Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus nº 64 - Sagrações III

Mosteiro da Santa Cruz
30 de junho de 2018

“Vox túrturis audita est in terra nostra”     
(Cant. II, 12)


Sagrações III


      Em sua carta aos futuros bispos que Dom Lefebvre ia sagrar no dia 30 de junho de 1988, ele afirma a união do sacrifício da missa e da doutrina de Cristo-Rei.


      “Assim, escreve ele, aparece com evidência a necessidade absoluta da permanência e da continuação do sacrifício adorável de Nosso Senhor para que ‘venha a nós o seu Reino’. A corrupção da Santa Missa teve como consequência a corrupção e a decadência universal da fé na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

      Deus suscitou a Fraternidade Sacerdotal São Pio X para a permanência e perpetuidade de seu sacrifício glorioso e expiatório na Igreja. Ele escolheu para si verdadeiros sacerdotes instruídos e convictos destes mistérios divinos. Deus me deu a graça de preparar estes levitas e de conferir-lhes a graça sacerdotal para a continuação do verdadeiro sacrifício, segundo a definição do Concílio de Trento.

      É isto que nos mereceu a perseguição da Roma anticristo. Esta Roma modernista e liberal, prosseguindo sua obra de destruição do Reino de Nosso Senhor, como o provam Assis e a confirmação das teses liberais do Vaticano II sobre a liberdade religiosa, eu me vejo obrigado pela Divina Providência a transmitir a graça do episcopado católico que eu recebi, afim de que a Igreja e o sacerdócio católico continuem a subsistir, para a glória de Deus e a salvação das almas.

      Eis porque, convencido de não realizar senão a santa vontade de Nosso Senhor, venho por meio desta carta pedir-lhes que aceitem a graça do episcopado católico, como eu já a conferi a outros padres em outras ocasiões.

      Eu vos conferirei esta graça do episcopado católico, confiando que sem tardar a Sé de Pedro será ocupada por um sucessor de Pedro perfeitamente católico, nas mãos do qual os senhores poderão depor a graça do vosso episcopado para que ele a confirme.”


      Não tendo a Santa Sé ainda sido ocupada por um fiel sucessor de São Pedro, nós não podemos depor esta graça nas mãos do Soberano Pontífice. Muito pelo contrário, é um dever manter-nos separados desta Igreja conciliar enquanto ela não reencontrar a tradição do Magistério da Igreja e da fé católica, como fizeram Dom Marcel Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer.



+ Tomás de Aquino OSB





U.I.O.G.D

domingo, 23 de setembro de 2018

Voz de Fátima, Voz de Deus nº 63 - Sagrações II

23 de junho de 2018

“Vox túrturis audita est in terra nostra”     

(Cant. II, 12)



Sagrações II

 Se as circunstâncias da crise atual não tivessem forçado Dom Lefebvre, ele jamais teria sagrado bispos sem a autorização de Roma. Ele mesmo havia escrito que, se sua obra era de Deus, Deus suscitaria bispos para ordenar os seus seminaristas. Mas a Providência, que fala através dos acontecimentos, mostrou que não era de fora da Tradição que ele deveria esperar o auxílio necessário. O mal havia ido longe demais. Roma estava, e está, ocupada por inimigos de Nosso Senhor, inimigos tenazes que não abrem mão das suas conquistas. Mesmo hoje, Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer permanecem excomungados aos olhos da Roma modernista e liberal.

Escutemos as palavras de Dom Lefebvre, escrevendo aos quatro escolhidos para receberem o episcopado. Esta carta data do dia 22 de agosto de 1987. Dom Lefebvre não esconde a dura realidade, mas revela também o meio de preservar o depósito da fé e os sacramentos, para que a Igreja continue e atravesse vitoriosamente esta crise.

“A cátedra de Pedro, escreve ele, e os postos de autoridade de Roma estando ocupados por anticristos, a destruição do Reino de Nosso Senhor avança rapidamente no interior do seu Corpo Místico neste mundo, especialmente pela corrupção da Santa Missa, expressão esplêndida do triunfo de Nosso Senhor pela Cruz, “Regnavit a ligno Deus”, e fonte de extensão do seu reino nas almas e na sociedade.”

Continuaremos a transcrever esta carta no próximo número. Ela é essencial para compreender o ato heroico de Dom Lefebvre cujo trigésimo aniversário celebraremos no dia 30 deste mês de junho.





+ Tomás de Aquino OSB





U.I.O.G.D

Voz de Fátima, Voz de Deus nº 62 - Sagrações I

16 de junho de 2018

“Vox túrturis audita est in terra nostra”     

(Cant. II, 12)

Sagrações I 

      Ao aproximar-se o trigésimo aniversário das sagrações de 1988, é necessário recordar as razões desta decisão heroica de Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer.

      Durante vários anos, Dom Lefebvre esperou uma mudança da parte das autoridades romanas. Ele não só seguia atentamente o que se passava em Roma, mas também preparava sacerdotes, religiosos e fiéis para uma eventual sagração.

      Em 1987 ele anunciou sua decisão, e teria realizado estas sagrações naquele mesmo ano se não fossem as propostas conciliadoras de Roma; propostas nas quais ele não confiava muito, mas mesmo assim ele aceitou fazer mais uma tentativa.

      “Fui longe demais”, teve ele de constatar. Não podendo cooperar com autoridades imbuídas de Liberalismo, Dom Lefebvre retirou sua assinatura do protocolo de acordo que ele havia assinado e tomou sobre si a responsabilidade das sagrações de 1988. Pela mesma ocasião, ele advertiu Dom Gérard Calvet sobre o perigo de fazer qualquer acordo com Roma, enquanto esta estivesse ocupada por homens que não professam a integridade da fé católica.

      Dom Gérard Calvet não seguiu o conselho de Dom Lefebvre, como Campos, doze anos mais tarde, também não o fez.

      Nosso dever, e o dever de todo sacerdote que quer permanecer católico, consiste em manter-se distante desta Igreja conciliar até que as autoridades atuais retornem à doutrina católica da qual elas se afastaram desde o Concílio Vaticano II e desde as reformas inspiradas por este mesmo Concílio, sobretudo a reforma litúrgica e a do Código de Direito Canônico.

      Para resumir todo este drama, não há outra palavra senão Liberalismo. Voltaremos ao assunto, se Deus quiser.





+ Tomás de Aquino OSB

Comentários Eleison DLXXXIII (583) - A carta de Viganò

Por Dom Richard N. Williamson
15 de setembro de 2018
Borboletas ao Luar


Se se afrouxa a doutrina, o comportamento é corrompido diretamente,
A doutrina que tem o Salvador é a católica somente.

Um leitor escreveu-nos algumas perguntas sobre a carta de onze páginas do ex-Núncio Apostólico dos Estados Unidos, o arcebispo Viganò, que declarou, com muitos detalhes e citação de nomes, que há imensa corrupção moral apodrecendo o clero católico naquele país, e que a responsabilidade pelos crimes implicados chega até mesmo ao topo da Igreja. No momento em que escrevo estes “Comentários”, o escândalo causado pela carta é imenso, e tem repercussão generalizada. Ninguém pode dizer neste momento quais serão as consequências finais. Aqui estão as quatro perguntas do leitor com respostas breves. 

1. Que se deve pensar da carta de Viganò? É tão séria quanto parece?

Sim, pois Dom Viganò dá todos os sinais de ser um homem honesto. Em 2011 ele foi exilado de Roma e enviado aos Estados Unidos porque estava tentando, com sucesso, limpar as finanças do Vaticano. No momento em que escrevo, está escondido porque teme por sua vida. Ele tem inimigos sérios.

 2. A carta será uma bomba na Igreja ou mero fogo de palha, sem mais consequências?

O tempo dirá. Certamente a corrupção no alto escalão da Igreja acompanha a corrupção no alto escalão dos poderes que estão no mundo, políticos, banqueiros, meios de comunicação e assim sucessivamente. Satã governa, porque os satanistas estão vinculados entre si em todos os domínios, e não permitirão, se puderem, que um simples Arcebispo perturbe seu cartel. Mas na verdade é Deus quem segura o chicote. As pessoas estão se voltando para Ele ou não? Se não, Ele permitirá que os servos de Satanás continuem açoitando a Igreja e o mundo na Nova Ordem Mundial. Se elas se voltam para Ele, em breve poderemos ter a Consagração da Rússia.

3. O escândalo fará Menzingen repensar a busca por reconhecimento da parte do Papa e de Roma?

Certamente deveria, mas temo que não. Desde muitos anos o quartel-general da Fraternidade em Menzingen está nas nuvens, e os liberais não mudam sua doutrina. Para os liberais, é a realidade que está errada. A todo custo o reconhecimento oficial para a Fraternidade deve ser obtido junto a Roma, por isso o Papa Francisco ainda deve ser tratado como um amigo por seus líderes. Talvez Menzingen possa admitir que eles estiveram errados por vinte anos, mas não será fácil para eles mudarem de curso. Dom Lefebvre, ao contrário, decidiu há trinta anos deixar que os Papas conciliares seguissem seu caminho. A carta de Viganò com certeza não o teria surpreendido.

4. O que fez o Arcebispo tão clarividente?

Doutrina. Se se raspa muitos ocidentais materialistas de hoje, se encontrará herdeiros do protestantismo, que tendem a filtrar mosquitos e a engolir camelos (Mt. 23, 24), o que significa que são mais severos com os pecados da carne do que com os do espírito, como o erro doutrinal ou a heresia. Atualmente os pecados da carne são suficientemente graves para contribuir para a danação eterna de grande número de almas que caem no Inferno – assim disse Nossa Senhora às crianças de Fátima. Mas é a heresia que abre passagem para este tipo de pecado. Veja Romanos 1, 21 a 31. Infringir o primeiro mandamento leva à impureza em geral (21-24), ao homossexualismo em particular (26-27), e a todo tipo de pecados em geral (28-32). Em outras palavras, é o primeiro mandamento que é primeiro, não o sexto.

Assim, o verdadeiro escândalo denunciado por Dom Viganò é mais implícito do que explícito. São menos os pecados perversos da carne que se amotinam nos homens da Igreja do alto escalão do que a idolatria oficial cometida pelo Vaticano II em seus documentos que fizeram mais do que qualquer outra coisa para tirar os freios católicos contra a imoralidade. Se nenhum Estado deve coagir em público religiões doutrinariamente falsas (Dignitatis Humanae), por que eu deveria observar a moral católica que especialmente põe limites à minha liberdade? Se o Inferno é mera “doutrina” da Igreja, por que isto deveria impedir-me de pecar como eu queira? O Vaticano II (“Nostra Aetate, Unitatis Redintegratio”) declarou que várias religiões além do catolicismo têm seus pontos bons. Acaso não é a própria Igreja Católica que me ensina que eu realmente não preciso ser católico?

Kyrie eleison.

Traduzido por Leticia Fantin.

sábado, 8 de setembro de 2018

Comentários Eleison DLXXXII (582) - Para onde, Resistência? - II

Por Dom Richard N. Williamson
8 de setembro de 2018
Tradução: Borboletas ao Luar


Resistentes, nenhum de nós pode renunciar!
Somos parte de um grande e glorioso desígnio de Deus!

      Quando João Paulo II se tornou Papa em 1978, vários católicos estavam sinceramente esperançosos de que a situação na Igreja seria melhor do que tinha sido sob Paulo VI, mas lembro-me do Arcebispo Lefebvre dizendo que se João Paulo II não limpasse a casa em Roma nos primeiros seis meses de seu pontificado, ele não seria capaz de romper com as políticas estabelecidas em Roma por Paulo VI. Da mesma forma, se o Pe. Pagliarani não limpar logo a casa no topo da Fraternidade, os seguidores de Dom Fellay que o rodeiam poderão impedi-lo de fazer qualquer mudança significativa nas políticas desastrosas de seu predecessor. A podridão que começou com o GREC na década de 1990 teve tempo de fincar raízes bem profundas.

      Portanto, se alguém está preocupado com o futuro da “Resistência”, sob o argumento de que a Fraternidade está voltando ao bom caminho com o novo Superior Geral, pelo que a “Resistência” não seria mais necessária, a primeira parte da resposta é que ainda não é certo que a Fraternidade está retomando o bom caminho. Devemos esperar e ver. O Pe. Pagliarani é um bom homem, ele certamente tem boas intenções, e nós rezamos por ele; mas se ele escolhe, antes de mais nada, unir liberais e antiliberais dentro da Fraternidade por meio de compromissos humanos e políticos, nunca salvará a Fraternidade de seu atual declínio. Nossa fé é nossa vitória sobre o mundo, diz São João (1 Jo 5, 4), e não nossas políticas. Portanto, a "Resistência", aquele pequeno e disperso grupo de Bispos, padres e leigos que fazem o possível para resistir às políticas desastrosas de Roma e de Menzingen, ainda não pode deixar de resistir, por mais desorganizada que seja, por mais ineficaz que possa parecer. Alguém na Igreja deve lutar pelo que o Arcebispo Lefebvre lutou.

      Pois, realmente, em segundo lugar, imagine um convertido sendo levado pela graça de Deus, mesmo hoje, à fé católica. Por seus próprios princípios, a fé deve encarnar-se em algum lugar. É muito provável que ele não a encontre nas palhaçadas do Novus Ordo. Afasta-se então da Igreja conciliar em direção à Tradição. Encontra a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, mas então descobre que ela está-se tornando conciliar. Para onde ele se volta em seguida? Se não há "Resistência", ele arrisca abandonar o Cristo Encarnado. Alguém na Igreja deve estar vivendo pela lógica da verdadeira Fé de vinte séculos, caso contrário corre o risco de haver almas que concluam que essa Fé está obsoleta no mundo de hoje. Da mesma forma, as almas que abandonam o alto trapézio da Fraternidade precisam de uma rede de segurança católica sobre a qual possam cair, com ou sem o nome de "Resistência".

      E em terceiro lugar, há várias maneiras de misturar uísque com água, mas todas dependem de alguém que produza uísque puro. Do mesmo modo, há uma variedade ainda maior de maneiras de misturar Nosso Senhor com o mundo, mas todas dependem de algumas pessoas que sustentam em suas vidas, e não apenas em suas palavras, um exemplo para que todos vejam a verdadeira vida católica. Esta função sempre foi desempenhada pelas Ordens e Congregações religiosas da Igreja. Daí a importância delas. Porém, depois do Concílio que as arruinou, essa função passou a ser desempenhada especialmente pelo Arcebispo e por sua Fraternidade. Mas hoje, de todas as partes do mundo chegam relatos da Fraternidade fellaysada dando exemplos cada vez mais fracos da vida e da moral católicas. Alguém na Igreja deve dar testemunho no mínimo do esforço para viver de acordo com as altas normas de doutrina e moral que Nosso Senhor exige das almas (Mt 5, 48).

      E uma quarta razão para que a “Resistência” não se resigne, ou saia do negócio, ou desista da cansativa luta pela Verdade, é que não pode fazê-lo, porque, se o fizesse, como diz Nosso Senhor (Lc 19, 40), as pedras da rua teriam que gritar. Em outras palavras, a Verdade pode ser sufocada por toda a humanidade; porém não são os homens, mas é Deus quem está no comando do mundo, e Ele nunca permitirá que a Verdade seja completamente silenciada, porque isso frustraria Seu propósito ao criar o mundo, que é povoar o céu.

      Portanto, a "Resistência" pode amanhã ou no dia seguinte mudar de forma – e, nesse sentido, sua atual falta de forma realmente ajudará! –, mas de uma forma ou de outra, Deus a fará continuar (cf. Is. 6, 9-11).

      Kyrie eleison.

sábado, 1 de setembro de 2018

Comentários Eleison DLXXXI (581) - Para onde, Resistência? - I

Por Dom Richard N. Williamson
1º de setembro de 2018
Tradução: Borboletas ao Luar


Resistentes, por motivo nenhum devem desistir.
O que salva a igreja hoje? Aqueles que continuam a resistir!

      Se alguém ainda se pergunta o que o movimento católico “Resistência” deve fazer, os recentes acontecimentos nos Estados Unidos tornam isso mais óbvio do que nunca: deve manter a fé! Com a publicação oficial no mês passado pelo estado da Pensilvânia, nos EUA, de um documento de oitocentas páginas que prova, sem deixar qualquer resquício de dúvida, a culpa de religiosos católicos do alto escalão em crimes abomináveis contra a lei da terra e a lei de Deus, milhões de católicos se verão tentados, e não apenas nos EUA, a duvidar da fé e a renunciar à Igreja.
Um leitor destes "Comentários" aponta três links da Internet perturbadores, e escreve:

      Meu coração dói. Jesus não ensinou isso. Estou chorando amargamente. Sou um homem duro, e não choro com frequência. Mas não aguento isso. Desculpe-me, mas se isso continuar eu vou ter de me tornar ortodoxo oriental, ou perderei absolutamente a cabeça. Eu simplesmente não aguento mais essa monstruosidade. Estou com dor física, porque isso está fazendo meu peito doer. Vou perder a cabeça. Todas as orações e missas são em vão, se é que ainda as fazem aqueles que participam nas orações e missas. Nosso Senhor está sendo posto de ponta-cabeça por esses hereges! Eu não aguento!

      Ora, pecados acontecem, e continuarão acontecendo até o fim do mundo, mesmo entre os padres e bispos, porque Deus não lhes tira seu livre arbítrio, e nenhum legislador sábio na Igreja ou no estado confia na mera legislação para abolir o pecado. Somente a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo pode purificar as almas do pecado (Rm 7, 24- 25). É por isso que o estado é basicamente impotente para curar os problemas humanos mais profundos de sacerdotes, famílias ou nações. Está obrigado a fazer o melhor possível para proteger os seus cidadãos, mas todos os estadistas inteligentes e honestos reconhecem que somente a Igreja Católica possui todos os meios para alcançar a cura nas profundezas das almas humanas. É por isso que eles favorecerão a Igreja da melhor maneira possível para o bem do estado, e protegerão da melhor maneira possível a reputação de bispos e padres, e deixarão que a Igreja cuide de seus próprios criminosos, se assim o desejarem. Mas se a Igreja se recusa a lidar com seus criminosos, então o estado tem de intervir.

      O que é tão escandaloso na presente praga de abuso por clérigos contra adolescentes e crianças é a extensão dos abusos, o encobrimento sistemático dos abusos cometidos por clérigos do alto escalão, e a altura do cargo de alguns deles, que chega ao topo da Igreja. De fato, o escândalo é conhecido nos EUA há dezenas de anos, e é totalmente impossível que também não fosse do conhecimento de todos em Roma. Por décadas, no entanto, uma rede de homossexuais teve imenso poder dentro da estrutura e da hierarquia da Igreja, a ponto de exercer um amplo controle em Roma sobre a nomeação de bispos, e nas dioceses em relação à seleção de seminaristas. Pode ser cada vez mais difícil tornar-se bispo ou padre sem pertencer pessoalmente a essa rede.

      Mas o que poderia explicar tal desastre entre tantos clérigos? A única explicação proporcional é a perda da fé desencadeada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), após a qual o grande protetor da perseverança do sacerdote, seu Breviário, e o propósito de sua existência, a Missa, foram mutilados e estropiados (Sacrosanctum Concilium, Capítulos II e IV). Tire de qualquer homem o propósito de sua existência, e ele estará obrigado a procurar satisfação em outro lugar. Pelo menos um comentarista americano culpa o satanismo pelo desastre, um pecado que ataca diretamente a Deus, e, como tal, muito mais grave que os pecados da carne. Mas os homens só se voltam para Satanás quando se afastaram ou foram afastados de Deus. O Vaticano II abriu a porta para aparentemente toda a Igreja afastar-se de Deus.
                                                                                                
      Kyrie eleison.

Comentários Eleison DLXXX (580) - Videogame Manipulado II

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei
25 de agosto de 2018


Se o Céu diz que aqui está a solução,
Aqui está ela, e não na revolução.

      Conta-se a história da grande monarca católica da Espanha, a rainha Isabel (1451-1504), que quando perguntada uma vez o que queria ver em uma pintura, ela respondeu “um padre dizendo missa, uma mulher dando à luz e um criminoso sendo enforcado”. Em outras palavras, todos têm um papel para desempenhar na vida, e todos devem desempenhar esse papel e não outro. Podemos apenas imaginar o que ela teria dito sobre um mundo em que padres celebram piqueniques eucarísticos, mulheres usam da contracepção e abortam livremente, e criminosos são condenados a penas cada vez mais curtas em prisões que lembram hotéis de luxo. Hoje “Nada é senão o que não é” (Macbeth, I, 3).

      Hoje muitas pessoas sentem que a vida moderna é falsa, mas poucos conseguem ver por que nada é senão o que não é, ou por que “Nada é real, e nada por que preocupar-se, Strawberry Fields para sempre” (Beatles). Observam a opressão policial, jornalistas que mentem, medicamentos que envenenam, advogados que trapaceiam, políticos que traem, mulheres que se autoesterilizam, jovens que se suicidam, professores que corrompem, médicos que matam, e assim por diante; e o pior de tudo, sacerdotes que apostatam. Não é difícil ver à nossa volta um mundo desordenado que é exatamente o oposto da ordem correta que a rainha Isabel tinha em mente para a Espanha. Mas a desordem está tão disfarçada que se assemelha no presente à correta ordem do passado, de modo que poucas pessoas podem descobrir de onde vem a desordem, e muitos desistem da tentativa de localizá-la, estabelecendo-se entre os confortos materiais que ela têm para oferecer. Por exemplo, muitos músicos de rock ganham um bom dinheiro gritando contra os maus frutos do materialismo, mas poucos, se é que há algum, vão atrás das raízes destes, de modo que a maioria acaba como materialista bastante cômodo, parte integrante da falsidade que ela reconheceu corretamente nos dias em que ganhava dinheiro.

      Nas palavras da velha canção, “Por quê, por quê, por quê, Dalila?” Porque as pessoas se livraram da presença de Deus em suas vidas e não têm noção de que Sua ausência é o problema. E se alguma vez têm um pressentimento, então pela mesma razão que elas se livraram d’Ele em primeiro lugar, agora procurarão em qualquer lugar, e não na direção d’Ele, pela a solução. No entanto, foi Cristo quem criou, para o fim do mundo, aquela Cristandade que elevou na Idade Média a civilização a alturas sem precedente, e da qual a “civilização ocidental” é a sucessora sem Cristo. Mas Cristan-dade sem Cristo é “-dade”, ou melhor, “fatalidade”.

      Mas a “fatalidade” tem de competir com a Idade Média, pois, caso contrário, os homens vão querer voltar a Cristo. Daí que as aparências da lei cristã, dos hospitais, dos parlamentos, etc., devem ser mantidas mesmo que a substância seja esvaziada. Por isso que nos últimos quinhentos anos há uma série de “conservadores” que não conservaram nada além da última conquista dos liberais, daí uma longa procissão de políticos hipócritas, aparentemente direitistas, mas de fato esquerdistas, porque é isso que os povos querem – líderes que parecerão prestar homenagem aos remanescentes de Deus e de Cristo, mas que na realidade estão servindo ao Diabo, abrindo caminho para mais liberdade de Deus e de Cristo.

      Daí o Concílio Vaticano II na Igreja, que mantém a aparência exterior do catolicismo, ainda que o substitua pela realidade do modernismo. Daí o Capítulo de 2012 na Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que pretendeu manter a Tradição Católica mesmo enquanto se preparava para subordiná-la ao Vaticano II. Daí o Capítulo da Fraternidade de 2018, fingindo livrar-se do arquiteto do Capítulo de 2012, mesmo assegurando que ele permanecesse no poder. Daí um Capítulo representando não a realidade da situação da Igreja ou da Fraternidade, mas um videogame manipulado para tranquilizar aqueles que resistem à marcha da Fraternidade em direção à Roma conciliar, mesmo enquanto protegem essa marcha. Queira Deus que a situação não esteja assim.

      Então, se o mundo inteiro estiver manipulando videogames, há alguma solução? É impossível que o Céu nos tenha deixado sem solução. Desde a Idade Média, Nossa Senhora tem nos dado a todos nós o Rosário. Nos tempos modernos, ela nos deu a devoção dos primeiros sábados. Se negligenciamos seus remédios é por nossa própria conta e nosso próprio risco.
                                                                                                                                    

      Kyrie eleison.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXIX (579) - Videogame Manipulado I

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar
18 de agosto de 2018


Toda política, toda economia, toda paz e toda guerra:
Seja contra ou a favor, em torno de Cristo Tudo gira.

      A caridade certamente guia os rogos pelo novo Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, para que Deus possa dar-lhe o discernimento e a força para trazer a Fraternidade de volta ao curso estabelecido para ela – e para o bem da Igreja Universal – pelo Arcebispo Lefebvre; mas, na verdade, pode ser que o padre Pagliarani nem tenha o desejo de fazer tal coisa. Para sermos realistas, no nível humano as indicações são de que ele está no mesmo comprimento de onda que Dom Fellay, e que sua eleição como Superior Geral foi o plano de apoio conjunto de Roma e de Dom Fellay para o Capítulo se este não fosse reeleito, tal como se deu. Assim, se o P. Pagliarani cuidasse dos interesses de Dom Fellay, este, em caso de necessidade, promoveria sua candidatura a Superior Geral. Eis algumas indicações de que os dois estão conspirando para pôr a Fraternidade tradicionalista sob a Roma Conciliar:

      * No Capítulo Geral intermediário (não eletivo) de 2012, relatou-se que foi o Pe. Pagliarani quem salvou Dom Fellay de argumentos devastadores apresentados ao Capítulo para sua destituição e substituição como Superior Geral. O Pe. Pagliarani disse ao Capítulo que não deviam dar uma bofetada na cara do Superior – e o frágil Capítulo passou diretamente para outros assuntos.

      * Logo depois daquele Capítulo, o Pe. Pagliarani foi promovido – recompensado? – por Dom Fellay com o cargo elevado de Reitor do Seminário da Fraternidade para a América Latina em La Reja, nas Argentina. Lá ouviram o Pe. Pagliarani criticando quem não entende a necessidade de um acordo entre a Fraternidade e Roma – a mesma política de Dom Fellay.

      * Podemos esperar que um dia saibamos exatamente como foi que os dois "Conselheiros" foram acrescentados ao Conselho Geral da Fraternidade, colocando assim Dom Fellay de volta à sede do poder na Fraternidade da qual ele acabava de ser destituído alguns dias antes. Mas é possível que os tão dóceis e respeitosos capitulares tivessem votado por tal medida se esta não agradasse ao próprio novo Superior Geral? E ainda mais, se não tivesse sido proposta pelo próprio Pe. Pagliarani?

      Tais questões seguem como especulações até que os fatos sejam conhecidos, mas não são especulações vãs, porque o curso da Fraternidade nos próximos anos depende bastante da Igreja Universal. Será que a Fraternidade se tornará novamente o baluarte central da resistência à apostasia conciliar que causa estragos na Igreja, ou ela se juntará a esse movimento de apostasia? Dentro da Igreja oficial a Fraternidade sempre foi numericamente insignificante quando comparada com todas as outras instituições que compõem a Igreja Universal, mas a fidelidade única da Fraternidade à doutrina católica e aos Sacramentos de todos os tempos, que estão sendo abandonados ou pervertidos pelas mais altas autoridades da Igreja, fez com que a Fraternidade fosse uma força por levar-se em conta. A posição do Arcebispo em relação à Verdade tornou-o temível. Os Papas conciliares não podiam tragá-lo nem cuspi-lo. Mas eles há muito tragaram e comeram Dom Fellay.

      O tempo dirá como o Pe. Pagliarani lidará com suas imensas responsabilidades. Enquanto isso, oramos por ele, mas não estamos humanamente esperançosos. É grande demais o risco de que os líderes da Fraternidade sigam o restante dos líderes do mundo, e transformem a Fraternidade em um "videogame manipulado", como alguém descreveu tão bem o mundo de hoje. Para castigar a humanidade que abandona a Deus em todos os lugares, Ele está dando poder aos seus inimigos para erradicarem os últimos restos mortais de Cristo e da civilização cristã. No entanto, pelo menos por um tempo ainda as aparências de Cristo e de Sua Igreja devem ser mantidas até que não despertem mais a nostalgia dos homens que estão sendo descristianizados. Daí o videogame sem realidade sob as aparências que se desvanecem. Daí a manipulação das eleições e de Capítulos para instaurar o Admirável Mundo Novo, sem Cristo e sem Deus.

      Infelizmente, para esses pobres inimigos... Deus existe, e o braço de Nosso Senhor se torna mais e mais pesado!


      Kyrie eleison.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXVIII (578) - Capítulo Geral III

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar
11 de agosto de 2018


Deus poderá trazer ao porto a Igreja ou a Fraternidade,
Mas não o fará enquanto os homens rejeitarem Sua bondade.

Quando a Verdade católica e a Autoridade católica se separam, como no Vaticano II, não pode ter sido a verdade que se moveu, uma vez que a doutrina católica não muda. Só a Autoridade é que pode ter-se movido, e, portanto, só as autoridades da Igreja podem ser as culpadas pela separação. Essa é mais uma razão para que se dê muito valor às autoridades que não traíram a Verdade, como o Arcebispo Lefebvre e sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X. É mais uma razão para dar pelo menos mais uma olhada no que aconteceu com esta em seu recente Capítulo Geral – terá a Fraternidade realmente voltado à trilha do Arcebispo que ela deixou em 2012, ou a ela se aplica o provérbio francês: “Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas”?

No início do Capítulo, três novos homens foram eleitos para formar o triunvirato (corpo de três homens) que dirige a Fraternidade, e muitos bons sacerdotes da Fraternidade respiraram aliviados e aproveitaram uns poucos dias de verdadeira esperança para o futuro. Mas então, no final do Capítulo, foram eleitos para o Conselho Geral da Fraternidade, onde as decisões mais importantes são tomadas, o Superior Geral anterior junto com seu predecessor como tal. Isto se deu pela criação de uma novidade na Fraternidade, um novo posto de “Conselheiro”. E o coração desses bons sacerdotes deve ter-se afundado no peito. Que esperança poderia haver agora para uma mudança no curso desastroso da Fraternidade, da Verdade fiel para as autoridades infiéis, quando os dois principais arquitetos deste curso foram restabelecidos no Conselho Geral da Fraternidade?

Pelo menos um dos participantes do Capítulo teve a garantia de que os dois “conselheiros” não viverão na sede da Fraternidade em Menzingen, na Suíça; que eles só estarão aconselhando sobre questões relacionadas à criação ou ao fechamento de casas da Fraternidade e à admissão ou à expulsão de membros dela; que a criação dos “conselheiros” foi um movimento inteligente do Capítulo porque ajudará a curar as divisões na Fraternidade. Alguém se sente aliviado? Menzingen deve recuperar a confiança que sua política ambígua foi perdendo durante vinte anos. Aqui está um comentarista entre muitos que não confiam nas recentes palavras suavizadoras dos dirigentes da Fraternidade:

Na realidade, a eleição – estabelecida de antemão – do Pe. Pagliarani como novo Superior Geral disfarça a política também estabelecida de antemão de confirmação do statu quo quanto à direção futura da Fraternidade. Desavergonhadamente foram colocados ao lado do Novo Superior mais dois assistentes, dificilmente destacáveis por sua resistência à Roma modernista. Além disso, o Capítulo teve a ousadia de inventar a função de dois “Conselheiros”, desconhecida nos Estatutos da Fraternidade, e de “eleger” para o cargo os dois personagens mais favoráveis ​​a um acordo com Roma que a Fraternidade já teve: o Pe. Schmidberger, conhecido por sua amizade com o cardeal Ratzinger; e o Bispo Fellay, conhecido por seus “novos amigos” em Roma e por sua dedicação em liquidar a Fraternidade para ser entregue de mãos e pés atados aos apóstatas romanos.

O quadro que emerge não é necessariamente o da rendição incondicional, mas que se vislumbra uma nova maneira de aproximar-se de Roma, com um pouco mais de cautela e um pouco mais de diplomacia para com os sacerdotes e fieis da Fraternidade. No entanto, dado que Deus tanto vê como prevê, e que enquanto o homem propõe, é Deus quem dispõe, então outra possibilidade é que Nosso Senhor intervenha e infunda no relativamente jovem Pe. Pagliarani os Dons de Conselho, de Fortaleza e de Temor de Deus que ele precisará para endireitar o curso do bote salva-vidas da Fraternidade e trazê-lo com segurança para o porto. Que se faça a vontade de Deus!

Para ser justo, o Capítulo conseguiu mudar o Superior Geral, que era a coisa mais importante que tinha de fazer. O Bispo Fellay e o Pe. Schmidberger como “conselheiros” podem continuar conspirando com os romanos para que o que resta da Fraternidade do Arcebispo se ponha sob o calcanhar da Roma conciliar, mas o poder supremo na Fraternidade agora pertence ao Pe. Pagliarani. Ele fará bom uso disso? Só Deus o sabe. “A caridade... tudo crê, tudo espera” (I Cor. 13, 7). Devemos orar por ele.

Kyrie eleison.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXVII (577) - Capítulo Geral II

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei
04 de agosto de 2018


Meu Deus, eu não posso. Eu devo.
Vós podeis. Eu imploro. Eu confio!


Ao menos por enquanto, pode-se razoavelmente julgar que o Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X terminou em mais uma derrota disfarçada para a Fé Católica. É uma pena que os quarenta principais sacerdotes do que uma vez foi a Fraternidade de Dom Lefebvre não compreendam toda a dimensão da a crise da Igreja e mundial em que todos nos encontramos hoje, mas essa é a realidade. De certa forma, não se pode culpá-los, porque não são nem mais nem menos do que filhos de sua época. Dado que estamos vivendo em tempos pré-apocalípticos, por que os sacerdotes da Fraternidade deveriam ser poupados das tentações e da cegueira que desde o Vaticano II reduziram a massa dos bispos e sacerdotes da Igreja? A Igreja tem a promessa de Nosso Senhor de que nunca falhará (Mt XXVIII, 20), mas a Fraternidade nunca teve tal promessa.

Portanto, quem os católicos que desejam salvar suas almas “get real [caiam na real]”, como dizem os americanos, ou conformem suas mentes à realidade de nossa situação. Por exemplo, uma mãe angustiada dos Estados Unidos me escreveu sobre sua preocupação com os filhos:

“Eu quero que meus filhos tenham outros filhos que amem a Fé. E quero que tenham outras oportunidades para que conheçam fiéis católicos e talvez se casem um dia. Eu tenho um filho de apenas doze anos e gostaria de ser padre. Qual é o futuro para eles? Haverá sempre no nosso entorno um padre da “Resistência”? E que tal uma escola? E meu filho estará seguro entrando em um seminário?” Deve haver hoje muitas mães católicas com a mesma ansiedade. Respondi com a imensa necessidade que todos os católicos têm hoje de compreender a realidade e de conformar-se a ela:


Querida Mãe,

 ACOSTUME-SE À IDEIA DE QUE PARA UM FAMINTO UM PEDAÇO DE PÃO É UM LUXO. A Igreja encontra-se em estado faminto. Então:

1. A cada dia basta o seu cuidado, diz Nosso Senhor (Sermão da Montanha). Pode haver ou não um seminário decente quando seu filho de doze anos crescer. Se não houver, isso significará que Nosso Senhor não quis que ele fosse sacerdote. Mas muita água passará sobre a represa entre o agora e o então.

2. Um sacerdote da “Resistência” em seu entorno? Só o tempo dirá. Enquanto isso, você não é obrigada a ir a missas que diminuem sua fé, na realidade você pode ser obrigada a não ir a elas. Que você e seu marido julguem. Mas se você não assistir a uma Missa pública, você deve adorar a Deus em casa regularmente no domingo. Este é o Terceiro Mandamento. Seu exemplo ensinará seus filhos.

3. Uma escola da “Resistência” seria um superluxo. Enquanto isso, enquanto as crianças REALMENTE ouvem seus pais biológicos, isso está no fundo de sua natureza. Você pode enviá-los para as escolas não tão boas, contanto que você tenha o Rosário em casa, e vigie atentamente todas as influências que venham a influenciá-los, especialmente sua música... Não os deixe sozinhos em seus quartos com nenhum aparelho eletrônico. Mantenha esses aparelhos maus fora de casa, o mais longe possível.

4. Basta para o dia o seu próprio mal. Lembre-se do que disse Santo Ambrósio a Santa Mônica: “O filho de muitas lágrimas (o futuro Santo Agostinho) não pode-se perder”. Chore lágrimas de sangue, se é necessário para a salvação de cada um dos seus filhos – o que é mais importa? –, mas ao mesmo tempo tenha uma confiança ilimitada no Sagrado Coração de Jesus e no desejo e poder de Sua Mãe para obter sua salvação.

Portanto, caros leitores, o Arcebispo e sua Fraternidade eram um superluxo. É normal demais que hoje a percamos. Devemos “cingir nossos rins”, ou seja, apertar nossos cintos e pensar em salvar nossas almas sem ela. A graça de Deus está sempre presente. “O auxílio de Deus está mais próximo que a porta”, diz o provérbio irlandês.

Kyrie eleison.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXVI (576) - Capítulo Geral I

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar
28 de julho de 2018


Velhos líderes, quando falham, devem ser destituídos,
E então jamais serem na liderança readmitidos!

      O último Capítulo Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, o quarto com eleições (1982, 1994, 2006 e 2018), chegou ao fim em Écône, na Suíça, no último sábado. O evento foi seguido com interesse em muitos setores, porque por cerca de quarenta anos a partir de sua fundação em 1970, a Fraternidade surgiu como um importante bastião da Fé Católica na esteira do Concílio Vaticano II (1962-1965), que, com efeito, havia minado oficialmente essa Fé. No entanto, nos últimos vinte anos, a Fraternidade deu cada vez mais sinais de mudança de direção, mais em consonância com os oficiais conciliares da Igreja, e menos em consonância com seu fundador, o Arcebispo Lefebvre. Que direção o Capítulo Geral mostraria que a Fraternidade está para tomar agora?

      Os procedimentos detalhados de um Capítulo normalmente devem permanecer privados, como os da eleição de um Papa, mas no final do Capítulo surgiram palavras e ações públicas. As palavras foram a declaração oficial do Capítulo sobre a política para o futuro, que se alinhou com a famosa declaração do Arcebispo Lefebvre de novembro de 1974, "em sua totalidade". No entanto, como o website Non Possumus mostrou claramente citando verdadeiramente em sua totalidade essa declaração de guerra contra a nova religião do Vaticano II, o Capítulo escolheu deliberadamente citar apenas suas partes mais pacíficas. Isto não é promissor para a continuação, por parte da Fraternidade, da guerra santa do Arcebispo contra a terrível apostasia do Vaticano II.

      É claro que o Arcebispo foi católico em primeiro lugar, e anticonciliar só como consequência, e é por isso que sua declaração de guerra contém partes pacíficas. Mas como a verdade pode ser amada sem o ódio ao erro? O anticonciliarismo segue imediata e necessariamente o amor ao catolicismo, e é por isso que uma multidão de verdadeiros católicos vieram a seguir a Fraternidade e seu Fundador, que denunciaram clara e abertamente a apostasia dos oficiais da Igreja. Sob ele, o seminário em Écône já teve mais de cem seminaristas, e milhares de pessoas assistiam todos os verões à ordenação de uma dúzia ou mais de novos sacerdotes. Em junho deste ano, uma multidão estimada de quatrocentas e cinquenta almas assistiu à ordenação de três novos sacerdotes que estavam entre cerca de quarenta seminaristas. Os católicos estão deixando de apoiar – e fechando as carteiras – a Neofraternidade.

      Quanto às ações públicas do Capítulo, que sempre falam mais alto que palavras, consistiram na eleição de um novo Superior Geral e dois novos Assistentes. Deve-se parabenizar os participantes do Capítulo por terem deposto o anterior Geral e seus Assistentes, porque estes haviam lutado por doze anos para mudar a direção da Fraternidade, a fim de buscarem o reconhecimento oficial dos apóstatas romanos. O reconhecimento não foi obtido, mas a Fraternidade ficou seriamente enfraquecida, e os seus melhores padres ficaram desorientados. Então, quem o Capítulo escolheu como governantes em seus lugares? Os dois novos Assistentes foram executivos leais do Geral anterior com sua política de agradar a Roma conciliar. Pelo bem comum da Fraternidade? Mas quando houve um bem comum católico contra a Fé? Quanto ao novo Geral, ele pode não saber o que pretende fazer como Geral, porque somente Deus sabe com certeza o que um homem fará quando é colocado no poder. Muitas vezes ele irá decepcionar, porque “o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente” (Lord Acton), mas ele pode-se mostrar surpreendentemente bom. O Padre Pagliarani certamente precisa de nossas orações.

      A este respeito, no entanto, a última ação pública do Capítulo chegou como um raio. Pouco antes do encerramento do Capítulo, votou-se para adicionar ao Conselho Geral de governo da Fraternidade e aos dois Assistentes outros dois “Conselheiros”. E a quem eles elegeram? Os dois últimos Gerais da Fraternidade, o Pe. Schmidberger (1982-1994) e o Bispo Fellay, que entre 1994, quando ele foi eleito pela primeira vez, e 2018, quando foi finalmente destronado, era o principal arquiteto do enfraquecimento e do declínio da Fraternidade! De quem foi a tarefa de colocar o Bispo Fellay de volta junto ao trono com seu colaborador mais próximo, o padre Schmidberger? Que sábio Superior quer que seu antecessor fique por mais doze anos? O que o Capítulo pensou que estava fazendo? De qualquer forma, se a Fraternidade há de amar a verdade e odiar o erro, não é um bom sinal.

      Kyrie eleison.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXV (575) - Inteligência Artificial II

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Borboletas ao Luar
21 de julho de 2018


O mundo pelas máquinas não será conquistado,
Mas, pelos sonhos infantis mecânicos dos homens, arruinado.


      Inteligência Artificial é de fato uma contradição em termos. Nenhuma coisa artificial pode ser inteligente. Nada que seja verdadeiramente inteligente pode ser artificial. Qualquer ente inteligente deve (como tal) ser vivo, espiritual e livre. Qualquer coisa artificial deve (como tal) ser não viva e material, e não pode ser livre. Portanto, nada artificial pode ser inteligente no verdadeiro sentido da palavra, e nada verdadeiramente inteligente pode ser artificial. Uma inteligência pode ser criada somente por Deus. O homem pode criar apenas coisas artificiais.

      Para demonstrá-lo, vamos assumir com os “Comentários” da semana passada que existem três ordens de entes espirituais: (1) o Criador, (2) anjos e (3) homens, e quatro ordens de seres materiais: (3) homens, (4) animais, (5) vegetais e (6) minerais. Isto significa que o homem é a mais complexa das criaturas, porque somente ele é espiritual e material. Quando alguém afirma que o homem é puramente material, está provavelmente cometendo o erro mais elementar da filosofia, a saber, que existem somente entes materiais. Esse erro está difundido em nosso mundo materialista atual, mas esse tal homem nunca pensou ou amou, ou então está negando a natureza plena de sua própria experiência. Mas se, então, ele não é mais que matéria, por que tem um senso tão aguçado de sua própria dignidade humana? E por que se comporta como se a liberdade fosse de suma importância para ele?

      Na verdade, as seis ordens de entes podem ser classificadas pelo quanto eles superam a matéria. (6) O mineral está encerrado na matéria, mas (5) as plantas não estão tão encerradas – elas vivem e movem-se, mas ainda assim elas estão fixas em seu lugar e não conhecem nada fora delas mesmas. (4) Os animais vivem e movem-se, mas não estão fixos em um lugar, e pelos sentidos conhecem e desejam coisas materiais que lhes são externas. (5) Os homens vivem e movem-se, não estão fixos em um lugar, e não só pelos sentidos conhecem e desejam coisas materiais que lhes são externas, mas também pela inteligência e pela vontade conhecem e desejam abstrações não materiais que lhes são externas, o que é um imenso passo adiante na superação livre da matéria. A palavra “inteligência” vem do latim “intus-lego”, que significa “eu leio o interior”, isto é, a inteligência lê dentro das coisas percebidas pelos sentidos, lê sua forma ou essência não material. Isto ocorre porque a inteligência e a vontade que a segue são ambas faculdades espirituais, pertencentes à parte do homem que está, como tal, livre da matéria e acima da matéria.

      E com essas duas faculdades segue a liberdade da (3) vontade do homem, compartilhada por nenhum outro dos (4) animais que estão completamente encerrados em seus instintos. E essa liberdade manifesta até mesmo para o mais ateu dos materialistas sua dignidade superior sobre todos os meros (4) animais, se ele for apenas honesto o suficiente para reconhecer o fato. Acima do homem estão os (2) anjos que são puramente espirituais e inteligentes, mas ainda são entes particulares, ao passo que (1) o Criador é o próprio Ente espiritual universal por si mesmo, encerrado em nenhuma matéria e mesmo em nenhuma particularidade.

      Assim (3) o homem é vivo e espiritual por sua alma imortal, com sua inteligência e vontade, que são a base de seu livre arbítrio, tornando-o livre. Ora, pode alguma coisa “artificial”, como um computador ou um robô, ser vivo ou espiritual ou livre? Em primeiro lugar, tal coisa não vive desde dentro de si mesma. A natureza dispersa sementes humanas, animais e vegetais em todas as direções, e cada semente contém vida. Mas, apesar do tremendo esforço realizado durante tantos anos, até agora a arte humana não conseguiu criar uma semente com vida em seu interior (e suspeita-se que nunca o conseguirá). Em segundo lugar, se nenhuma coisa feita pela arte humana está viva, menos ainda pode ser espiritual, porque um ser espiritual pressupõe uma elevada (3) forma de vida. E, em terceiro lugar, nenhum computador ou robô feito pelo homem pode ser livre, porque o livre-arbítrio pressupõe uma inteligência espiritual que nenhuma arte humana pode fabricar. Uma (3) inteligência espiritual não pode ser criada nem mesmo por um (2) anjo, mas somente pelo (1) Criador, Deus.

      Portanto, (6) os computadores e os robôs controlados por computador não podem estar vivos e não podem iniciar nada além do que foi programado neles. Não podem ser inteligentes no sentido pleno da palavra, porque isso requer um ente espiritual que somente Deus pode criar. E assim não podem ser livres para tomar qualquer decisão por si mesmos; eles são meras (6) máquinas, encerradas dentro de seu (6) programa material. Creditá-los com quaisquer paixões humanas, com o pensamento original ou com a liberdade é simplesmente materialismo infantil.


      Kyrie eleison.

domingo, 26 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXIV (574) - Inteligência Artificial I

Por Dom Richard N. Williamson
Tradução: Introibo ad Altare Dei

14 de julho de 2018


Fazer de computadores Deus alguns homens pretendem,
Quão tolos eles são! Humanos, acordem!


      Parece que atualmente se fala cada vez mais sobre IA, ou Inteligência Artificial. Em outras palavras, muitas pessoas estão tão impressionadas com o extraordinário progresso feito nos últimos anos no desenvolvimento de computadores e máquinas dirigidas por computadores, que consideram seriamente a possibilidade de que os robôs computadorizados se encarreguem cada vez mais das tarefas normalmente humanas e até divinas. Qualquer pessoa de bom senso sabe que existem limites estritos para o que as máquinas são capazes de fazer, mas qualquer pessoa também sabe como o senso comum está sendo corroído hoje pela Nova Ordem Mundial, que tem um grande interesse em utilizar seus meios de comunicação, política, educação, etc., para separar cada vez mais as pessoas da realidade para que elas possam ser mais facilmente controladas. É hora de repetir alguns princípios básicos muito simples.

      Todos os seres, quaisquer que sejam, caem em uma das seis categorias: abaixo de Deus, o Criador, há cinco classificações ordenadas de Suas criaturas: anjos, seres humanos, animais, vegetais e minerais. Essas cinco categorias são claramente distintas entre si, ainda que os programas de televisão façam todo o possível para desfazer essas distinções, especialmente entre homens e animais. Mas as distinções são claras na realidade. Começando de baixo,

      O mineral simplesmente existe, porque não possui dentro de si nenhum princípio ou origem de vida ou de movimento.

      O vegetal existe e vive, porque a partir de dentro ingere (por exemplo, água), cresce e se reproduz.

      Os anjos têm mente e vontade, mas não as faculdades materiais dos animais, porque os anjos são puramente espirituais. (As faculdades animais do sentido-conhecimento e do sentido-desejo envolvem a matéria, ausente nos anjos).

      O animal tem todas essas três habilidades dentro dele, mas também sente, em outras palavras, por pelo menos uma das cinco faculdades sensoriais (visão, audição, olfato, tato e paladar), tem um conhecimento sensorial de coisas externas a ele.

      O homem tem todas estas habilidades ou faculdades materiais do animal e vegetal, mas também compartilha com os anjos as faculdades espirituais da mente e da vontade, em outras palavras, tem sentido e razão, significando a capacidade da mente para ler, dentro das sensações particulares, suas essências universais, e a capacidade da vontade para desejar de acordo com o que a sua mente leu. Nenhum animal tem essas duas faculdades (quando um animal se comporta com inteligência aparente, como uma abelha, por exemplo, isso se deve apenas aos instintos animais implantados nele por seu Criador supremamente inteligente).

      Ora, tudo o que é verdadeiramente humano, ou humano como tal, é o que os homens têm que nem os animais nem os vegetais nem os minerais possuem. Mas todas as máquinas são puramente minerais e essencialmente, por sua essência, inanimadas. Em sua forma mais complexa, elas ainda não têm nenhum princípio ou origem de vida ou movimento desde o seu interior. Qualquer movimento delas por eletricidade, por exemplo, é desde fora. Disso se deduz que os computadores não têm nenhuma compreensão interna de nenhuma atividade verdadeiramente humana, que, como humana, se lhes escapa por completo. Tudo o que podem fazer é registrar a partir de fora o que é observável e computável no comportamento das pessoas, e produzir estatísticas e planilhas, ou seja, números, em que são bons. Mas Churchill disse – ele não era santo, mas era um político humano – “Há mentiras, grandes mentiras e estatísticas”. E por que as estatísticas mentem, senão porque algo essencialmente humano lhes escapa?

      Eis aqui um exemplo. Em Nova York, creio que há cerca de quinze anos, um grupo de especialistas em computação montou um computador, o Deep Blue, para jogar xadrez contra Kasparov, o campeão mundial de xadrez. Ora, se há um jogo adequado aos computadores é o xadrez, porque se apenas um deles pode processar bilhões de movimentos alternativos em poucos minutos, ou segundos, pode chegar ao melhor movimento que não deixa nada ao acaso. Adivinhem? Após algumas jogadas, os especialistas tiveram de reiniciar o computador para responder à forma com que Kasparov estava jogando! Os computadores não têm vida interior nem iniciativa, não podem pensar fora da caixa programada neles, não podem responder a nenhuma eventualidade fora de sua caixa. Fim de jogo, e vitória para os seres humanos!


      Kyrie eleison.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXIII (573) - Atenção, Capitulares!

Por Dom Richard N. Williamson
07 de julho de 2018



Capitulares, não capitulem!
A hora é grave. Já é muito tarde!


      Lembrem-se, todos os senhores, capitulares da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que se preparam para participar na eleição que moldará a Fraternidade pelos próximos doze anos, lembrem-se de sua grave responsabilidade! Os senhores não estarão participando de uma festa infantil num jardim, mas contribuindo para decisões com potenciais repercussões para toda a Igreja – e para o mundo!


      Cuidado com a atmosfera que está se criando nos Capítulos, nos quais todos sentem que devem ser amáveis juntos, como em uma festinha no jardim, onde ninguém deve romper os bons sentimentos de todos. Todos vocês estão na linha de frente da batalha final entre a Santíssima Virgem e o Diabo (disse a Irmã Lúcia de Fátima).


      Lembrem-se da crise da Igreja, desatada pelo Vaticano II, que deu origem à fundação da sua Fraternidade. É verdade que Monsenhor Lefebvre criou seminários para o verdadeiro sacerdócio e a espiritualidade católica, mas lutou para defendê-los a fim de salvar a fé católica. De que serviriam os sacerdotes, ou a espiritualidade, se ninguém tivesse a Fé? Neste sentido, até a verdadeira Missa é um meio e não o fim.


      Cuidado com quem finja que a crise acabou, ou que a Roma conciliar não é mais conciliar, ou que a Fraternidade agrada ao Papa Francisco. A ele e aos funcionários que elegeu para rodeá-lo só pode agradar a Fraternidade se e quando ela deixar de resistir ao seu Concílio. Então eles passarão a amar a Fraternidade, porque ela se tornará uma extraordinária defensora da apostasia da Igreja Universal.


      Lembrem-se de seu fundador, Monsenhor Lefebvre, especialmente dos conselhos e advertências de seus últimos anos, entre as sagrações episcopais de 1988 e sua morte em 1991. Essas sagrações contra a vontade expressa do Papa não contradizem todo o seu leal serviço anterior à Igreja, mas sim a sua glória suprema, porque nunca fez nada que servisse para defender e sustentar a Fé Católica!


      Cuidado quando lhes dizem que o Arcebispo estava sempre tentando chegar a um acordo com as autoridades romanas. É verdade que falava com elas, mas quando em 1988 finalmente se recusaram a proteger a Tradição, então ele colocou decididamente doutrina à frente da diplomacia. Desde 2012 a diplomacia voltou a estar à frente da doutrina!


      Lembrem-se de como toda a Igreja teve de ouvir o Arcebispo, porque ele defendia a Verdade e sua Fraternidade estava na vanguarda da gloriosa luta pela Fé. A partir de 2012, o que a Fraternidade defendeu? Desde que renunciou à primazia da doutrina, é cada vez mais parecida com as várias Congregações sob a Ecclesia Dei, e os melhores sacerdotes da Fraternidade estão confusos – “O que nós devemos defender agora?”.


      Cuidado com suas decisões que consomem a primazia da prática sobre a doutrina, estabelecida pela Fraternidade em 2012, da unidade dos homens sobre a verdade de Deus, do homem sobre Deus. Nunca o mundo necessitou tanto de Deus! Nunca a Igreja esteve mais necessitada do testemunho da Verdade de Deus! E logo agora o testemunho da Fraternidade está por desaparecer?


      Lembrem-se de que reuniões como um Capítulo Geral podem ser habilmente manipuladas, como o Vaticano II, por liberais bem preparados de antemão. Não tenham receio de encontrar-se e discutir com seus irmãos sacerdotes antes do início do Capítulo. Sem dúvida, os liberais fizeram isso, e inclusive podem até ter decidido todas as questões importantes. Por todos os meios atirem chaves inglesas em sua delicada maquinaria! Falem claramente, antes que a Verdade desapareça!


      Cuidado para não renunciarem à graça, para não renunciarem à realidade, para não serem dóceis no país dos sonhos! Cuidado com “a paz e a unidade” em qualquer coisa exceto na Verdade. Este ano de 2018 é a vida ou a morte para a Fraternidade. Compromisso não é vitória. Não sejam meros carimbos, mas discutam o que a verdadeira Igreja requer da verdadeira Fraternidade!

       Kyrie eleison.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Comentários Eleison DLXXII (572) - Eleição Vital

Por Dom Richard N. Williamson
30 de junho de 2018


A Fraternidade serviu... mas ainda servirá?
Deus, de qualquer maneira, a Sua própria Igreja preservará.

      Há muito em jogo na próxima eleição que ocorrerá dentro de duas semanas para os três cargos mais altos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Nos primeiros vinte anos de sua existência ela foi um obstáculo único no caminho da nova religião centrada no homem, que assumiu e ocupou a Igreja Católica na esteira do Concílio Vaticano II. Nos últimos vinte anos, seu Superior Geral fez com que a Fraternidade se tornasse cada vez menos resistente aos oficiais conciliares de Roma à frente da nova religião. Ele será ou não será reeleito para um terceiro mandato em meados de julho? Se for reeleito, é difícil ver como a Fraternidade não ficará sob o controle Conciliar. Se não for reeleito, quem for eleito em seu lugar precisará de um milagre divino ou de muita habilidade humana para fazer com que a Fraternidade esteja novamente alinhada com a intenção original do Fundador, a saber, a de colocar Jesus Cristo de volta ao Seu trono como Deus e Rei de toda a sociedade humana. Não são inimigos, mas amigos da Fraternidade os que apontam como se permitiu que o liberalismo mergulhasse nela.

      Talvez a nobre intenção do Arcebispo Lefebvre de combater o liberalismo ateu fundando a Fraternidade em 1970 estivesse condenada desde o início. Afinal, ele tinha de um lado o Deus Todo-Poderoso consigo, como muitas intervenções quase milagrosas no início da história da Fraternidade o provam. Por outro lado, ele tinha contra si todo o mundo moderno e a Igreja Conciliar, de tal modo que o que durante todos os séculos desde a primitiva Igreja dos Apóstolos e Mártires havia sido normal, a saber, a civilização cristã, foi em sua época algo totalmente anormal. Então, como poderiam os jovens que foram atraídos por ele nas décadas de 1970 e 1980, e que agora estão à frente de sua Fraternidade, conhecer a ordem relativamente normal da Igreja tal como ele mesmo a conheceu entre as duas Guerras Mundiais? E como eles poderiam construir o que não conheceram? E, humanamente falando, como eles não poderiam estar vulneráveis ​​à pressão universal da anormalidade de hoje?

      Pois, de fato, que os homens não acreditem em Deus, ou, se acreditam n’Ele, que o tratem como se Ele fosse de pouca importância, passou a ser normal. Tudo o que Ele tem de fazer é sair do caminho. Cara, ganha o homem; coroa, Deus perde. Afinal de contas, Deus é tão bom que nunca poderia condenar qualquer ser humano ao fogo eterno do Inferno, e os homens são tão bons que simplesmente por serem homens são tão preciosos que todos eles merecem ir para o Céu. Ele deu-nos esta vida para que a desfrutemos. Ele não poderia querer que seus dez mandamentos nos impedisse de desfrutá-la. A Igreja de ontem deu essa impressão, mas o homem tecnológico chegou à maturidade depois de séculos como camponês atrasado, e assim já era tempo de aquela velha Igreja dar lugar a uma Igreja da Nova Ordem Mundial, uma Igreja brilhante com inclusão em vez de exclusão, com liberdade em vez de proibições, com liberalismo em vez de catolicismo!

      Portanto, divinamente falando, ninguém pode excluir a possibilidade de um auxílio milagroso do Céu mediante o qual o Capítulo Geral da Fraternidade eleja três superiores que entendam o que Deus quer da mesma Fraternidade, e o que com Sua ajuda quer que ela lhe dê, a saber, o testemunho contínuo e restaurado da Fraternidade em toda a Igreja do Reinado Social de Cristo Rei e da única religião verdadeira instituída pelo Deus Encarnado. Mas, humanamente falando, que ninguém tenha ilusões em relação à probabilidade de tal ajuda milagrosa. Deus não deve Seus milagres a ninguém. Já foi um milagre que a Fraternidade tenha surgido, sobrevivido e prosperado por quarenta anos, e brilhado em toda a Igreja. Pode ter desempenhado seu papel de transmitir a Tradição por tanto tempo quanto Deus o quisesse, e agora tudo o que tem a fazer é observar enquanto a mesma tocha é passada para os outros. Deus o sabe. Homens propõem. Deus dispõe.

      De nossa parte, rezemos: Santíssima Mãe de Deus, do teu divino Filho, rogamos-te que obtenha para o Capítulo Geral da Fraternidade escolher os seus líderes para os próximos doze anos, servos Seus que não colocam nenhum cálculo ou ambição de ordem meramente humana na frente de Seus interesses: a restauração do Seu Reinado sobre toda a humanidade, o Triunfo do teu Coração Imaculado, e a salvação das almas. Amém.

       Kyrie eleison.