Por Dom Richard N. Williamson
30 de junho de 2018
A Fraternidade serviu... mas ainda servirá?
Deus, de qualquer maneira, a Sua própria Igreja preservará.
Há muito em jogo na próxima eleição que ocorrerá dentro de duas semanas para os três cargos mais altos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Nos primeiros vinte anos de sua existência ela foi um obstáculo único no caminho da nova religião centrada no homem, que assumiu e ocupou a Igreja Católica na esteira do Concílio Vaticano II. Nos últimos vinte anos, seu Superior Geral fez com que a Fraternidade se tornasse cada vez menos resistente aos oficiais conciliares de Roma à frente da nova religião. Ele será ou não será reeleito para um terceiro mandato em meados de julho? Se for reeleito, é difícil ver como a Fraternidade não ficará sob o controle Conciliar. Se não for reeleito, quem for eleito em seu lugar precisará de um milagre divino ou de muita habilidade humana para fazer com que a Fraternidade esteja novamente alinhada com a intenção original do Fundador, a saber, a de colocar Jesus Cristo de volta ao Seu trono como Deus e Rei de toda a sociedade humana. Não são inimigos, mas amigos da Fraternidade os que apontam como se permitiu que o liberalismo mergulhasse nela.
Talvez a nobre intenção do Arcebispo Lefebvre de combater o liberalismo ateu fundando a Fraternidade em 1970 estivesse condenada desde o início. Afinal, ele tinha de um lado o Deus Todo-Poderoso consigo, como muitas intervenções quase milagrosas no início da história da Fraternidade o provam. Por outro lado, ele tinha contra si todo o mundo moderno e a Igreja Conciliar, de tal modo que o que durante todos os séculos desde a primitiva Igreja dos Apóstolos e Mártires havia sido normal, a saber, a civilização cristã, foi em sua época algo totalmente anormal. Então, como poderiam os jovens que foram atraídos por ele nas décadas de 1970 e 1980, e que agora estão à frente de sua Fraternidade, conhecer a ordem relativamente normal da Igreja tal como ele mesmo a conheceu entre as duas Guerras Mundiais? E como eles poderiam construir o que não conheceram? E, humanamente falando, como eles não poderiam estar vulneráveis à pressão universal da anormalidade de hoje?
Pois, de fato, que os homens não acreditem em Deus, ou, se acreditam n’Ele, que o tratem como se Ele fosse de pouca importância, passou a ser normal. Tudo o que Ele tem de fazer é sair do caminho. Cara, ganha o homem; coroa, Deus perde. Afinal de contas, Deus é tão bom que nunca poderia condenar qualquer ser humano ao fogo eterno do Inferno, e os homens são tão bons que simplesmente por serem homens são tão preciosos que todos eles merecem ir para o Céu. Ele deu-nos esta vida para que a desfrutemos. Ele não poderia querer que seus dez mandamentos nos impedisse de desfrutá-la. A Igreja de ontem deu essa impressão, mas o homem tecnológico chegou à maturidade depois de séculos como camponês atrasado, e assim já era tempo de aquela velha Igreja dar lugar a uma Igreja da Nova Ordem Mundial, uma Igreja brilhante com inclusão em vez de exclusão, com liberdade em vez de proibições, com liberalismo em vez de catolicismo!
Portanto, divinamente falando, ninguém pode excluir a possibilidade de um auxílio milagroso do Céu mediante o qual o Capítulo Geral da Fraternidade eleja três superiores que entendam o que Deus quer da mesma Fraternidade, e o que com Sua ajuda quer que ela lhe dê, a saber, o testemunho contínuo e restaurado da Fraternidade em toda a Igreja do Reinado Social de Cristo Rei e da única religião verdadeira instituída pelo Deus Encarnado. Mas, humanamente falando, que ninguém tenha ilusões em relação à probabilidade de tal ajuda milagrosa. Deus não deve Seus milagres a ninguém. Já foi um milagre que a Fraternidade tenha surgido, sobrevivido e prosperado por quarenta anos, e brilhado em toda a Igreja. Pode ter desempenhado seu papel de transmitir a Tradição por tanto tempo quanto Deus o quisesse, e agora tudo o que tem a fazer é observar enquanto a mesma tocha é passada para os outros. Deus o sabe. Homens propõem. Deus dispõe.
De nossa parte, rezemos: Santíssima Mãe de Deus, do teu divino Filho, rogamos-te que obtenha para o Capítulo Geral da Fraternidade escolher os seus líderes para os próximos doze anos, servos Seus que não colocam nenhum cálculo ou ambição de ordem meramente humana na frente de Seus interesses: a restauração do Seu Reinado sobre toda a humanidade, o Triunfo do teu Coração Imaculado, e a salvação das almas. Amém.
Kyrie eleison.