Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blog Borboletas ao Luar)
A gente de hoje não é sensata ou normal.
Toda a história mostra que não há veneno igual.
“O modernismo é necessariamente, por sua natureza, um animal singularmente escorregadio”. Sendo ele o atual inimigo mortal da Igreja Católica, nunca pode ser analisado suficientemente. Como inimigo da Igreja em particular, pode ser definido como um movimento de pensamento e de crença que sustenta que a Igreja deve se adaptar ao mundo moderno, por meio da manutenção das aparências do catolicismo concomitantemente à mudança de sua substância. Este movimento infectou um sem-número de católicos desde que ganhou aprovação oficial da mais alta hierarquia da Igreja no Vaticano II, e colocou muitos cardeais, bispos e padres no caminho da eterna perdição, para não mencionarmos os leigos, ao minar sua fé católica. Vejamos novamente porque é escorregadio, e singularmente escorregadio.
É um animal escorregadio porque, como todas as heresias, tem de se disfarçar a fim de parecer aceitável para o seu alvo, os crentes católicos. Deste modo, usa constantemente fórmulas ambíguas de palavras capazes de serem interpretadas num sentido católico ou anticatólico. Os católicos aceitam piedosamente o sentido católico e engolem as palavras, de modo que os modernistas só têm de transformá-las em veneno explorando o sentido anticatólico. O Vaticano II é ambíguo do início ao fim, escolhendo fórmulas que podem deslizar entre a Igreja e o mundo moderno, de modo a ocultar a intrínseca e mútua contradição entre estes dois. Para Paulo VI, que acreditava profundamente em ambos, a Igreja e o mundo (como os concebia), tais fórmulas surgiam instintiva e abundantemente. Os documentos de seu Concílio, o Vaticano II, estão impregnados de ambiguidade. Contudo, por estas ambiguidades Paulo VI realmente pensava que salvaria a ambos, a Igreja e o mundo, exatamente como Monsenhor Fellay hoje espera, falando pelos dois lados de sua boca, salvar a Tradição católica e o Concílio. Vã esperança! Deus “detesta a língua dupla” (Pr. VIII,13). Ela sempre serviu para enganar os católicos e fazê-los abandonar sua fé.
Mas, mais que simplesmente escorregadio, o modernismo é, entre todas as heresias, singularmente escorregadio, porque, como Pio X disse na “Pascendi”, é a heresia das heresias, como o esgoto principal que coleta em si toda a imundície dos encanamentos menores, ou heresias particulares. Isto porque é o produto (e produtor) de mentes que fixaram sua âncora em qualquer verdade, de modo que qualquer contraverdade, ou heresia, está em casa no modernismo. E isto porque seu princípio fundamental é filosófico, a suposta inabilidade da mente humana de conhecer qualquer coisa que esteja além do que aparece aos cinco sentidos externos do homem. Tal mente é como uma garrafa de vinho suja. Ela conspurca qualquer coisa que se despeja nela, mesmo o mais fino dos vinhos ou a mais sublime das verdades. Porque, enquanto qualquer outra heresia ataca uma verdade particular da Fé, o erro filosófico na raiz do modernismo mina a verdade universal, ainda que finja não estar atacando nenhuma verdade em particular. Por exemplo, Bento XVI sem dúvida ficaria horrorizado se fosse acusado de não acreditar em qualquer artigo do Credo, mas isto não o impede de estar pronto para “atualizar” a todos eles.
Nunca tantas mentes desviaram todas as âncoras da verdade objetiva como hoje, sendo tal desvio a libertação final do homem, por meio da qual a realidade não pode mais se impor a mim, senão que eu sim é que posso me impor a toda realidade. Tomei o lugar de Deus. Assim, muitos católicos foram infectados pelo mundo de hoje e deram as boas-vindas ao modernismo quando ele reapareceu no Vaticano II, porque lá estava o próprio Papa dando o aparente selo de aprovação católica à destruição de toda Verdade Católica [que eles promoviam]. Eram livres, e ainda católicos, gritando: liberdade através da Igreja!
Então, como lidar com este “animal singularmente escorregadio?” Certamente não é indo à Roma para misturar-se com suas principais vítimas e perpetradores, os atuais oficiais no topo da Igreja. O próprio Satanás pode não ter uma colher longa o suficiente para cear com segurança com estes (objetivos) tubarões, lobos e raposas, tanto mais perigosos por causa de seu possível (subjetivo) desconhecimento de sua própria condição. Rezem o Rosário para que Nossa Senhora construa ao redor das cabeças e dos corações de vocês sua própria armadura protetora.
Kyrie eleison.
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