no mal”, disse Gustavo Corção. O Arcebispo os chamava “anticristos”. E se a prelazia não os colocasse no controle, eles nunca a concederiam, antes de mais nada.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 50

Mosteiro da Santa Cruz

10 de fevereiro de 2018


“Vox túrturis audita est in terra nostra”     
(Cant. II, 12)

      
      Ao estudo do Rev. Pe. Joaquim FBMV o Sr. Olavo de Carvalho respondeu com muitos insultos e poucos argumentos. Mas havia também argumentos. Tomemos um deles: O que está escrito na revista Verbum não reflete o pensamento do Sr. Olavo de Carvalho, mas sim o de Guénon e o de Schuon; talvez o de Lee Penn, o de Charles Upton, o de Ananda Coomaraswamy, de Whitall M. Perry; do Sr. Olavo não. Apenas a conclusão seria dele.

      Seria o caso de perguntar: Quem lê? Quem entende o que leu? Quem retém o que entendeu? Pensamos que é o Pe. Joaquim que leu, entendeu e reteve o que entendeu.

      Quem tem ouvidos, ouça. Quem não os tem, ou quem prefere não ouvir, ser-lhes-ia mais acertado procurar os sacramentos junto a outros padres, pois sacramentos vão de par com a doutrina.

      Ainda um argumento que não deixa de ser insultante. Vejamos sua força, ou melhor, sua fraqueza.

      O Sr. Olavo escreve:

      “E eis porque os que posam de defensores da verdade sem jamais tê-la buscado, os que creem conhecê-la tão somente porque a receberam pronta de uma cátedra ou de um púlpito, ERRAM SEMPRE, ainda que partindo de premissas fundadas por Deus em pessoa.”

      Notemos os termos: “posam”, “jamais”, “creem conhecê-la”, “pronta”, “cátedra”, “púlpito”, “erram sempre”.

      O “pronta” é revelador. Receber a verdade pronta. Que quer dizer receber a verdade “pronta”? Seria recebê-la sem compreendê-la? Ou seria também recebê-la compreendendo-a? O fato de ela chegar “pronta” ou “não pronta”, que diferença faz? O esforço ou não esforço para obtê-la é uma diferença? Sim. Mas esta diferença é exterior ao ato de compreender. Compreender é receber. Pouco importa o canal (cátedra, púlpito, livro, aula, conversa, etc.). O que importa é o resultado. Neste resultado há uma ação da parte do que recebe. Há uma tomada de posse e ela tem um nome: conhecer. É isto que importa. E este conhecimento exige uma atenção, e esta atenção exige um desejo, e este desejo tem um nome: amor. Amor da verdade.

      Tomemos outro termo: “jamais”; “sem jamais tê-la buscado”. Buscado o quê? A verdade? Jamais? Que sabe o Sr. Olavo de Carvalho? Quem se faz religioso, quem deixa a pátria para formar-se, para receber a mais segura doutrina, a verdadeira doutrina do Magistério da Igreja; que faz ele?

      Deixemos a última palavra a Welder Ayala, no livro “É assim porque Deus o quis”. Que diz ele? Que a filosofia de Olavo de Carvalho é perigosa para a fé. Leiam o livro e os argumentos apresentados. Concordamos com o autor e o felicitamos.



+ Tomás de Aquino OSB



U.I.O.G.D

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Comentários Eleison DLI (551) - Igreja Oficial?

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar


Manobrar, esquivar, enganar, defraudar, Roma poderá,
Mas certo por linhas tortas Deus escreverá.

      É preciso ter muito cuidado com as palavras, porque com as palavras nossa mente opera sobre as coisas, e as coisas constituem a vida cotidiana. Portanto, das palavras depende o modo como conduziremos nossas vidas. Na igreja paroquial emblemática da Fraternidade de São Pio X em Paris, França, existe um sacerdote da Fraternidade que tem o devido cuidado com as palavras. O Pe. Gabriel Billecocq escreveu na edição do mês passado (nº 333) da revista mensal da paróquia, Le Chardonnet, um artigo intitulado "Você disse 'Igreja oficial'?". No artigo ele nunca menciona a Sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça, mas reclama do "desejo" que vem de algum lugar, presumivelmente de cima, de que as palavras "Igreja conciliar" devem ser sempre substituídas pelas palavras "Igreja oficial". E ele está certo, porque as palavras "Igreja conciliar" são perfeitamente claras, enquanto as palavras "Igreja oficial" não são claras, mas ambíguas.

      Pois, por um lado, "Igreja conciliar" significa claramente que grande parte da Igreja de hoje está mais ou menos envenenada com os erros do Concílio Vaticano II. Esses erros consistem essencialmente na centralização do homem no centro da Igreja, que deveria estar centrada em Deus. Por outro lado, "Igreja oficial" é uma expressão com dois significados possíveis. Pode antes significar que a Igreja foi oficialmente instituída por Cristo e trazida oficialmente para nós ao longo dos tempos pela sucessão de Papas, e a essa "Igreja oficial" nenhum católico pode opor-se, pelo contrário. Ou "Igreja oficial" pode significar a massa dos funcionários da Igreja dedicados ao Vaticano II que durante o último meio século tem usado seu poder oficial em Roma para infligir aos católicos os erros conciliares, e a esta "Igreja oficial" nenhum católico pode não opor-se. Portanto, "Igreja conciliar" expressa algo automaticamente mal, enquanto "Igreja oficial" expressa algo bom ou mal, dependendo de qual dos dois significados esteja sendo dado. Portanto, substituir "Igreja conciliar" por "Igreja oficial" é substituir a clareza pela confusão, e também impede que os católicos se refiram ao mal do Vaticano II.

      O Pe. Billecocq nunca sugere que o Quartel-General da Fraternidade tenha "desejado" tal coisa, mas um fato e uma especulação o sugerem. Quanto ao fato, no início deste mês, o Superior do Distrito Francês da Fraternidade, o Pe. Christian Bouchacourt, entrevistado em público sobre as próximas eleições em julho, disse: "Assim que um Superior Geral for eleito, o Vaticano será imediatamente notificado da decisão". Essa notificação do Vaticano pela Fraternidade sobre as eleições desta nunca foi feita antes. E sugere fortemente que os atuais líderes da Fraternidade esperam que Roma não só seja informada, mas também que dê sua aprovação oficial à escolha de seus líderes – para que notificar, senão para conseguir aprovação? O que mais a Neofraternidade implorará da Neoigreja? O que não implorará? Como se afastou a Fraternidade dos tempos em que a fé do Arcebispo Lefebvre costumava fazer Roma implorar!

      Quanto à especulação, se ouve que dois candidatos principais estão sendo preparados por Menzingen para que os eleitores escolham como Superior Geral nas eleições de julho da Fraternidade, pois o posto não será mais ocupado por um Bispo. Suponha-se que Roma já está no controle virtual dessas decisões importantes que estão sendo tomadas dentro da Sede da Fraternidade. Nesse caso, Roma não tem muito por que temer que algum desses dois candidatos mudem substancialmente as políticas pró-romanas do Bispo Fellay, enquanto possa ter muito que ganhar com a aparência de uma mudança no topo, e ela pode ser capaz de fazer uso do Bispo Fellay em Roma como  líder de uma Congregação Ecclesia Dei "renovada", que inclua todas as comunidades tradicionais, incluindo sua própria antiga Fraternidade.

      Quem pode duvidar da habilidade dos romanos para tirar vantagem de todas as situações? A menos que... a menos que existissem novamente na Fraternidade a Fé e a Verdade que foram a força motriz do Arcebispo Lefebvre e de sua vitória sobre todos os liberais e modernistas em Roma. Esses demônios se esforçam para desfazer de uma vez por todas a Tradição Católica de Deus, que é o obstáculo potencial mais grave para sua nova Religião Mundial Única. E Deus pode exigir nada menos que o sangue dos mártires católicos para detê-los. Os mártires que vêm de entre os sacerdotes e os leigos da Fraternidade serão a sua glória.

      Kyrie eleison.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus - Nº 49


03 de fevereiro de 2018


“Vox túrturis audita est in terra nostra”     

(Cant. II, 12)

         Há uma Metafísica comum a todas as religiões? Não. As falsas religiões se opõem à religião católica também em Metafísica.

      Que Metafísica têm os hindus? Uma Metafísica panteísta. Que Metafísica têm os modernistas? Uma Metafísica idealista. E os persas? Dualista. E assim por diante.

         As questões podem ser comuns, mas não as respostas. Guénon pode falar de união entre o que conhece e o que é conhecido, mas esta união não é a mesma para ele e para Santo Tomás.

         Em teoria, a Metafísica poderia ser comum à verdadeira religião e às falsas, já que a Metafísica é um conhecimento natural, e não sobrenatural. Nos fatos isso não acontece, e foi a Igreja, com o peso de sua autoridade, que salvou a Metafísica. São Pio X a prescreveu para os seminários e alertou, na Pascendi, sobre o perigo de afastar-se de Santo Tomás, sobretudo em Metafísica.

     Pio XII, falando da Filosofia de Santo Tomás, que sendo discípulo de Aristóteles completou-o e corrigiu, disse que ela era a “Filosofia da Igreja”. Ela é a Filosofia da Igreja, a Metafísica da Igreja, porque ela é a “Metafísica natural da inteligência humana”, segundo a feliz expressão de Bergson. Podia ser de outro modo, mas não foi. Isto é devido à ferida que o pecado original causou em nossa natureza. Daí a necessidade da graça, mesmo para fazer boa Filosofia. Não é uma necessidade absoluta, mas chega perto. Basta ver as aberrações que a humanidade já produziu e produz a cada dia.

        Voltaremos ao assunto. Por ora, lembremos a célebre frase de Chesterton, que cito de memória: “Expulsai o sobrenatural; não ficará nem mesmo o natural”, ou seja, nem a Metafísica.



+ Tomás de Aquino OSB



U.I.O.G.D

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Comentários Eleison DL (550) - Mozart em Broadstairs

Por Dom Richard N. Williamson

27 de janeiro de 2018


Um mundo desequilibrado, desarmonioso, triste,
Para alinhar as almas é necessário Mozart, sábio e alegre.



      Entre as 18h da tarde da quinta-feira 23 de fevereiro e o meio-dia do domingo 25 de fevereiro, haverá na Casa Rainha dos Mártires em Broadstairs um modesto final de semana musical apresentando exclusivamente a música do famoso compositor austríaco do final do século XVIII, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Por que a música, quando o mesmo tempo e esforço poderiam ser gastos em algo mais diretamente religioso? E por que Mozart em particular?

      Por que música? Porque a música é um dom de Deus para o mundo que Ele criou, uma expressão da harmonia no centro de Seu universo, ao qual todos os membros vivos desse universo respondem, não apenas os anjos e os seres humanos, mas até os animais e as plantas ao seu modo. Quanto às plantas, os pesquisadores do Colorado, nos EUA, construíram quatro caixas com medidas de luz, ar, umidade, solo e plantas idênticas em todas as quatro, e canalizaram para três delas cantos gregorianos ou música clássica ou rock, enquanto a quarta eles deixaram no silêncio. Com o rock, a planta cresceu mas murchou, com o gregoriano ela floresceu, com a música clássica e o silêncio, o resultado foi intermediário. Quanto aos animais, muitos vaqueiros colocam música calma em seus estábulos no momento da ordenha para aumentar a produção de leite, assim como nos supermercados colocam-se música tranquila para aumentar o volume de compras pelos clientes humanos. Surpreendente? Foi Deus quem a criou para nós, e não nós mesmos (Sl IC, 3); somos Suas criaturas com a parte harmoniosa que Ele projetou para que possamos brincar em Seu universo como um todo.

      Para os seres humanos, a música é a linguagem suprema dada por Deus para o acesso à harmonia d’Ele, mesmo que, como Brahms, não se acredite em nenhum Deus. A música é, portanto, natural para os seres humanos, e tem uma enorme influência moral sobre eles, para o bem ou para o mal. À medida que a Madre Igreja recorre ao gregoriano e à polifonia para elevar as almas para o Céu, então o Demônio utiliza o Rock e todo tipo de música moderna para carregar as almas para o Inferno. “Diga-me qual é tua música, e eu te direi quem és”, diz o ditado. Quase todos os homens têm alguma música em si, e ai daquele que não tiver – diz Shakespeare (O Mercador de Veneza, V, 1):