Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Carta de São Pio X ao bispo de Limerick sobre os escritos do Cardeal Newman

CARTA

Na qual o Papa [São] Pio X aprova a obra do Bispo de Limerick sobre os escritos do Cardeal Newman
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Brasão de S. S. São Pio X



Ao Nosso Venerável Irmão Edward Thomas, Bispo de Limerick

Venerável Irmão, saúde e bênção apostólica.

Pela presente informamos que Aprovamos o vosso ensaio, no qual mostrais que os escritos do Cardeal Newman, longe de estarem em desacordo com a Nossa Carta Encíclica Pascendi, estão em estreita consonância com a mesma: pois não pudestes ter servido melhor tanto a verdade quanto ao eminente mérito do homem.

Parece que aqueles cujos erros Condenamos em nossa Carta estabeleceram como regra fixa a busca de aprovação do nome de um ilustríssimo homem para as próprias coisas que eles mesmos inventaram. E assim, afirmam, livremente, que tomaram certas posições fundamentais extraídas daquela origem e fonte, e que, por essa razão, não Podemos condenar as doutrinas que lhes são próprias sem, ao mesmo tempo e ainda mais, em prioridade de ordem, condenar o ensinamento de tão eminente e grande homem.


Se não se soubesse que poder o fermento de um espírito envaidecido tem de inchar a mente, pareceria incrível a existência de pessoas que pensam e se dizem católicas, quando, em uma questão que diz respeito ao próprio fundamento da disciplina eclesiástica, colocam a autoridade de um doutor privado, embora eminente, acima do magistério da Sé Apostólica.

Vós não apenas demonstrastes plenamente a sua contumácia, mas também seus artifícios. Pois, mesmo que se detecte algo que carregue alguma semelhança a certas teses dos modernistas nos escritos de Newman anteriores a sua profissão de Fé Católica, vós justamente negais que, de qualquer maneira, tais semelhanças sejam embasadas nesses mesmos escritos; tanto porque o significado subjacente às palavras é muito diferente quanto o é o propósito do autor, sendo que ele, ao ingressar na Igreja Católica, submeteu todos os seus escritos à autoridade da própria Igreja Católica, certamente, para serem corrigidos, se necessário.

Quanto aos numerosos e importantes livros que escreveu como católico, dificilmente se faz necessário defendê-los da sugestão de parentesco com a heresia. Como todos sabem, entre o público inglês, Henry Newman, em seus escritos, defendeu incessantemente a causa da Fé Católica de tal modo que sua obra foi muito salutar para seus compatriotas, e ao mesmo tempo, elevadamente estimada por Nossos predecessores. Assim sendo, foi considerado digno de ser nomeado Cardeal por Leão XIII, indubitavelmente, um acurado juiz dos homens e das coisas; sendo, desde então e por toda sua vida, muito merecidamente estimado por ele.

Não há dúvida de que em tão grande abundância de seus trabalhos seja possível encontrar algo de alheio ao método tradicional dos teólogos, mas nada que pudesse levantar uma suspeita sobre sua fé. E vós corretamente afirmais que não é de se espantar que, se em uma época em que não se mostrava nenhum sinal da nova heresia, seu modo de expressar em alguns lugares não mostrasse um cuidado especial, mas que os modernistas agem de maneira errônea e enganadora em deturpar aquelas palavras para seu próprio significado, em oposição a todo o contexto.

Congratulamo-vos, portanto, por terdes vindicado com eminente sucesso, através do vosso conhecimento de todos os seus escritos, a memória de um homem tão bom e sábio; e ao mesmo tempo, o quanto vos era possível, por terdes assegurado que entre vosso povo, especialmente o inglês, aqueles que se acostumaram a abusar daquele nome tenham já cessado de ludibriar os ignorantes.

Eles deveriam seguir Newman, como mestre, fielmente, estudando seus livros, não ao modo daqueles que entregues aos seus próprios preconceitos buscam seus volumes, e com desonestidade deliberada extraem deles algo com o que respaldar seus pontos de vista, mas poderiam reunir seus princípios puros e inalterados, e seu exemplo, bem como seu espírito grandioso. Eles aprenderiam muitas coisas excelentes de tão grande mestre: em primeiro lugar, com relação ao sagrado Magistério da Igreja, defender a doutrina transmitida de maneira inviolada pelos Padres e, o que é de máxima importância para salvaguardar a verdade Católica, seguir e obedecer o Sucessor de São Pedro com a máxima fidelidade.

Portanto, Venerável Irmão, Agradecemos sinceramente a vós e ao vosso clero e povo por terdes vos preocupado em Nos ajudar em nossas limitadas condições, enviando o seu donativo financeiro habitual: e a fim de ganhar para todos vós, mas, primeiramente para vós mesmo, os dons da bondade de Deus, e como um testemunho de Nossa benevolência, Conferimos a Nossa benção Apostólica.

Dado em Roma, em São Pedro, em 10 março de 1908, no quinto ano de Nosso Pontificado.
Pio PP. X
Tradução: Fratres in Unum.com

Fonte: New Zealand Tablet, Volume XXXVI, Issue 19, 14 May 1908, Page 1 – Biblioteca Nacional da Nova Zelândia  
Texto em latim aqui

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