Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blogue Borboletas ao Luar)
13 de junho de 2015
Já não são os meios antigos funcionais?
Ou só requerem por trás deles todos uma força nova a mais?
Não poucos e-mails que cruzam meu escritório eletrônico merecem ser compartilhados com os leitores destes “Comentários”. Permitam-me citar aqui dois deles (resumidos e adaptados, como de costume). O primeiro é o de um jovem leigo, um antigo seminarista de Winona e agora pai de uma família numerosa. Eis um católico que nunca deveria ser acusado de subestimar o poder da atual apostasia universal, ainda que esteja certo de que resta algo que pode, e deve, ser feito. Ele escreve:
O liberalismo institucionalizado de hoje e o pedido ensurdecedor da multidão moderna por Barrabás pode muito bem resultar em uma safra de mártires. Eu posso apreciar a preocupação do senhor ao perguntar se Deus ainda quer hoje uma instituição tradicional como um seminário, por exemplo. No século XIX, Dom Bosco criou um novo tipo de “co-operador” leigo para seu trabalho com meninos, não uma Confraternidade nem uma Terceira Ordem, porque ele disse que o mal tinha mudado suas táticas, e por isso ele teve de fazer o mesmo. Os bons católicos foram tomados de surpresa, mas sua nova adaptação aos antigos provou-se eficaz.
Eu menciono isso porque manter a Fé hoje é como mover-se contra as corredeiras mais selvagens. Manter toda a minha família e a mim mesmo no caminho para o Céu requer tudo o que sou e tudo o que tenho. Adaptando as palavras de São Paulo (II Co 11, 29), “Quem está enfermo, que eu não esteja enfermo?”. Eu lembro do senhor dizendo a nós seminaristas anos atrás que onde quer que nós nos encontrássemos mais tarde, teríamos de pôr ordem em um caos voador. Esse caos é mais intenso agora do que era há 25 anos, porque a vida diária mudou enormemente durante os últimos 15, 30, 45 anos. O mundo está agora comendo almas no almoço de uma forma sofisticada e implacável. Os pais devem adaptar princípios provados e verdadeiros para combater as novas táticas do Diabo, porque o que funcionava antes não necessariamente funciona hoje. São essas “lanças e flechas” da atual educação dos filhos que me fazem questionar se a necessidade de diferentes meios para alcançar os mesmos fins não deveriam se aplicar também aos seminários e vocações.
O segundo e-mail vem de um sacerdote da “Resistência” que diz que os velhos meios ainda são bons, mas precisam ser fielmente aplicados. Ele escreve:
É incrível como tantos membros de nosso povo não estão fazendo as coisas básicas da vida católica. Eles querem agradar a Deus. Mas bem, iniciativas e empresas católicas especiais não são más em si mesmas, mas são muito menos importantes, difíceis e meritórias que a rotina diária. Nosso povo quer evitar o pecado mortal, e isso é quase tudo. Quantas vezes eu ouvi que eles se “esqueceram” de fazer suas preces da manhã e da noite, ou as de antes e depois das refeições? E a leitura da Bíblia, da vida dos santos, do catecismo! É por isso que eu trabalho no horário e a destempo, para tentar convencer meu povo a ter uma vida católica constante e regular, para convencê-lo de que é o que verdadeiramente agrada a Deus.
O mesmo se aplica à “Resistência”. Eu tenho dito ao meu povo que a verdadeira prova será a da continuidade, a da perseverança. Isso foi relativamente fácil dois ou três anos atrás, quando estávamos em uma batalha campal, batendo à direita e à esquerda, mas agora é mais como guerra e trincheiras. E nós defenderemos nossas posições como um movimento se cada sacerdote e cada leigo católico mantiver sua posição em sua vida diária.
Deus não criou nenhuma alma para o Inferno (1 Tm 2, 4). Segue-se que cada alma pode encontrar os métodos para chegar ao Céu, se ela quiser. Esses métodos podem ser difíceis, mas não são complicados, ou seriam inacessíveis para muitos. Os antigos meios, especialmente o Rosário diário, não são complicados, mas devem ser empregados.
Kyrie eleison.
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