Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Comentários Eleison CCCLVII (357) – Infalibilidade da Igreja III

17 de maio de 2014

por Dom Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)


As palavras e ações loucas do Papa Francisco estão levando atualmente muitos crentes católicos em direção ao sedevacantismo, uma corrente perigosa. A crença de que os Papas conciliares não foram e não são Papas pode começar como uma opinião, mas muito frequentemente se observa que a opinião se torna um dogma, e então uma armadilha de aço mental. Eu acho que muitos sedevacantistas estão com sérias dificuldades em raciocinar porque a crise sem precedente do Vaticano II causou em suas mentes e corações católicos uma angústia, e assim, para confortá-la, eles encontraram no sedevacantismo uma solução simples, e não desejam voltar a sentir a angústia pela reabertura da questão. Então, se empenham enfaticamente numa cruzada para que outros se juntem a eles em sua solução simples, e ao fazê-lo, muitos deles – não todos – acabam exprimindo uma arrogância e uma amargura que não são sinais ou frutos de um verdadeiro católico.


Pois bem, estes “Comentários” têm se abstido de proclamar com certeza que os Papas conciliares sejam verdadeiros papas, mas ao mesmo tempo eles vêm sustentando que os argumentos comuns dos sedevacantistas não são nem conclusivos e nem obrigam a todos os católicos, como alguns sedevacantistas pretendem nos fazer acreditar. Vamos retornar a um desses mais importantes argumentos, que é o da infalibilidade papal: os Papas são infalíveis. Mas liberais são falíveis, e os Papas conciliares são liberais. Logo, eles não são Papas.

A isso alguém pode objetar que um Papa é certamente infalível apenas quando ele emprega as quatro condições do Magistério Extraordinário da Igreja ao ensinar 1) como Papa, 2) sobre Fé ou moral, 3) definitivamente, 4) de modo a obrigar todos os católicos. Em consequência disso, os sedevacantistas e liberais respondem de modo parecido que isso é o mesmo que a Igreja a ensinar que o Magistério Ordinário Universal é também infalível, e assim – e aqui está a ponto fraco de seu argumento –, toda vez que o Papa ensina solenemente, mesmo externamente ao Magistério Extraordinário, ele é também infalível. Ora, seu ensinamento liberal conciliar é solene, e, portanto, nós devemos nos tornar ou liberais ou sedevacantistas, dependendo do rumo tomado por quem está usando esse mesmo argumento.

Mas o sinal que indica o ensinamento pertencente ao Magistério Universal Ordinário da Igreja não é a solenidade com que o Papa ensina fora do Magistério Extraordinário, mas o que indica se o que ele está ensinando corresponde ou não ao que Nosso Senhor, seus Apóstolos e virtualmente todos os seus sucessores, os bispos da Igreja Universal têm ensinado em todas as épocas e em todo lugar – em outras palavras, se o que ele está ensinando corresponde à Tradição. Ora, o ensinamento conciliar (por exemplo, a liberdade religiosa e o ecumenismo) está em ruptura com a Tradição. Portanto, os católicos de hoje não estão obrigados de fato a se tornarem liberais ou sedevacantistas.

Contudo, tantos os liberais como os sedevacantistas persistem em seu exagero sobre a infalibilidade papal por razões que não são desinteressantes, mas isso é outra história. De qualquer forma, eles não desistem facilmente, e então voltam com outra objeção digna de ser respondida. Ambos irão dizer que argumentar que a Tradição é o que distingue o Magistério Ordinário é cair em um círculo vicioso, pois se a autoridade do ensinante da Igreja, ou Magistério, existe para dizer o que é a doutrina da Igreja, e assim o faz, como pode então a doutrina tradicional ao mesmo tempo dizer o que é o Magistério? Ou o professor autoriza o que é ensinado, ou o que é ensinado autoriza o professor, mas os dois não podem ao mesmo tempo autorizar um ao outro. Assim, argumentar que a Tradição que é ensinada autoriza o Magistério Ordinário que está ensinando é errado, e então o Papa é infalível não apenas em seu ensinamento Extraordinário, e, portanto, eles concluem, nós devemos nos tornar ou liberais ou sedevacantistas. 

Quem quer saber por que não há círculo vicioso, deve esperar até a próxima semana. Isso é algo tão interessante quanto o motivo pelo qual ambos, sedevacantistas e liberais, caem no mesmo erro sobre a infalibilidade.


Kyrie eleison.


Se todas as quatro condições o jogo não fazem.
Os Papas podem errar no que eles ensinam ou dizem.

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