Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

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domingo, 23 de setembro de 2018

Comentários Eleison DLXXXIII (583) - A carta de Viganò

Por Dom Richard N. Williamson
15 de setembro de 2018
Borboletas ao Luar


Se se afrouxa a doutrina, o comportamento é corrompido diretamente,
A doutrina que tem o Salvador é a católica somente.

Um leitor escreveu-nos algumas perguntas sobre a carta de onze páginas do ex-Núncio Apostólico dos Estados Unidos, o arcebispo Viganò, que declarou, com muitos detalhes e citação de nomes, que há imensa corrupção moral apodrecendo o clero católico naquele país, e que a responsabilidade pelos crimes implicados chega até mesmo ao topo da Igreja. No momento em que escrevo estes “Comentários”, o escândalo causado pela carta é imenso, e tem repercussão generalizada. Ninguém pode dizer neste momento quais serão as consequências finais. Aqui estão as quatro perguntas do leitor com respostas breves. 

1. Que se deve pensar da carta de Viganò? É tão séria quanto parece?

Sim, pois Dom Viganò dá todos os sinais de ser um homem honesto. Em 2011 ele foi exilado de Roma e enviado aos Estados Unidos porque estava tentando, com sucesso, limpar as finanças do Vaticano. No momento em que escrevo, está escondido porque teme por sua vida. Ele tem inimigos sérios.

 2. A carta será uma bomba na Igreja ou mero fogo de palha, sem mais consequências?

O tempo dirá. Certamente a corrupção no alto escalão da Igreja acompanha a corrupção no alto escalão dos poderes que estão no mundo, políticos, banqueiros, meios de comunicação e assim sucessivamente. Satã governa, porque os satanistas estão vinculados entre si em todos os domínios, e não permitirão, se puderem, que um simples Arcebispo perturbe seu cartel. Mas na verdade é Deus quem segura o chicote. As pessoas estão se voltando para Ele ou não? Se não, Ele permitirá que os servos de Satanás continuem açoitando a Igreja e o mundo na Nova Ordem Mundial. Se elas se voltam para Ele, em breve poderemos ter a Consagração da Rússia.

3. O escândalo fará Menzingen repensar a busca por reconhecimento da parte do Papa e de Roma?

Certamente deveria, mas temo que não. Desde muitos anos o quartel-general da Fraternidade em Menzingen está nas nuvens, e os liberais não mudam sua doutrina. Para os liberais, é a realidade que está errada. A todo custo o reconhecimento oficial para a Fraternidade deve ser obtido junto a Roma, por isso o Papa Francisco ainda deve ser tratado como um amigo por seus líderes. Talvez Menzingen possa admitir que eles estiveram errados por vinte anos, mas não será fácil para eles mudarem de curso. Dom Lefebvre, ao contrário, decidiu há trinta anos deixar que os Papas conciliares seguissem seu caminho. A carta de Viganò com certeza não o teria surpreendido.

4. O que fez o Arcebispo tão clarividente?

Doutrina. Se se raspa muitos ocidentais materialistas de hoje, se encontrará herdeiros do protestantismo, que tendem a filtrar mosquitos e a engolir camelos (Mt. 23, 24), o que significa que são mais severos com os pecados da carne do que com os do espírito, como o erro doutrinal ou a heresia. Atualmente os pecados da carne são suficientemente graves para contribuir para a danação eterna de grande número de almas que caem no Inferno – assim disse Nossa Senhora às crianças de Fátima. Mas é a heresia que abre passagem para este tipo de pecado. Veja Romanos 1, 21 a 31. Infringir o primeiro mandamento leva à impureza em geral (21-24), ao homossexualismo em particular (26-27), e a todo tipo de pecados em geral (28-32). Em outras palavras, é o primeiro mandamento que é primeiro, não o sexto.

Assim, o verdadeiro escândalo denunciado por Dom Viganò é mais implícito do que explícito. São menos os pecados perversos da carne que se amotinam nos homens da Igreja do alto escalão do que a idolatria oficial cometida pelo Vaticano II em seus documentos que fizeram mais do que qualquer outra coisa para tirar os freios católicos contra a imoralidade. Se nenhum Estado deve coagir em público religiões doutrinariamente falsas (Dignitatis Humanae), por que eu deveria observar a moral católica que especialmente põe limites à minha liberdade? Se o Inferno é mera “doutrina” da Igreja, por que isto deveria impedir-me de pecar como eu queira? O Vaticano II (“Nostra Aetate, Unitatis Redintegratio”) declarou que várias religiões além do catolicismo têm seus pontos bons. Acaso não é a própria Igreja Católica que me ensina que eu realmente não preciso ser católico?

Kyrie eleison.

Traduzido por Leticia Fantin.