Por Dom Richard Williamson
Tradução: Cristoph Klug
14 de maio de 2016
14 de maio de 2016
Cristo mostrou que sofrer é um precioso dom.
Para as almas abatidas, eis aqui a exaltação dada por Deus.
Como pôde ocorrer ao Papa Bento XVI que Deus Pai era cruel com Deus Filho ao fazê-lo pagar pelos pecados do mundo (cf. CE da semana passada)? “Um batismo tenho para batizar-me”, diz o mesmo Filho, “e como estou em angústias ate que seja cumprido” (Lc XII, 50). Santa Teresa de Ávila queria “sofrer ou morrer”, mas Santa Maria Madalena de Pazzi queria “sofrer e não morrer”. A seguinte citação mostra a compreensão cristã do sofrimento da qual carece o moderno Bento.
A quem posso dizer o que estou sofrendo? A ninguém nesta terra, porque não é um sofrimento desta terra e ninguém no mundo entenderia. O sofrimento é uma doce espécie de dor e uma dolorosa espécie de doçura. Desejaria sofrer dez vezes, cem vezes mais. Por nada no mundo quereria que se detivesse. Mas isto não significa que não esteja sofrendo. Eu sofro como se estivesse sendo apertada pela garganta, oprimida entre as pranchas de uma prensa, queimada em um forno, perfurada no mesmo coração
Se me fosse permitido mover-me, estar por minha conta, de modo que pudesse mover-me e cantar para dar risadas soltas do que sinto dentro de mim, porque a dor se sente realmente, seria um alívio. Mas estou cravada como Jesus na Cruz. Não posso me mover nem estar por minha conta, e tenho que morder minha língua para não satisfazer a curiosidade da gente com minha doce agonia. Morder minha língua é dizer pouco. Só com um grande esforço posso controlar o impulso de deixar sair o pranto de dor e alegria sobrenatural, que brota de dentro e quer estalar com toda a força de uma chama abrasadora ou da água que sai aos borbotões.
A face de Jesus, turvada de dor quando Pilatos o mostra à multidão, atrai-me como o espetáculo de algum desastre. Ele está em frente a mim e me olha, de pé sobre os degraus do Pretório, sua cabeça coroada de espinhos, suas mãos atadas diante da veste de insensato que deu-o Herodes para o ridicularizar, mas de fato vestindo-o com uma brancura que corresponde à sua perfeita Inocência. Ele não diz nada, mas tudo n'Ele está falando, chamando-me, pedindo-me algo.
Para as almas abatidas, eis aqui a exaltação dada por Deus.
Como pôde ocorrer ao Papa Bento XVI que Deus Pai era cruel com Deus Filho ao fazê-lo pagar pelos pecados do mundo (cf. CE da semana passada)? “Um batismo tenho para batizar-me”, diz o mesmo Filho, “e como estou em angústias ate que seja cumprido” (Lc XII, 50). Santa Teresa de Ávila queria “sofrer ou morrer”, mas Santa Maria Madalena de Pazzi queria “sofrer e não morrer”. A seguinte citação mostra a compreensão cristã do sofrimento da qual carece o moderno Bento.
A quem posso dizer o que estou sofrendo? A ninguém nesta terra, porque não é um sofrimento desta terra e ninguém no mundo entenderia. O sofrimento é uma doce espécie de dor e uma dolorosa espécie de doçura. Desejaria sofrer dez vezes, cem vezes mais. Por nada no mundo quereria que se detivesse. Mas isto não significa que não esteja sofrendo. Eu sofro como se estivesse sendo apertada pela garganta, oprimida entre as pranchas de uma prensa, queimada em um forno, perfurada no mesmo coração
Se me fosse permitido mover-me, estar por minha conta, de modo que pudesse mover-me e cantar para dar risadas soltas do que sinto dentro de mim, porque a dor se sente realmente, seria um alívio. Mas estou cravada como Jesus na Cruz. Não posso me mover nem estar por minha conta, e tenho que morder minha língua para não satisfazer a curiosidade da gente com minha doce agonia. Morder minha língua é dizer pouco. Só com um grande esforço posso controlar o impulso de deixar sair o pranto de dor e alegria sobrenatural, que brota de dentro e quer estalar com toda a força de uma chama abrasadora ou da água que sai aos borbotões.
A face de Jesus, turvada de dor quando Pilatos o mostra à multidão, atrai-me como o espetáculo de algum desastre. Ele está em frente a mim e me olha, de pé sobre os degraus do Pretório, sua cabeça coroada de espinhos, suas mãos atadas diante da veste de insensato que deu-o Herodes para o ridicularizar, mas de fato vestindo-o com uma brancura que corresponde à sua perfeita Inocência. Ele não diz nada, mas tudo n'Ele está falando, chamando-me, pedindo-me algo.
Para quê? Ele está pedindo que o ame. Sei que é isso, e se lhe dói até que me sinto morrer com uma espada transpassando meu peito. Mas Ele ainda assim está me pedindo algo que eu não entendo. E desejaria entender. Não entender é uma tortura para mim. Desejaria poder lhe dar tudo o que quer, até se tivesse que padecer uma morte agonizante. E mesmo assim isso não poderia lhe dar.
Seu rosto, cheio de dor, me atrai e me fascina. Ele é tão formoso quanto é o Mestre ou quanto está Ressuscitado dentre os mortos. Mas mirando-o então me enche simplesmente de alegria, enquanto que vê-lo na dor me enche com um amor incomensurável, inigualável mesmo ao cuidado de uma mãe por sua criatura sofredora.
Sim, compreendo, o amor Compassivo é a crucificação da criatura que segue ao seu Mestre o caminho inteiro até o tormento final. É um amor tirânico, que bloqueia todo pensamento que não seja Sua dor. Já não nos pertencemos. Vivemos somente para consolar Sua tortura, e Sua tortura é nosso tormento, o qual literalmente nos mata. E mesmo assim, cada lágrima que derramamos pela dor é mais cara que uma pérola de grande valor, e cada dor Sua à qual possamos entrar é mais ambicionada que nosso tesouro.
Padre, tratei de lhe dizer o que estou padecendo, mas trato em vão. Entre todas as visões que Deus me deu, o contemplar seu sofrimento será sempre o que leva minha alma ao sétimo céu. Morrer de amor enquanto se contempla Seu sofrimento - que morte pode ser mais formosa?
Kyrie eleison.
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Seu rosto, cheio de dor, me atrai e me fascina. Ele é tão formoso quanto é o Mestre ou quanto está Ressuscitado dentre os mortos. Mas mirando-o então me enche simplesmente de alegria, enquanto que vê-lo na dor me enche com um amor incomensurável, inigualável mesmo ao cuidado de uma mãe por sua criatura sofredora.
Sim, compreendo, o amor Compassivo é a crucificação da criatura que segue ao seu Mestre o caminho inteiro até o tormento final. É um amor tirânico, que bloqueia todo pensamento que não seja Sua dor. Já não nos pertencemos. Vivemos somente para consolar Sua tortura, e Sua tortura é nosso tormento, o qual literalmente nos mata. E mesmo assim, cada lágrima que derramamos pela dor é mais cara que uma pérola de grande valor, e cada dor Sua à qual possamos entrar é mais ambicionada que nosso tesouro.
Padre, tratei de lhe dizer o que estou padecendo, mas trato em vão. Entre todas as visões que Deus me deu, o contemplar seu sofrimento será sempre o que leva minha alma ao sétimo céu. Morrer de amor enquanto se contempla Seu sofrimento - que morte pode ser mais formosa?
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