"Uma obra indulgenciada não adquire sentido e valor senão quando, ao mesmo tempo, é uma verdadeira oração segundo o Espírito de Deus. Seria abusar da oração e lamentavelmente desconhecer-lhe o sentido e a essência a ela ligada, sem fazer dela uma conversa íntima com Deus. Vida nova em Deus e, por isto, libertação do pecado e da pena eterna que lhe é devida: tal o fim primeiro da piedade cristã. Nenhuma indulgência o pode dispensar. O ganho das indulgências supõe naturalmente essa necessidade indispensável. É claro que, sem o perdão do pecado e de sua pena eterna , não se poderia pensar em remissão da pena temporal. A prática das indulgências contribui, pelo menos indiretamente, para a purificação da alma e o desenvolvimento da vida nova. Não é, diga-se o que se quiser, uma instituição destinada a fazer toda exterior a vida cristã: serve, pelo contrário, a aprofundá-la e enriquecê-la: premente chamamento à penitência, espécie de necessidade que nos impele a incorporar-nos, primeiro, como membro vivo ao Cristo, para podermos esperar o seu auxílio. Como, aliás, as Indulgências não remitem pura e simplesmente ao fiel a pena temporal, mas, sim, só o libertam dela na medida em que ele concorre com suas próprias obras satisfatórias, ordenadas, com precisão, pela Igreja, aos merecimentos do Cristo e dos seus santos, são elas de molde a sacudir as consciências retas, a torná-las mais atentas e sensíveis à terrível seriedade do pecado, assim como ao incomparável tesouro espiritual que se encontra na comunhão dos membros do Cristo."
Karl Adam, in "A Essência do Catolicismo".
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