Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

quarta-feira, 30 de março de 2016

O anatematizado "Sínodo de Pistoya" (1786-1787)

Celebrado em 28 de setembro de 1786, por Scipio de Ricci, bispo de Pistoya e Prato. Assinalou o esforço mais atrevido que se fez para se assegurar um posto na Itália para o Jansenismo e erros similares. Pedro Leopoldo, ao ser nomeado Grande Duque da Toscana em 1763, quis seguir o exemplo de seu irmão, o imperador José II, em assumir o controle dos assuntos religiosos em seus domínios. Imbuído com ideias de regalismo e jansenismo, estendeu seu equivocado zelo aos mais mínimos detalhes de disciplina e culto. Em duas instruções de 2 de agosto de 1785 e 26 de janeiro de 1786, enviou a cada um dos bispos de Toscana uma série de 57 “pontos de vista de sua Alteza Real” sobre assuntos disciplinares, doutrinais e litúrgicos, impondo que se celebrassem sínodos diocesanos a cada dois anos para aplicar a reforma da Igreja e para “restaurar para os bispos seus direitos naturais usurpados abusivamente pela Corte Romana”.

Dos 18 bispos toscanos somente 3 convocaram o sínodo; destes, apenas Scipio de Ricci foi um partidário daquele espírito. Havia nascido este em 1734 de uma família eminente e desde o princípio deu sinais de seu valor e eminência. Bispo de Pistoya e Prato, a diocese mais povoada de Toscana, em 19 de junho de 1780, empreendeu e aplicou com energia e com o apoio de Pio VI uma reforma necessária, e mesmo que influenciado por seu tempo, seu zelo esteve marcado por uma audácia excessiva. Condenou a devoção ao Sagrado Coração e se opôs ao uso das imagens e relíquias, subvalorizou as indulgências, fundando além disso uma imprensa para a propaganda jansenista. Em 31 de julho de 1786 convocou um sínodo, invocando a autoridade de Pio VI que havia recomendado previamente o sínodo como meio normal de reforma diocesana.

Com sua energia e previsão característica, preparou o concílio convidando teólogos e canonistas notórios de fora de sua diocese, de tendências galicanas e jansenistas e emitiu ao seu clero comunicados que refletiam os erros dominantes de seu tempo. Em 18 de setembro se inaugurou o sínodo na igreja de São Leopoldo de Pistoya celebrando 7 sessões até 28 de setembro. De' Ricci presidia e à sua direita estava o comissionado real e professor na Universidade de Pisa Giuseppe Paribeni, de ideias regalistas.

O promotor foi Pietro Tamburini, professor na Universidade de Pavia, conhecido por seu saber e por suas simpatias pelos jansenistas. Na sessão inaugural 234 membros estavam presentes; mas na quinta sessão 246 compareceram, dos quais 180 eram pastores, 13 canonistas e 12 capelães, 28 simples sacerdotes do clero secular e 13 regulares. Muitos, incluído o promotor, eram extra-diocesanos irregularmente introduzidos por de’ Ricci por simpatizar com seus planos. Muitos sacerdotes de Pistoya não foram convidados enquanto que o clero de Prato, donde havia um forte sentimento contra o bispo, foi simplesmente ignorado.

Os pontos propostos pelo grande duque e as inovações do bispo se discutiram acaloradamente e com não pouca acrimônia. Os Regalistas pressionaram sua audácia até extremos heréticos e levantaram protestos dos seguidores do papa. Ainda que essas objeções sofressem algumas modificações, as proposições de Leopoldo foram aceitadas em sua substância, se adotaram os quatro artigos galicanos da Assembleia do Clero Francês de 1682 e o programa de reformas propostas por de Ricci aprovado em sua integridade. As opiniões teológicas eram fortemente jansenistas: o direito da autoridade civil a criar impedimentos matrimoniais, a redução das ordens religiosas a um só corpo com hábito comum e sem votos perpétuos, uma liturgia vernacular com um só altar na igreja etc. Duzentos e trinta e três membros firmaram as atas na sessão final de 28 de setembro e o sínodo foi suspenso para ser reiniciado em abril e setembro seguintes. Em fevereiro de 1787 apareceu a primeira edição (3500 cópias) das Atas e Decretos com o Imprimatur real. De’ Ricci queria o que a Santa Sé acreditasse que havia sido aprovado por seu clero ao qual chamou para um retiro pastoral em abril para obter suas firmas aceitando o sínodo. Apenas 27 assistiram e 20 se negaram a firmar.

Mesmo em meio a tudo isso Leolpoldo chamou a todos os bispos de Toscana a uma reunião em Florença, em 22 de abril de 1787, para prepará-los para a aceitação dos decretos de Pistoya em um concílio provincial, porém os bispos reunidos se opuseram vigorosamente ao seu projeto e depois de 19 tumultuosas sessões suspendeu a assembleia e abandonou a esperança do concílio. De Ricci ficou desacreditado e depois da ascensão de Leolpoldo ao trono imperial em 1790, foi obrigado a abandonar sua sede. Pio VI comissionou 4 bispos, assistido por teólogos do clero secular, para examinar as atas de Pistoya e nomeou uma congregação de cardeais e bispos para fazer juízo sobre elas. Condenaram o sínodo e estigmatizaram 85 de suas proposições como errôneas e perigosas. Em 28 de agosto de 1795, Pio VI deu um golpe mortal à influência desde sínodo e do Jansenismo na Itália com sua Bula “Auctorem Fidei”.


Bibliografia

Atti e Decreti del Concilio Diocesano di Pistoja (2ª ed., Florencia, 1788); tr. SCHWARZEL, Acta Congregationis Archiepiscoporum et Episcoporum Etruriae, Florentiae anno 1l787 celebratus (7 vols., Bamberg, 1790-94); DENZINGER-BANNWART, Enchiridion (Freiburg, 1908), 397-422; BALLERINI, Opus Morale, I (Prato, 1898), li-lxxxii; GERODULO, Lettera critologica sopra il sinodo di Pistoia (Barletta, 1789); La voce della greggia di Pistoja e Prato al suo pastore Mgr Vescovo Scipione de’ Ricci (Sondrio, 1789); Lettera ad un Prelato Romano dove con gran vivezza e con profunda dottrina vengono confutati gli errori de’ quali abbonda il Sinodo di Mgr de’ Ricci, Vescovo di Pistoja (Halle, 1789); Seconda lettera ad un Prelato Romano sull’ idea falsa, scismatica, erronea, contradittoria, ridicola della chiesa formata del Sinado di Pistoja (Halle, 1790); Considerazioni sul nuovo Sinodo di Pistoja e Prato fatte da un paroco della stessa diocesi (Pistoia, 1790); PICOT, Mémoires pour servir à l'histoire du 18e siecle (Paris, 1855), V, 251 ss.; VI, 407 ss.; GENDRY, Pie VI, sa vie–son pontificat, II (Paris, 1907), 451-83, documentado en los Archivos Vaticanos; SCADUTO, Stato e Chiesa sotto Leopold I (Florencia, 1885); DE POTTER, Vie et Mémoires de Scipion de’ Ricci (Paris, 1827), 1 ss.; PARSONS, Studies in Church History, IV (New York, 1897), 592-600; Scipio de’ Ricci en Dublin Review (March, 1852), XXXII, 48- 69.

JOHN B. PETERSON.

Transcrito por WGKofron. Com agradecimento à Igreja de Sta. Maria, Akron, Ohio.
Traducido por Pedro Royo
Tradução para o português por Cristoph Klug, cotejada com a versão inglesa disponível em http://www.newadvent.org/cathen/12116c.htm.

Fonte

Enciclopedia Católica Online. Sínodo de Pistoya. Disponível em http://ec.aciprensa.com/wiki/S%C3%ADnodo_de_Pistoia. Acesso em 30 de mar de 2016.

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