Por Dom Richard Williamson
Tradução: Andrea Patrícia (blog Borboletas ao Luar)
07 de maio de 2016
Quando a Redenção é tornada tão agradável por Bento,
Então Cristo passa a ser nada mais que açúcar e condimento.
Quando, há dois meses, uma entrevista que Bento XVI deu a um padre jesuíta em outubro do ano passado foi publicada na Itália, alguns católicos equivocadamente “piedosos” entenderam que o Papa anterior estava retornando à doutrina tradicional sobre a absoluta necessidade da pertença à Igreja Católica para a salvação. Infelizmente, esta entrevista mostra, na realidade, um impenitente modernista medindo não o homem moderno pela Verdade católica, mas a Verdade pelo o que o homem moderno pode ou não pode compreender e aceitar. Para fazer justiça, o entrevistador levantou quatro questões sérias, e Bento não as evitou. Eis aqui um resumo da entrevista, cruelmente breve, mas não essencialmente injusto, com comentários acrescentados em itálico:
P: A FÉ vem através de uma comunidade, que, por sua vez, é um presente de Deus?
R: A Fé é um contato vivo e pessoal com Deus, mediado por uma comunidade viva, porque, para crer, eu preciso testemunhar Deus, isto é, a Igreja, que não é somente um conjunto de ideias (é verdade, mas um conjunto de ideias é precisamente o objetivo da fé na qual se crê. Bento compartilha do subjetivismo moderno). Por meio dos sacramentos da Igreja (de acordo com os parâmetros objetivos da Fé) eu entro em contato vivo com Cristo.
P: Pode o homem moderno compreender a JUSTIFICAÇÃO pela FÉ de Paulo? (Observem a prioridade do homem moderno.)
R: Para o homem moderno, Deus não pode deixar que a maioria dos homens sofra a eterna danação (mesmo comentário). A preocupação com a salvação pessoal desapareceu nessa maioria (então, o quê? A doutrina deve mudar?). Mas o homem moderno ainda reconhece sua própria necessidade de misericórdia, de modo que ele conhece sua própria indignidade. De fato, ele espera um amor salvador, isto é, a misericórdia de Deus, que o justifique (então, o homem peca, espera a misericórdia de Deus, e isto o justifica? Isto é puro protestantismo!). Ao contrário, a ideia clássica de Deus como o Pai que sacrifica Seu próprio Filho para satisfazer Sua própria justiça é incompreensível hoje em dia. Pois bem, o Pai e o Filho tinham a mesma vontade (mas Jesus como Deus e homem tinha duas vontades!), e o mal do mundo foi completamente superado, tal como precisava sê-lo pela participação de Deus no sofrimento do mundo, no qual o Pai e o Filho participaram da mesma forma (mas o Pai como Deus não poderia sofrer, e somente como homem poderia Cristo sofrer! Essa nova doutrina esvazia a Encarnação, a Cruz, o pecado da humanidade, a justiça de Deus, nossa Redenção! Que restou de Catolicismo?).
P: O ensino da Igreja sobre o INFERNO evoluiu nos tempos modernos?
R: “Neste ponto, estamos diante de uma profunda evolução do dogma” (sic! Mas o dogma não pode evoluir. Como um homem moderno, Bento não tem noção alguma de uma verdade não alterada nem alterável). “Depois do Vaticano II, a convicção de que os não batizados estão perdidos para sempre foi finalmente abandonada” (como se o Vaticano II pudesse mudar o ensinamento da Igreja!). Mas aí se levanta um problema – por que ainda ser cristão (boa pergunta!)? A solução de Rahner, de que todos os homens são cristãos anônimos, exclui o drama da conversão (somente “drama” – e não “absoluta necessidade”?). A solução dos pluralistas, pela qual todas as religiões são suficientes para a salvação é inadequada (de fato). A solução de De Lubac é que Cristo e a Igreja, de algum modo, substituem toda a humanidade, digamos, por crer, praticar e sofrer pela verdade. Ao menos umas poucas almas são necessárias para isto.
P: Se o mal deve ser reparado, o sacramento da CONFISSÃO o repara?
R: Cristo sozinho pode reparar o mal, mas a Confissão sempre nos coloca ao lado de Cristo.
Em vista de tal entrevista, alguém pode ainda duvidar de que os líderes da Fraternidade Sacerdotal São Pio X estejam seriamente iludidos por pensar que a Fraternidade pode se submeter com segurança a esses romanos? A partir do humanismo e do protestantismo, uma falsa visão da Redenção embebeu os ossos modernos, e desses ossos modernos, por fim, os clérigos católicos. O Vaticano II ensina e prega um Cristianismo sem a Cruz. Isto é bem popular, mas completamente falso. Que Deus tenha piedade desses clérigos.
Kyrie eleison.
Comentário Eleison 461 - Sentimentos Cristãos (07 de maio de 2016)
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