Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Comentários Eleison CCCXLIII (343) - A Infalibilidade da Igreja I

8 de Fevereiro de 2014

por Dom Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)


Provavelmente o principal problema dos sedevacantistas é a respeito da infalibilidade da Igreja (os Papas Conciliares são horrivelmente falíveis, então, como podem ser eles Papas?). Sem dúvida, a infalibilidade precisa ser considerada por mais razões do que simplesmente para aliviar o sedevacantismo. O problema moderno de preferir a autoridade à verdade é vasto.

“Infalibilidade” significa a inabilidade para errar ou cair no erro. O Concílio Vaticano Primeiro definiu em 1870 que o papa não poderia errar enquanto estivessem presentes quatro condições: ele deve (1) estar falando como Papa, (2) em uma questão de fé ou de moral, (3) de uma maneira definitiva, e (4) com a clara intenção de obrigar em consciência a toda a Igreja. Qualquer destes ensinamentos pertencem ao que se denomina o Magistério “Extraordinário” do Papa, porque por um lado os Papas raramente comprometem todas as quatro condições e por outro eles ensinam muitas outras doutrinas que não podem errar ou estarem equivocadas porque elas têm sido sempre ensinadas pela Igreja e, consequentemente, elas pertencem ao que o Vaticano I chamou “Magistério Universal Ordinário” da Igreja, também infalível. A pergunta é: como se relaciona o Magistério Extraordinário do Papa com o Magistério Ordinário da Igreja?



A Santa Madre Igreja ensina que o Depósito da Fé, ou Revelação pública, estava completo quando da morte do último Apóstolo vivo, digamos em torno de 105 d.C. Desde então não se adicionou nenhuma verdade a mais, nem pode ser adicionada, a esse Depósito ou corpo de verdades reveladas. Então nenhuma definição “extraordinária” pode agregar um jota de verdade a esse Depósito, somente agrega, em benefício dos fiéis, certeza a alguma verdade já pertencente ao Depósito, mas cuja pertença não havia sido suficientemente clara com prioridade. Em uma quádrupla ordem vem em primeiro lugar uma REALIDADE objetiva independente de qualquer mente humana, tal como o fato histórico da Mãe de Deus ter sido concebida sem pecado original. Em segundo lugar vem a VERDADE em qualquer mente que esteja em conformidade com essa realidade. Unicamente em terceiro lugar vem DEFINIÇÃO infalível quando um Papa compromete todas as quatro condições para definir tal verdade. E em quarto lugar surge a partir dessa definição, a CERTEZA com respeito a essa verdade para os fiéis. Assim, considerando que a realidade gera a verdade, uma Definição meramente crê com respeito a essa verdade.

Mas a realidade e sua verdade já pertenciam ao Magistério Ordinário porque não existe a menor dúvida de que um Papa haja jamais definido infalivelmente uma verdade fora do Depósito da Fé. Portanto, o Magistério Ordinário está para o Magistério Extraordinário como a nascente está para a foz e não como a foz está para a nascente! O problema é que a Definição de 1870 deu tal prestígio ao Magistério Extraordinário que o Magistério Ordinário começou por empalidecer em comparação, ao ponto de que os Católicos, alguns mesmo teólogos, fazem um rascunho para dar a ela uma infalibilidade como a do Magistério Extraordinário. Mas isso é tolice: O Magistério Extraordinário pressupõe o Magistério Ordinário, existindo somente para dar certeza (4) a uma verdade (2) já ensinada pelo Magistério Ordinário.

Pode-se ilustrar esse ponto com o pico nevado de uma montanha. De maneira alguma a montanha depende da neve, exceto para que a torne mais visível do que já é; pelo contrário, a neve depende completamente da montanha para estar onde ela, a neve, está. De modo semelhante, o Magistério Extraordinário não faz mais do que tornar o Magistério Ordinário mais claramente ou mais certamente visível. À medida que o inverno se adentra, assim a camada de neve despenca. À medida em que a caridade se esfria nos tempos modernos, assim mais definições do Magistério Extraordinário são necessárias, mas não é isso que faz com perfeição o Magistério da Igreja. Pelo contrário, elas assinalam uma debilidade por parte dos fiéis quanto à sua adesão às verdades de sua Fé. Quanto mais são é o homem, menos remédios necessita.

Na próxima semana, a aplicação tanto ao sedevatantismo como à presente crise da FSSPX.


Kyrie eleison.


Resumo –

O Magistério Ordinário infalível da Igreja está para o Magistério Extraordinário do Papa como a nascente está para a foz e não como a foz está para a nascente.

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