Segundo o historiador israelita Shlomo Sand (1946 -), houve dissidentes
entre os Judeus no século IX d.C., chamados de caraítas ou os “enlutados
de Sião”, que não aceitaram o Talmude e a Lei oral definidos pelos
talmudistas. Pregavam que somente a Torá e os Profetas deveriam ser
seguidos, e que a Terra (de Israel) só poderia ser sagrada se fosse
habitada por aqueles que nisso acreditassem. Para os talmudistas, por
outro lado, a região onde outrora ficara o Templo não representava
para eles a terra de origem, nem mesmo para os seus antepassados. O
“exílio” espiritual em que viviam não afrouxou a ligação deles com o
local; muito pelo contrário: a significância desta Terra se fortalecera
entre os Judeus que viviam em outras regiões do Mediterrâneo, onde
mantinham suas práticas religiosas e sua cultura.
Jerusalém: da cidade Santa dos antigos para a atual cidade-Pátria do Sionismo |
Até a delineação do Estado de Israel
em 1948, entre os Judeus eram poucos os que defendiam uma Pátria terrena
própria em Jerusalém e entornos. Viviam bem entre outras culturas em
outros países como França e Bélgica, assim como também no Egito, que era
tão próximo de Jerusalém. Somente com a ascensão do Movimento Sionista
em fins do século XIX, utilizando-se tendenciosamente de uma matriz
vetero-testamentária, é que essa ideia foi incutida na mentalidade
mundial, dando a ideia de que o “povo disperso” tivesse por direito uma
Terra Pátria, diferentemente da Terra Santa dos antigos.
Quando
Theodor Herzl (1860-1904), um dos grandes nomes do Sionismo, tentou
buscar uma “aprovação” do então Papa S. Pio X (1903-1914), recebeu uma memorável e “doce” recusa do digníssimo santo Padre.
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