Ordenação sacerdotal de Dom Tomás de Aquino

sábado, 25 de abril de 2015

Comentários Eleison CCXCVI (296) – Indigna Dignidade

Por Dom Richard Williamson
Tradução: Cristoph Klug

16 de março de 2013


Uma leitora apresentou argumentos a favor do ensinamento do Vaticano II sobre a liberdade religiosa. Mesmo que o tema tenha sido várias vezes enfocado nos “Comentários Eleison”, suas razões merecem seguramente ser consideradas porque é vital para os católicos de hoje entender exaustivamente a falsidade deste ensinamento. O que o Concílio ensinou no parágrafo 2 de sua Declaração sobre a Liberdade Religiosa (Dignitatis Humanae) é que todos os homens, quando se trata de atuar em privado ou em público segundo suas crenças, devem estar livres de toda coação exercida por quaisquer outros homens ou grupos de homens. Mais ainda, todo Estado humano deve fazer deste direito humano um direito constitucional ou civil.

Pelo contrário, ao longo de toda a história da Igreja antes do Concílio Vaticano II, a Igreja católica ensinou sistematicamente que todo Estado, contanto que ele encarne a autoridade civil de Deus sobre as criaturas humanas de Deus, está obrigado como tal de utilizar desta autoridade para proteger e favorecer a única verdadeira Igreja de Deus, a Igreja católica do Deus Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Evidentemente, os Estados não-católicos serão condenados mais por sua falta de Fé do que por não haver dado proteção civil a esta Fé. Igualmente os Estados católicos podem abster-se de proibir a prática pública das falas religiões onde tal proibição provocaria mais dano que bem para a salvação eterna dos cidadãos. Entretanto o princípio permanece intacto: os Estados de Deus devem proteger a verdadeira religião de Deus.

De fato, o ensinamento Conciliar implica ou bem que os Estados não são de Deus, ou bem que não existe uma verdadeira religião de Deus. Nos dois casos, este ensinamento libera implicitamente de Deus o Estado e por este mesmo fato coloca a liberdade do homem acima dos direitos de Deus ou, mais simplesmente, o homem acima de Deus. É a razão pela qual Mons. Lefebvre dizia que o ensinamento Conciliar constitui uma blasfêmia. E não nos digam que os outros parágrafos de DH contêm um bom ensinamento católico. Uma só rachadura provocada pelo iceberg foi suficiente para fazer soçobrar o Titanic. DH #2 por si só bastaria para fazer soçobrar a doutrina católica. Mas vejamos os argumentos que pretendem defender o ensinamento do Concílio.


1. DH é parte do Magistério Ordinário, o qual deve ser tomado muito a sério.
DH provém dos que têm o dever de ensinar dentro da Igreja, é certo, mas não provém do Magistério ordinário infalível, já que DH contradiz o ensinamento tradicional da Igreja, que acabamos de demonstrar acima.

2. DH não faz mais que manifestar direitos humanos que estão garantidos pela lei natural.
A lei natural coloca os direitos do homem abaixo e não acima, dos direitos de Deus.

3. DH não renega o modelo católico das relações Igreja-Estado.
Mas intencionalmente que sim, o faz! O parágrafo #2 libera o Estado de sua obrigação essencial para com a única verdadeira Igreja.

4. DH está escrita no contexto do mundo moderno, onde todo mundo crê nos direitos do homem.
E, desde quando a Igreja deve adaptar-se ao mundo e não o mundo à Igreja?

5. DH não ensina que o homem tem um direito ao erro.
Se o Estado de Deus deve garantir um direito civil a praticar religiões falsas em público, então deduz-se que obriga a Deus a outorgar um direito ao erro.

6. DH é uma chamada aos governos modernos para que garantam a metade de um pedaço de pão, o que é melhor do que nada de pão.
A verdadeira doutrina católica é tão lógica e tão coerente que ao abandonar uma parte, abandona-a inteiramente. E, que ovelha se salvou oferecendo-se ela mesma ao lobo?

7. Os católicos não devem retirar-se do mundo moderno encerrando-se em um gueto doutrinal.
Os católicos devem fazer o que têm de fazer, ir a qualquer lugar onde devam ir, para que não abandonem os direitos de Deus nem comprometam Sua honra. Se isto significa o martírio, que assim seja!


Kyrie eleison.

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