Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sábado, 5 de março de 2016

É verdade que a autodenominada ‘Igreja Ortodoxa' não está 'tão' distante da Igreja Católica? - III

Refutação de alguns erros graves professados pelos autodenominados 'Ortodoxos'

Por Leão Indômito

PURGATÓRIO E ‘FILIOQUE’

A) A doutrina do Purgatório já estava presente nos Padres da Igreja

S. Cipriano de Cartago afirma: "Uma coisa é pedir perdão; outra coisa, alcançar a glória. Uma coisa é estar prisioneiro sem poder sair até ter feito o pagamento do último centavo; outra coisa, receber simultaneamente o valor e o salário da fé. Uma coisa é ser torturado com longo sofrimento pelos pecados, para ser limpo e completamente purificado pelo fogo; outra coisa é ter sido purificado de todos os pecados pelo sofrimento. Uma coisa é estar suspenso até que ocorra a sentença de Deus no Dia do Juízo; outra coisa é ser coroado pelo Senhor" (Epístola 51,20).

S. Gregório de Nissa, no mesmo sentido, ensina: "Quando a alma é separada do corpo e a diferença entre a virtude e o vício é conhecida, o homem não pode aproximar-se de Deus até que seja purificado com o fogo que limpa as manchas com as quais a sua alma está infectada. Esse mesmo fogo em outros cancelará a corrupção da matéria e a propensão ao mal" (Sermão sobre a Morte 2,58)

S. Gregório Magno: “Tal como alguém sai deste mundo, assim se apresenta no Juízo. Porém, deve-se crer que exista um fogo purificador para expiar as culpas leves antes do Juízo. A razão para isso é que a Verdade afirma que se alguém disser uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro. Com esta sentença se dá a entender que algumas culpas podem ser perdoadas neste mundo e algumas no outro, pois o que se nega, em relação a alguns, deve-se compreender que se afirma em relação a outros (...). No entanto, tal como já disse, deve-se crer que isto se refere a pecados leves e de menor importância.” (Diálogos 4,39: PL 77,396).

B) A cláusula do Filioque não foi inventada pela Igreja Católica em 1054

Os autodenominados ‘ortodoxos’ acusam o Papado de ter inserido a cláusula Filioque de forma arbitrária. Para eles, a doutrina do "Filioque" (segundo a qual o Espírito Santo procede não só do Pai, mas também do Filho) constituiria uma novidade...

A contrario sensu, vejamos a doutrina à luz dos Padres da Igreja que viveram antes do Cisma de 1054.

Dídidimo de Alexandria salienta estas palavras do Divino Redentor: "Ele não falará sem Mim e sem a decisão do Pai, porque Ele não tem origem em si, mas é do Pai e de Mim. Pois o que Ele é como subsistência e como palavra, Ele o é pelo Pai e por Mim" (De Spiritu Sancto 34).

Santo Epifânio de Salamina: "É preciso crer, a respeito de Cristo, que Ele vem do Pai, é Deus proveniente de Deus, e, a respeito do Espírito, que Ele provém de Cristo, ou, melhor; de ambos, pois Cristo disse: '...Ele procede do Pai' e 'receberá do que é Meu'" (Ancoratus 67).
Do mesmo santo, outro texto comprobatório: "Já que o Pai chama Filho o que procede do Pai e Espírito Santo o que provém de ambos,... fica sabendo que o Espírito Santo é a luz que vem do Pai e do Filho" (Ancoratus 71).

São Cirilo de Alexandria: "O Espírito é o Espírito de Deus Pai e, ao mesmo tempo, Espírito do Filho, saindo substancialmente de ambos simultaneamente, isto é, derramado pelo Pai a partir do Filho" (De adoratione, livro I, PG 68,148).

São João Damasceno: "O Espírito Santo provém das duas Pessoas simultaneamente" (De recta fide 21, PG 76,1408).

Textos da Sagrada Escritura:

O Evangelho de São João diz: "...o Espírito da verdade, que procede (ekporeúetai) do Pai" (XV,26).

O Evangelho diz que o Espírito Santo procede do PAI, mas não disse que procede SOMENTE do Pai.

Jesus disse que "Receberá do que é Meu e vô-lo anunciará" (Jo XVI,14s) ou ainda: "Quando vier o Paráclito, QUE VOS ENVIAREI de junto do Pai" (Jo XV,26).

"Receberá do que é Meu e vô-lo anunciará" (Jo XVI,14s).

[CONTINUA]

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