Seu distributismo [de Chesterton] não é mais do que a doutrina social da Igreja apresentada de um modo chestertoniano, caracterizando-se pela acentuação de certos pontos e não pelo conteúdo.
A ideia central é a da defesa da pequena propriedade e da pequena empresa contra o gigantismo, que já no seu tempo ameaçava a sociedade, e que no nosso tornou-se uma calamidade declarada.
Afirmava o direito à posse, não como uma concessão, mas ousadamente, como outorgado por Deus; admitia o capital enquanto indispensável reserva, mas não admitia, de modo algum, o capitalismo, porque a principal característica desse regime a seu ver está na raridade e não na abundância do capital.
O capitalismo é uma situação em que quase ninguém tem o capital e em que quase ninguém possui. Não são a existência e o uso do capital que constituem o capitalismo, é antes a sua quase inexistência ou o seu abuso.
Por isso, nos tempos de moço, teve Chesterton a ideia de rejeitar o nome de capitalismo como impróprio e contraditório, propondo em seu lugar o de pauperismo ou proletarismo já que sua principal consequência é sem dúvida a difusão da miséria e do proletarismo escravizado. Mas reconheceu que sua denominação dava lugar a certas confusões quando se referia, por exemplo, ao pauperismo de Lord Northumberland.
Voltou à designação corrente; mas de vez em quando, ao longo da sua obra, manifesta uma visível antipatia: “eu não gosto dessa palavra; é feia”.
CORÇÃO, Gustavo. Três Alqueires e Uma Vaca. Rio de Janeiro: Editora Agir, 1953. pg. 249-250.
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