Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)
6 de junho de 2015
Estariam, ao causar danos, os Papas conciliares bem intencionados?
Aguardemos nos braços fortes de Deus. Só por Ele podem eles ser julgados.
Estes “Comentários” sempre voltam ao problema do subjetivismo porque sustentam que a Igreja e o mundo de hoje não podem ser bem compreendidos sem ele. Subjetivismo significa essa podridão da mente pela qual a pessoa, ou sujeito, permite que sua mente se desconecte da realidade, ou objeto, e então fique livre para refazer a realidade de acordo com sua própria fantasia. Daí o mundo de fantasia em toda sua loucura hoje à nossa volta, incluindo a fantasia da Neoigreja (Igreja e mundo são reconciliáveis) e a mesma fantasia da Neofraternidade (Tradição e Neoigreja são reconciliáveis).
Para se manter o apego mental à realidade e o equilíbrio na Fé, é essencial distinguir sempre o subjetivo do objetivo. Por exemplo, os Papas Conciliares estão gravemente equivocados na Fé, objetivamente falando, mas subjetivamente falando, eles estão convencidos de que estão certos, e podem bem estar, ao menos parcialmente, (só Deus sabe) bem intencionados. Mas se eu falho em distinguir entre o objetivo e o subjetivo, posso cair facilmente em um dos dois erros já conhecidos: se digo que esses Papas estão objetivamente equivocados, então eles devem estar subjetivamente equivocados, e assim não poderiam estar bem intencionados, e devem saber o que estão fazendo – portanto eles não podem ser Papas, e eu caio no dogmático sedevacantismo; ou, se eu digo que eles estão convencidos e são convincentes, então eles estão subjetivamente certos e assim devem estar também objetivamente, então eu devo segui-los, e caio no liberalismo (eis como Bento XVI, por exemplo – objetivamente –, enganou muitos bons católicos, quaisquer que fossem as suas intenções).
Pelo contrário, se eu tenho uma fé clara e sei distinguir entre a realidade objetiva e a fantasia universal de hoje, então, ao medir em última análise Roma pela Fé e não a Fé por Roma, eu posso perceber que os Papas Conciliares podem estar convencidos e ter, ao menos em parte – Deus sabe –, boas intenções, mas eu jamais os seguirei toda vez que tentarem me distanciar da verdadeira Fé e da verdadeira Igreja. Por outro lado, não excluirei a possibilidade de uma medida de boas intenções de sua parte, nem vou ter como pessoal o juízo dessa medida, mas esperarei que a Igreja julgue, depois de uma audiência, sua pertinácia e heresia.
Mas os homens da Igreja de hoje estão tão universalmente infectados pela fantasia da liberdade, igualdade e direitos do homem em oposição ao dever, à hierarquia e aos direitos de Deus, que a probabilidade de tal audiência se dar em algum momento próximo é mínima. Portanto, em minha própria mente eu posso ter de deixar em suspenso a questão desses Papas. Tal suspensão não é confortável, mas eu sei que Deus em Seu próprio bom tempo há de vir restaurar Seu Papado.
Enquanto isso, toda a estrutura de Sua Igreja, pela qual toda autoridade descende desde o Papa, não mudou. Assim, como o Papa Francisco condena a Tradição sempre que tem chance, a Tradição não pode fazer mais que permanecer lutando para sobreviver. Quanto à fundação de Dom Lefebvre e a liderança da Fraternidade Sacerdotal São Pio X que se seguiu, a aprovação oficial de seus Estatutos por parte do bispo diocesano local foi de imensa importância. Isso fez da FSSPX a luz de emergência da Igreja oficial, e o movimento da “Resistência” só pode ser uma tentativa de reparar essa luz de emergência da Igreja oficial. Esta tentativa está sendo prejudicada tanto pelos eletricistas oficiais quanto pelos da emergência? Que assim seja. Mas devem-se manter ao menos umas poucas luzes na Igreja. Contudo, que ninguém espere da “Resistência” prodígios ou maravilhas contra tal oposição dos colegas eletricistas. Paciência. Deus tem tudo sob controle.
Kyrie eleison.
N.B. Eu deverei estar Confirmando neste verão: (na França) próximo a Pau em 7 de junho, próximo a Vichy em 14 de junho; (no Canadá) em Calgary no dia 29 de junho; e (nos EUA) em Denver no dia 1º de julho, em Nashville no dia 2 de julho e em Jacksonville no dia 5 de julho.
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