Por Dom Richard N. Williamson
13 de agosto de 2016
Sejamos cabeças-duras, mas de maneiras gentis.
A suavidade da mente faz o tolo, o sentimental.
Um erro nunca é propriamente refutado até que seja desraigado. Em outras palavras, para verdadeiramente se superar um erro, alguém precisa mostrar não somente que ele é um erro, mas por que é um erro. Suponhamos, com o “Comentário” da última semana, que a declaração do dia 28 de junho do Superior Geral da Fraternidade São Pio X, esperando que o pio sacerdócio da Fraternidade resolverá a crise da fé na Igreja, comete o erro de colocar a carroça do sacerdócio antes do cavalo da fé. Mostremos que este erro tem suas raízes na quase universal subvalorização da mente e supervalorização da vontade de nossa época, que resultam, mesmo que inconscientemente, num desprezo pela doutrina (exceto pela doutrina dos Beatles de “tudo do que você precisa é amor”).
E já no início da Declaração há um indício desse erro quando ela diz que o princípio central condenado na Pascendi, a grande condenação do modernismo por Pio X, é o da “independência”. Não. O princípio que ele constantemente condena como sendo a raiz do modernismo é antes o agnosticismo, a doutrina pela qual a mente não pode conhecer nada além do que aparece aos sentidos. Sobre esse desconhecimento segue a independência da mente em relação a seu objeto, seguido, por sua vez, pela declaração de independência da vontade em relação a todas as outras coisas das quais não quer depender. Está na natureza das coisas que a mente deve primeiro suicidar-se antes que a vontade possa declarar sua independência. Então, quando a Declaração põe no coração da Pascendi a independência antes do agnosticismo, este é um indício de que a Declaração é antes uma parte do problema da Igreja do que de sua solução.
E de onde vem, por sua vez, essa degradação da mente e da doutrina? Principalmente de Lutero, que chamou a razão humana de “prostituta” e que, mais que qualquer outro, lançou a Cristandade no caminho sentimental para sua autodestruição hodierna. Mas isto levou todos os 500 anos? Sim, porque houve uma resistência natural e católica ao longo do caminho. Mas Lutero estava certo quando disse ao Papa que, no final, iria destruí-lo - “Pestis eram vivus, functus tua mors ero, Papa” – Na vida, fui tua peste; morto, serei tua morte, Papa”.
A este radical e gigante erro da degradação da mente e da doutrina podem ser atribuídos dois sub-erros no caso do autor da Declaração de 28 de junho: em primeiro lugar, sua má compreensão de Monsenhor Lefebvre, e, em segundo lugar, sua muito grande compreensão da Senhora Cornaz (pseudônimo Rossinière).
Como muitos de nossos seminaristas em Écône, quando o mesmo Monsenhor Lefebvre presidia lá, Bernard Fellay estava, com razão, fascinado e encantado pelo notável exemplo, ante nossos próprios olhos, de o que um sacerdote católico pode e deve ser. Mas a coluna vertebral do sacerdócio de Monsenhor e de sua heroica luta pela Fé não foi sua piedade – muitos modernistas são “piedosos” – mas sua doutrina, doutrina do eterno sacerdócio, profundamente alérgica ao liberalismo e ao modernismo. Tampouco Monsenhor disse alguma vez que sua Fraternidade salvaria a Igreja. Antes, que seus sacerdotes deveriam salvaguardar os incalculáveis tesouros da Igreja para tempos melhores.
A suavidade da mente faz o tolo, o sentimental.
Um erro nunca é propriamente refutado até que seja desraigado. Em outras palavras, para verdadeiramente se superar um erro, alguém precisa mostrar não somente que ele é um erro, mas por que é um erro. Suponhamos, com o “Comentário” da última semana, que a declaração do dia 28 de junho do Superior Geral da Fraternidade São Pio X, esperando que o pio sacerdócio da Fraternidade resolverá a crise da fé na Igreja, comete o erro de colocar a carroça do sacerdócio antes do cavalo da fé. Mostremos que este erro tem suas raízes na quase universal subvalorização da mente e supervalorização da vontade de nossa época, que resultam, mesmo que inconscientemente, num desprezo pela doutrina (exceto pela doutrina dos Beatles de “tudo do que você precisa é amor”).
E já no início da Declaração há um indício desse erro quando ela diz que o princípio central condenado na Pascendi, a grande condenação do modernismo por Pio X, é o da “independência”. Não. O princípio que ele constantemente condena como sendo a raiz do modernismo é antes o agnosticismo, a doutrina pela qual a mente não pode conhecer nada além do que aparece aos sentidos. Sobre esse desconhecimento segue a independência da mente em relação a seu objeto, seguido, por sua vez, pela declaração de independência da vontade em relação a todas as outras coisas das quais não quer depender. Está na natureza das coisas que a mente deve primeiro suicidar-se antes que a vontade possa declarar sua independência. Então, quando a Declaração põe no coração da Pascendi a independência antes do agnosticismo, este é um indício de que a Declaração é antes uma parte do problema da Igreja do que de sua solução.
E de onde vem, por sua vez, essa degradação da mente e da doutrina? Principalmente de Lutero, que chamou a razão humana de “prostituta” e que, mais que qualquer outro, lançou a Cristandade no caminho sentimental para sua autodestruição hodierna. Mas isto levou todos os 500 anos? Sim, porque houve uma resistência natural e católica ao longo do caminho. Mas Lutero estava certo quando disse ao Papa que, no final, iria destruí-lo - “Pestis eram vivus, functus tua mors ero, Papa” – Na vida, fui tua peste; morto, serei tua morte, Papa”.
A este radical e gigante erro da degradação da mente e da doutrina podem ser atribuídos dois sub-erros no caso do autor da Declaração de 28 de junho: em primeiro lugar, sua má compreensão de Monsenhor Lefebvre, e, em segundo lugar, sua muito grande compreensão da Senhora Cornaz (pseudônimo Rossinière).
Como muitos de nossos seminaristas em Écône, quando o mesmo Monsenhor Lefebvre presidia lá, Bernard Fellay estava, com razão, fascinado e encantado pelo notável exemplo, ante nossos próprios olhos, de o que um sacerdote católico pode e deve ser. Mas a coluna vertebral do sacerdócio de Monsenhor e de sua heroica luta pela Fé não foi sua piedade – muitos modernistas são “piedosos” – mas sua doutrina, doutrina do eterno sacerdócio, profundamente alérgica ao liberalismo e ao modernismo. Tampouco Monsenhor disse alguma vez que sua Fraternidade salvaria a Igreja. Antes, que seus sacerdotes deveriam salvaguardar os incalculáveis tesouros da Igreja para tempos melhores.
A pessoa que realmente disse que os sacerdotes da Fraternidade salvariam a Igreja, como o Pe. Ortiz nos lembrou, foi a Senhora Cornaz, uma mãe de família de Lausanne, Suíça, cuja vida abarcou a maior parte do século XX e quem, entre 1928 e 1969, recebeu comunicações supostamente do céu sobre como os casais deveriam santificar o sacerdócio (!). As comunicações começaram novamente em 1995 (!), quando ela encontrou um sacerdote da Fraternidade a quem ela persuadiu, e, através dele, Monsenhor Fellay, de que eram os sacerdotes da FSSPX que estavam destinados pela Providência a salvar a Igreja propagando as “Moradas de Cristo Sacerdote” dela. Com toda sua autoridade, o Superior Geral apoiou seu projeto, mas a reação negativa dos sacerdotes da Fraternidade fê-lo rapidamente renunciá-lo em público. Interiormente, entretanto, terá a visão mística dela sobre o exaltado futuro da Fraternidade permanecido nele? Parece bem possível. Como Martin Luther King, o Superior Geral “tem um sonho”.
Kyrie eleison.
Traduzido por Leticia Fantin
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